Leia a seguinte passagem de O demônio familiar.
CENA IV
EDUARDO, CARLOTINHA.
CARLOTINHA – Onde vai, mano?
EDUARDO – Vou ao Catete ver um doente; volto já.
CARLOTINHA – Eu queria falar-lhe.
EDUARDO – Quando voltar, menina.
CARLOTINHA – E por que não agora?
EDUARDO – Tenho pressa, não posso esperar. Queres ir hoje ao
Teatro Lírico?
CARLOTINHA – Não, não estou disposta.
EDUARDO – Pois representa-se uma ópera bonita. (Enche a carteira
de charutos.) Canta a Charton. Há muito tempo que não vamos
ao teatro.
ALENCAR, José de. O demônio familiar. 2. ed. Campinas: Pontes, 2003. p. 11.
O texto teatral, exemplificado pelo trecho acima, apresenta semelhanças com o texto narrativo por utilizar personagens, representar ações e marcação de tempo e espaço. No texto teatral,
Leia o fragmento apresentado a seguir.
Aquele foi provavelmente o melhor fim de semana que passaram em Minas do Camaquã, uma vila fantasmagórica perto da qual se ergue um conjunto de formações rochosas […]. Situada no sudoeste do Rio Grande do Sul, a vila se desenvolveu a partir do início do século XX, com a descoberta de jazidas de cobre, ouro e prata. […] suas casas e ruas abandonadas, cercadas de uma geografia mutilada pela extração de minérios, dão um adorável ar de fim de mundo a um recanto já naturalmente isolado.
GALERA, Daniel. Mãos de Cavalo. São Paulo: Companhia das Letras, 2006. p. 23-24.
A exploração de minérios no Brasil é tematizada em Mãos de Cavalo por meio das Minas do Camaquã (RS). Considerando a realidade representada no romance, as atividades mineradoras brasileiras e as transformações espaciais decorrentes destas, verifica-se que
Leia a parte transcrita do poema I-Juca-Pirama.
X
Um velho Timbira, coberto de glória,
Guardou a memória
Do moço guerreiro, do velho Tupi!
E à noite, nas tabas, se alguém duvidava
Do que ele contava,
Dizia prudente: – “Meninos, eu vi!”
“Eu vi o brioso no largo terreiro
Cantar prisioneiro
Seu canto de morte, que nunca esqueci:
Valente, como era, chorou sem ter pejo;
Parece que o vejo,
Que o tenho nest'hora diante de mi.
“Eu disse comigo: que infâmia d'escravo!
Pois não, era um bravo;
Valente e brioso, como ele, não vi!
E à fé que vos digo: parece-me encanto
Que quem chorou tanto,
Tivesse a coragem que tinha o Tupi!”
Assim o Timbira, coberto de glória,
Guardava a memória
Do moço guerreiro, do velho Tupi!
E à noite nas tabas, se alguém duvidava
Do que ele contava,
Tornava prudente: “Meninos, eu vi!”
DIAS, Gonçalves. I-Juca-Pirama .In:_____. I-Juca-Pirama seguido de Os Timbiras.
Porto Alegre: L&PM Pocket, 1997. p. 28.
A exemplo dos versos destacados, o poema de Gonçalves Dias é considerado épico por causa