Na obra Chico Buarque: o poeta das mulheres, dos desvalidos e dos perseguidos, o crítico literário Rinaldo de Fernandes faz a seguinte afirmação:
"Chico, bem no início de sua carreira, foi tido como "a única unanimidade nacional", conforme frase conhecida de Millôr Fernandes. Nesse momento a imagem que fica dele é a do "bom moço", do menino que toda família quer ter (...).Depois, nos anos 1970, ele se torna um emblema de resistência à ditadura. E passa a ser o artista mais perseguido pela censura do governo militar".
A partir da afirmação acima, estabeleça relações entre dados da biografia de Chico Buarque e da bioficção O irmão alemão, indicando V para as afirmações verdadeiras e F para as falsas.
( ) Do mesmo modo que centenas de outros artistas brasileiros, Chico Buarque viveu a experiência do exílio em 1969, refugiando-se na Itália para escapar da perseguição do governo militar, como também aconteceu com o personagem Sergio Hollander, e passou então a adotar o pseudônimo Julinho de Adelaide, uma espécie de "eu-lírico" responsável pela composição de alguns sambas.
( ) Chico Buarque escreveu algumas das mais importantes obras da dramaturgia brasileira, a exemplo de Roda Viva e Calabar, ambas censuradas pelo regime ditatorial, e Gota d'água, em parceria com Paulo Pontes, talentoso dramaturgo nascido na cidade de Campina Grande/PB, que tem um teatro com seu nome. Em O irmão alemão, Paulo Pontes é homenageado através do personagem Christian Beauregard, também autor e diretor de diversas peças censuradas durante a ditadura.
( ) Em O irmão alemão, Chico Buarque apresenta cenas que revelam o vasto poder de cerceamento da liberdade de expressão imposto pela ditadura da qual ele foi uma das principais vítimas no meio artístico. Em uma delas, o personagem Christian adverte Francisco dizendo que "boa parte dos garçons, porteiros e choferes de táxi da cidade são informantes da polícia, para quem o mero conhecimento da língua russa pode ser comprometedor".
( ) A casa da família Hollander era uma enorme biblioteca, abrigando milhares de livros por todos os seus cômodos. No lugar mais reservado da casa, o quarto do casal, espaço "quase estrangeiro" até para os filhos, Sergio guardava obras de Marx, Engels, Trótski e Gramsci. Este fato é importante para entendimento da situação conflitante de muitos dos principais intelectuais e artistas brasileiros nos anos 60: tinham livros sobre socialismo e comunismo à cabeceira da cama, posicionavam-se como pensadores ou ativistas de esquerda, e viviam amedrontados com a possibilidade de serem vítimas das forças repressivas do regime militar.
( ) O golpe militar brasileiro aconteceu em 1964, mas só em 1969 Chico Buarque passou à condição de exilado político. Semelhante situação viveram milhares de estudante e professores, a grande maioria sem nenhuma participação política e sem ligações com o meio artístico. Nas universidades, o sentimento predominante era o de medo, como podemos perceber através do seguinte trecho de O irmão alemão: "... alguns professores foram afastados, outros se demitiram em solidariedade, fora os que sumiram, fugiram do país. Muitos alunos também largaram o curso, e persiste um clima de apreensão no meio universitário desde os acontecimentos de 1968, quando o regime endureceu de vez".
( ) Autor dos romances Budapeste, Leite Derramado, Estorvo e Benjamim, todos aclamados por críticos de arte nacionais e internacionais, em seu último romance, O irmão alemão, Chico Buarque abandona o engajamento político marcante de toda a sua careira como poeta e como ficcionista, que o fez ser "o artista mais perseguido pela censura do governo militar", e adota pela primeira vez os traços característicos da literatura introspectiva ao escrever uma autoficção centrada essencialmente nos fatos restritos à vida privada dos Buarque de Holanda.
A sequência correta é