Para a biodiversidade, a floresta é boa inteira e não em pedaços
Sobrevoar áreas de produção agropecuária revela, em diversas regiões do país, uma colcha de retalhos: são grandes trechos de lavouras e pastos entrecortados aqui e ali por porções de florestas, que toda propriedade rural deve manter – as reservas legais –, mais as áreas de preservação permanente, que protegem corpos d’água e topos de morro.
O efeito prático desse modelo de ocupação da terra é a chamada fragmentação, quando as porções de florestas não se conectam. Esse é um dos mais graves choques impostos aos ambientes naturais, que tendem a ter sua riqueza diminuída ou até eventualmente eliminada.
Mais do que o impacto visual, a fragmentação prejudica a vida de animais e de plantas, impedindo o fluxo gênico entre as espécies, a oferta de água, ao não proteger os cursos por inteiro, a regulação do clima e outros serviços oferecidos gratuitamente por áreas conservadas.
O novo Código Florestal, em vigor desde 2012, abre excelentes oportunidades para mudanças nesse cenário. Bastaria que, na validação dos Cadastros Ambientais Rurais obrigatórios de propriedades e de posses rurais, fosse estimulada a recuperação e a união desses fragmentos de florestas, entre si e entre Parques Nacionais, terras indígenas e quilombolas, áreas militares e outras áreas protegidas.
A formação dessas “rodovias verdes” ajudaria na preservação da biodiversidade; além disso, ampliaria a oferta de água, beneficiando a produção no campo e melhorando a vida das pessoas.
(Aldem Bourscheit. http://epoca.globo.com. Adaptado.)
O enunciado escrito de acordo com as regras de concordância da norma-padrão da língua portuguesa é: