Era sábado, dia 24 de julho de 2021, quando um grupo de jovens vestidos de preto chegou em um caminhão e começaram a jogar pneus, derramar líquido inflamável em uma estátua que fica no bairro de Santo Amaro, zona sul de São Paulo, e atearam fogo. Imediatamente, os meios de comunicação noticiaram que a estátua de Borba Gato havia sido incendiada. A autoria do ato foi reivindicada pelo grupo Revolução Periférica, que postou imagens da ação nas redes sociais.
Nessas mesmas redes sociais, emergiu um debate intenso sobre a legitimidade da ação. Alguns eram contra e outros a favor. Esse não é um fato isolado no Brasil, muito menos no mundo, sobretudo no que diz respeito à ligação desses monumentos com a escravidão moderna. [...] Em entrevista ao podcast Café da Manhã, da Folha de S. Paulo, a historiadora e antropóloga Lilia Schwarcz afirma que essa imagem do bandeirante, ou sertanista, nasce em um contexto muito específico da história brasileira, que data do final do Império, início da República, com a criação do Instituto Histórico e Geográfico de São Paulo – IHGSP.
Na busca pela construção de uma identidade para a cidade de São Paulo e para os paulistanos, o instituto se apropriou da imagem dos bandeirantes do século XVIII, do contexto da mineração, fez uma releitura a partir do século XX e os transformou em sinônimo de coragem, espírito empreendedor e produtor de riqueza, características essas que seriam inerentes ao povo paulista.
(BORBA Gato e as disputas pelas identidades e memórias do país. Disponível em: https://cjt.ufmg.br/2021/08/04/borba-gato-e-as-disputas-pela-identidadese-memorias-do-pais/. Acesso em: 06 set. 2021. Adaptado.)
Após a análise do texto e da imagem, podemos afirmar que a ação do grupo Revolução Periférica questionou