Questões de Filosofia - Temática
"Apesar de sua presumida evidência, a articulação entre liberdade e igualdade é mais complicada do que parece. Sua reunião em um mesmo indivíduo, que seria, ao mesmo tempo, livre e igual a seus semelhantes, esconde tensões significativas. Como, por exemplo, alguém poderia ser livre em um contexto no qual prevalecem desigualdades aberrantes? Em contrapartida, o que resta da liberdade se os indivíduos não puderem singularizar-se e diferenciar-se uns dos outros?"
(FIGUEIREDO, V. A paixão da Igualdade: uma genealogia do indivíduo moral na França. Belo Horizonte: Relicário, p. 9, 2021.)
Escolha, dentre as alternativas a seguir, aquela que sintetiza melhor a ideia expressa na citação de Figueiredo:
INSTRUÇÃO: Leia o fragmento de texto a seguir para responder a esta questão.
“Estado violência” (Titãs)
Sinto no meu corpo
A dor que angustia
A lei ao meu redor
A lei que não queria...
Estado Violência
Estado hipocrisia
A lei que não é minha
A lei que eu não queria
[...]
Homem em silêncio
Homem na prisão
Homem no escuro
Futuro da nação
[...]
Estado Violência
Deixem-me querer
Estado Violência
Deixem-me pensar por mim
[...]
Fonte: TITÃS. Estado violência. In: Cabeça dinossauro. 1986. Disponível em: https://www.musixmatch.com/pt-br/letras/Tit%C3%A3s/Estado-viol%C3%AAncia. Acesso em: 10 out. 2023.
Sílvio Gallo, em sua obra Filosofia – experiência do pensamento, desenvolve a temática estado, sociedade e poder, e propõe uma análise a partir da letra da música Estado violência, dos Titãs. Ele escreve que “o rock dos Titãs chama a atenção para o papel do Estado nas sociedades atuais. O ‘estado violência’, como denomina a música, impõe as leis aos indivíduos e não os deixa sentir nem pensar. A filosofia também se preocupa com as funções da comunidade política e principalmente do Estado. Será que o Estado é de fato violento? Ou uma de suas funções é justamente proteger os indivíduos contra a violência?
O pensamento político dos séculos XVIII e XIX dedicou-se a criar as bases para a construção de uma nova sociedade, distinta da sociedade feudal. Retomou-se a ideia de democracia, considerada o regime político adequado aos Estados modernos”. Gallo aborda, nessa perspectiva, as ideias de contratualistas, como Thomas Hobbes e Jean-Jacques Rousseau. Analise as afirmativas a seguir sobre as ideias de Hobbes em relação à política e ao estado, considerando quais delas possuem relação com a letra dessa música dos Titãs.
I- Em “[...] estado de natureza, o homem é o lobo do homem”.
II- “Antes do contrato social não há povo, há uma multidão.”
III- “O estado de natureza foi a ‘idade de ouro’, quando os homens eram todos livres e iguais entre si, [...] vivendo em paz e harmonia.”
IV- “O homem nasceu livre, e em toda parte vive acorrentado”; “nascemos livres na natureza, mas nos aprisionamos pelas convenções sociais.”
V- “É o pacto coletivo que transforma a multidão em povo, em uma unidade política em torno de um projeto comum: a garantia da sobrevivência e do direito de propriedade.”
VI- “Com a propriedade, inicia-se o processo de acumulação de bens. Surgem as desigualdades, a escravidão, a ganância e a violência.”
