TEXTO 1
UNIVERSIDADE E PAIXÕES
[1] Ainda existe na universidade a ideia de que a paixão se opõe à lógica. Esta tem cidadania nas relações e
atividades acadêmicas; aquela, não. Portanto, pretende-se apresentar a universidade como um universo
despassionalizado1, em que dominam a impessoalidade, a objetividade, os critérios de mérito, a
argumentação lógica. Deseja-se lançar a paixão na esfera dos assuntos privados.
[5] No entanto, à medida que a paixão movimenta os seres humanos à ação, não pode estar ausente da vida
acadêmica, não pode deixar de definir as relações do eu com a instituição em que vive, não pode estar
ausente das interações sociais. Na verdade, o que precisaria impulsionar a pesquisa deveria ser a
curiosidade, o que necessitaria presidir ao ensino seria o entusiasmo.
No entanto, há muito tempo esses estados passionais desertaram das salas e dos corredores da academia. A
[10] curiosidade, definida por um querer saber, deveria ser modulada por um clímax de intensidade e por um
máximo de extensidade2. Na realidade, os critérios burocráticos de produtividade estão levando a nenhuma
curiosidade e ao encerramento em especialidades cada vez mais restritas. À medida que os pesquisadores
vão se tornando cada vez mais especialistas, não têm nenhuma amplitude intelectual e passam a ver os
pontos de vista teóricos com que trabalham como a verdade, que explica o objeto em toda a sua
[15] complexidade[...]
No entanto, os afetos marcam profundamente as relações acadêmicas. Não se trata do companheirismo ou
da benevolência. O que governa a vida universitária são as paixões da morte: hostilidades, rancores, invejas,
ressentimentos... Essa é a parte sombria da universidade.
Nas relações acadêmicas, o Eros3 está completamente ausente e o Thanatos4 reina triunfante. E o sentimento
[20] que domina tudo é o ressentimento.[...]
(Adaptado de: FIORIN, J. L. Semiotics of passions: resentment. São Paulo: Alfa, v. 51, n. 1, p. 9-22, 2007).
No que se refere à Tipologia e ao GêneroTextual, analise as afirmativas:
I. Trata-se de um texto predominantemente dissertativo-argumentativo.
II. A predominância da conjunção “No entanto”, nos 2o, 3o e 4o parágrafos, é usada como recurso argumentativo para enfatizar a ideia de oposição.
III. Há predominância de verbos no presente do modo indicativo.
De acordo com as afirmações acima, pode-se afirmar que está correto o que se afirma em