Um dos traços do estilo de Guimarães Rosa diz respeito à adoção de uma linguagem proverbial. Assinale a alternativa em que a frase desse autor veicula uma mensagem semelhante à do provérbio “Depois da tempestade, vem a bonança”.
Inteligência animal
O homem é o único animal que [ ]. O espaço entre os colchetes já foi preenchido por hipóteses para todos os gostos. “Usa ferramentas”, “desenvolve e transmite cultura”, “imagina o futuro”, “compreende o que se passa em outras mentes”, “usa sintaxe” são algumas das mais recentes. Todas elas acabaram sendo descartadas por evidências empíricas, à medida que os cientistas, particularmente os etólogos1, foram sofisticando os experimentos pelos quais acessam e avaliam a inteligência animal. Talvez já seja hora de aposentar a fórmula “o homem é o único animal que...”.
Essa é a tese que o primatologista Frans de Waal defende com ardor em Are We Smart Enough to Know How Smart Animals Are? (Somos espertos o suficiente para saber quão espertos são os animais?). Como em outros livros do autor, ele nos inunda com histórias incríveis de façanhas intelectuais de bichos. Conta que polvos usam casacas de coco como ferramenta, que elefantes são capazes de distinguir idiomas humanos, que macacos japoneses aprenderam a lavar batatas doces com água e passaram a técnica às gerações seguintes. A isso se somam as evidências de que chimpanzés fazem política e até pagam propinas a aliados, sem mencionar os corvos, que estão se revelando verdadeiros Einsteins do reino animal.
(www.folha.uol.com.br. Adaptado.)
1 etólogo: estudioso do comportamento social e individual dos animais em seu hábitat natural.
Considere as relações de sentido estabelecidas entre os períodos do primeiro parágrafo:
1 – “Usa ferramentas”, “desenvolve e transmite cultura”, “imagina o futuro”, “compreende o que se passa em outras mentes”, “usa sintaxe” são algumas das mais recentes.
2 – Todas elas acabaram sendo descartadas por evidências empíricas, à medida que os cientistas, particularmente os etólogos, foram sofisticando os experimentos pelos quais acessam e avaliam a inteligência animal.
3 – Talvez já seja hora de aposentar a fórmula “o homem é o único animal que...”.
Para preservar a coesão e a coerência do texto original, os conectivos que devem iniciar, respectivamente, os períodos 2 e 3 são:
Inteligência animal
O homem é o único animal que [ ]. O espaço entre os colchetes já foi preenchido por hipóteses para todos os gostos. “Usa ferramentas”, “desenvolve e transmite cultura”, “imagina o futuro”, “compreende o que se passa em outras mentes”, “usa sintaxe” são algumas das mais recentes. Todas elas acabaram sendo descartadas por evidências empíricas, à medida que os cientistas, particularmente os etólogos1, foram sofisticando os experimentos pelos quais acessam e avaliam a inteligência animal. Talvez já seja hora de aposentar a fórmula “o homem é o único animal que...”.
Essa é a tese que o primatologista Frans de Waal defende com ardor em Are We Smart Enough to Know How Smart Animals Are? (Somos espertos o suficiente para saber quão espertos são os animais?). Como em outros livros do autor, ele nos inunda com histórias incríveis de façanhas intelectuais de bichos. Conta que polvos usam casacas de coco como ferramenta, que elefantes são capazes de distinguir idiomas humanos, que macacos japoneses aprenderam a lavar batatas doces com água e passaram a técnica às gerações seguintes. A isso se somam as evidências de que chimpanzés fazem política e até pagam propinas a aliados, sem mencionar os corvos, que estão se revelando verdadeiros Einsteins do reino animal.
(www.folha.uol.com.br. Adaptado.)
1 etólogo: estudioso do comportamento social e individual dos animais em seu hábitat natural.
Quanto à caracterização do processo de formação de palavras, está correto o que se afirma em:
Assinale a alternativa cuja frase está escrita em conformidade com a norma-padrão da língua portuguesa.
Leia a tira de Allan Sieber.
O uso do termo “Paradoxos”, no título da tira, explica-se pelo fato de que
Começo declarando que me chamo Paulo Honório, peso oitenta e nove quilos e completei cinquenta anos pelo S. Pedro. A idade, o peso, as sobrancelhas cerradas e grisalhas, este rosto vermelho e cabeludo têm-me rendido muita consideração. Quando me faltavam estas qualidades, a consideração era menor.
Para falar com franqueza, o número de anos assim positivo e a data de S. Pedro são convencionais: adoto-os porque estão no livro de assentamentos de batizados da freguesia. Possuo a certidão, que menciona padrinhos, mas não menciona pai nem mãe. Provavelmente eles tinham motivos para não desejarem ser conhecidos. Não posso, portanto, festejar com exatidão o meu aniversário. Em todo o caso, se houver diferença, não deve ser grande: mês a mais ou mês a menos. Isto não vale nada: acontecimentos importantes estão nas mesmas condições.
Sou, pois, o iniciador de uma família, o que, se por um lado me causa alguma decepção, por outro lado me livra da maçada de suportar parentes pobres, indivíduos que de ordinário escorregam com uma sem-vergonheza da peste na intimidade dos que vão trepando1.
Se tentasse contar-lhes a minha meninice, precisava mentir. Julgo que rolei por aí à toa. Lembro-me de um cego que me puxava as orelhas e da velha Margarida, que vendia doces. O cego desapareceu. A velha Margarida mora aqui em S. Bernardo, numa casinha limpa, e ninguém a incomoda. Custa-me dez mil-réis por semana, quantia suficiente para compensar o bocado que me deu. Tem um século, e qualquer dia destes compro-lhe mortalha e mando enterrá-la perto do altar-mor da capela.
(S. Bernardo, 2012.)
1 trepar: elevar-se (a posição social, cargo etc.) mais altos.
Com relação às suas origens, no excerto, Paulo Honório se mostra