Estão CORRETAS as afirmativas
A filósofa Hannah Arendt, em sua análise sobre o Mal, expõe dois tipos de pessoas e de ações. Ela toma como exemplo dois personagens da segunda guerra mundial para exemplificar tipos de ações praticadas contra o povo judeu. São: Adolf Hitler e Adolf Eichmann. Uma ação é a perseguição aos judeus que poderia não ser praticada por questão de crença e de princípios enraizados, mas, por motivos outros, fora da ação, apenas para obedecer a um comando, à regra determinada por um líder ou pelo Estado. Arendt identifica Adolf Eichmann, oficial de baixa patente do exército nazista, responsável por organizar a logística do transporte de judeus para os campos de concentração, como exemplo desse tipo de pessoa e de ação.
https://mundoeducacao.uol.com.br/biografias/hannah-arendt.htm
O tipo de Mal e a definição de ação praticados por Adolf Eichmann, de acordo com a filósofa Hannah Arendt, são, respectivamente,
Texto 1
Quantas vezes ocorreu-me sonhar, durante a noite, que estava neste lugar, que estava vestido, que estava junto ao fogo, embora estivesse inteiramente nu dentro de meu leito? [...] Pensando cuidadosamente nisso, lembro-me de ter sido muitas vezes enganado, quando dormia, por semelhantes ilusões. E, detendo-me neste pensamento, vejo tão manifestamente que não há quaisquer indícios concludentes, nem marcas assaz certas por onde se possa distinguir nitidamente a vigília do sono, que me sinto inteiramente pasmado: e meu pasmo é tal que é quase capaz de me persuadir de que estou dormindo.
(René Descartes. Obra escolhida, 1973.)
Texto 2
O cientista Jeremy Bailenson, diretor-fundador do labora- tório que estuda realidade virtual na Universidade Stanford, nos Estados Unidos, disse, em 2018, que o tempo passa- do com óculos de realidade virtual “é psicologicamente muito mais poderoso do que qualquer mídia já inventada e se prepara para transformar dramaticamente as nossas vidas. Nosso cérebro fica confuso o suficiente para entender esses sinais como realidade? Eu posso te garantir: a realidade virtual influencia. Para algumas pessoas, a ilusão é tão pode- rosa que o sistema límbico [região do cérebro envolvida com emoções e memória] delas entra em um estado de atividade intensa”.
(Shin Suzuki. “Vida no metaverso: como a realidade virtual poderá afetar a percepção do mundo ao redor”. www.bbc.com, 28.11.2021. Adaptado.)
Nesses dois textos, observa-se a problematização de uma questão clássica em filosofia, a qual corresponde à
Ao mostrar que a natureza humana é comum e que a reta razão é compreensível por todos, o jurista holandês Hugo Grotius (1583-1645) defende a hipótese de que o gênero humano nasce provido de direitos e deveres naturais que decorrem da própria capacidade de raciocínio, da própria racionalidade. Para isso, Grotius evoca um estado de natureza pacífico anterior a qualquer história para se opor ao atual estado social dos homens. Se há uma natureza primitiva anterior, o que inaugura a alta civilização é o Estado moderno.
(Ricardo Monteagudo. Filosofia política, 2012. Adaptado.)
A hipótese mencionada no excerto, sobre a constituição de formas de governos, fundamenta-se em uma visão
“Hobbes parte do estado de natureza, no qual não existiria lei, não existiria indústria humana, não existiria nada, e o homem é o lobo do próprio homem; e pelo fato de o homem ser antissocial por natureza, só se torna possível ele viver em sociedade com um Estado extremamente forte. Com Locke, a coisa é diferente. Locke diz que o homem não é um ser rebelde à vida política. No estado de natureza, mesmo com ausência de Estado, mesmo com ausência de leis, existe uma vida econômica que torna possível a integração dos indivíduos entre si. Então o Estado nasce para complementar, para tornar possível essa sociabilidade originária, que é a sociabilidade de mercado”.
TEIXEIRA, F. J. S. Liberalismo clássico e neoliberalismo: Duas faces da mesma moeda?. Curso on line, aula 02, em 12.09.2022. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=TA9MUFoRtOo&t=2009s. Acesso em: 9 out. 2022. (Texto adaptado)
Essas duas concepções políticas são