Considere a ilustração e o texto a seguir.
Esaú e Jacó
“Aos sete anos eram duas obras-primas, ou antes uma só em dois volumes, como quiseres. Em verdade, não havia por toda aquela praia, nem por Flamengos ou Glórias, Cajus e outras redondezas, não havia uma, quanto mais duas crianças tão graciosas. Nota que eram também robustos. Pedro com um murro derrubava Paulo; em compensação, Paulo com um pontapé deitava Pedro ao chão. Corriam muito na chácara por aposta. Alguma vez quiseram trepar às árvores, mas a mãe não consentia; não era bonito. Contentavam-se de espiar cá de baixo a fruta. Paulo era mais agressivo, Pedro mais dissimulado, e, como ambos acabavam por comer a fruta das árvores, era um moleque que a ia buscar acima, fosse a cascudo de um ou com promessa de outro. A promessa não se cumpria nunca; o cascudo, por ser antecipado, cumpria-se sempre, e às vezes com repetição depois do serviço. Não digo com isto que um e outro dos gêmeos não soubessem agredir e dissimular; a diferença é que cada um sabia melhor o seu gosto, coisa tão óbvia que custa escrever.”
ASSIS, Machado de. Esaú e Jacó. São Paulo: Mérito, 1962. p. 77-78.
No trecho lido, é possível notar o cuidado do narrador em estabelecer um paralelo comparativo entre os irmãos Pedro e Paulo, atitude que permeia toda a narrativa dessa obra de Machado de Assis. O conflito entre os dois irmãos foi a fórmula utilizada por Machado para transformar em alegoria um importante período histórico brasileiro.
Qual é esse período?