Os avanços das tecnologias biomédicas apresentam grandes benefícios à população, porém geram algumas
situações preocupantes. Pesquisas comprovaram que crianças de até 15 anos, submetidas a doses de radiação
provenientes de duas a três tomografias na região da cabeça, podem triplicar os riscos de câncer no cérebro.
Fonte: Ciência Hoje, n. 294, julho de 2012, p. 13. (Adaptado)
De acordo com o texto, pode-se afirmar que
A questão refere-se ao texto abaixo.
Mulheres...
Graciliano Ramos
[01] _____ (1) alguns dias, percorrendo _____ (2) salas dum ministério para tratar de certo negócio terrivelmente
[02] embrulhado, desses que dão aneurismas e cabelos brancos, eu e um amigo encontramos numerosas funcionárias
[03] bonitas. Uma delas forneceu-nos informações bastante vagas: deu-nos dois ou três números e, com os olhos
[04] redondos e úmidos, que um ligeiro estrabismo entortava, pareceu indicar a direção do lugar _____ (3) os nossos
[05] papéis deviam estar.
[06] Corremos a outro ministério e vimos várias senhoras difíceis entregues a trabalhos incompreensíveis. Não
[07] achamos os nossos papéis, é claro. Andamos em departamentos diferentes, voltamos ao primeiro ministério, ao
[08] segundo, tornamos a voltar, percorremos infinitos canais competentes – e em toda a parte esbarramos com
[09] senhoras atarefadas, que executavam operações estranhas, usavam uma linguagem desesperadamente confusa e
[10] recebiam indiferentes as nossas queixas e os nossos rogos.
[11] Com o coração grosso e indignado, resolvi abandonar esse negócio infeliz e fui deitar uma carta ao correio.
[12] Tomei lugar na fila, mas antes que chegasse a minha vez a mulher que vendia selos deixou o guichê. Esperei uma
[13] eternidade a volta dela e fui-me aproximando devagar, na fila. A carta foi pesada, o selo comprado e uma moeda
[14] falsa recebida no troco.
[15] Marchei para o guichê dos registrados, onde uma espécie de mulher portadora de óculos e bastante idade se
[16] mexia como uma figura de câmara lenta.
[17] Enquanto me arrastava seguindo os desgraçados que ali estavam sofrendo como eu, pensei nas deputadas,
[18] nas telefonistas, na professora primária que me atormentava e nos versos de certa poetisa que em vão tento
[19] esquecer. Evidentemente nenhuma dessas pessoas, deputadas, telefonistas, professora e poetisa, tinha culpa de
[20] haverem corrido mal meus negócios nos ministérios, nenhuma me dera moeda falsa, e era estupidez
[21] responsabilizá-las pela preguiça da mulher do registrado. Mas relacionei todas e julguei perceber os motivos de
[22] certos hábitos novos.
[23] Antigamente, quando uma senhora entrava num carro cheio, havia sempre sujeitos que se levantavam. Hoje,
[24] nos trens da Central, elas viajam espremidas como numa lata de sardinhas.
[25] Ninguém fumava nos primeiros bancos dos bondes. Ainda existe a proibição num aviso gasto e metrificado,
[26] que tem o mesmo valor dos alexandrinos1: ninguém o lê. A autoridade do condutor ficou muito reduzida, e o letreiro
[27] proibitivo tornou-se lei como as outras, artigo de regulamento.
[28] Há pouco tempo uma senhora declarou num romance que as mulheres são diferentes dos homens. É claro.
[29] Mas, apesar da diferença, elas se tornaram nossas concorrentes, e concorrentes temíveis. Eu queria ver um
[30] examinador que tivesse a coragem de reprovar aquela moça de olhos redondos, úmidos e ligeiramente estrábicos,
[31] que encontrei um dia destes no corredor do ministério. Só se ele fosse cego.
[32] O Sr. Plínio Salgado quer acabar com os banhos de mar, porque as pernas das mulheres se descobrem
[33] neles. Não vale a pena. São pernas de concorrentes, para bem dizer nem são pernas. Pensa que temos lá tempo de
[34] pensar nessas coisas? Tinha graça que, nos banhos de mar, fôssemos espiar as canelas da moça de olhos
[35] estrábicos ou as da mulher que nos impingiu uma moeda falsa. Não olhamos. Se elas chegarem perto do estribo do
[36] bonde cheio, ficaremos sentados porque pagamos passagem e temos o direito de ficar sentados. Isto. Somos pouco
[37] mais ou menos iguais, apesar da afirmação da mulher do romance. Vão no estribo, se quiserem, de pingente. Ou
[38] fiquem junto ao poste. Vão para o diabo. É isto. Concorrentes, inimigas. Ou amigas. Dá tudo no mesmo.
Fonte: RAMOS, Graciliano. Garranchos. Organização de Thiago Mio Salla. Rio de Janeiro: Record, 2012. p. 160-2. (Adaptado) _____________________________
1 O termo alexandrinos refere-se à poesia produzida em estrutura arcaica, com versos de 12 sílabas.
Assinale a alternativa que completa correta e respectivamente as lacunas (1, 2 e 3) no primeiro parágrafo do texto.
A questão refere-se ao texto abaixo.
Mulheres...
Graciliano Ramos
[01] _____ (1) alguns dias, percorrendo _____ (2) salas dum ministério para tratar de certo negócio terrivelmente
[02] embrulhado, desses que dão aneurismas e cabelos brancos, eu e um amigo encontramos numerosas funcionárias
[03] bonitas. Uma delas forneceu-nos informações bastante vagas: deu-nos dois ou três números e, com os olhos
[04] redondos e úmidos, que um ligeiro estrabismo entortava, pareceu indicar a direção do lugar _____ (3) os nossos
[05] papéis deviam estar.
[06] Corremos a outro ministério e vimos várias senhoras difíceis entregues a trabalhos incompreensíveis. Não
[07] achamos os nossos papéis, é claro. Andamos em departamentos diferentes, voltamos ao primeiro ministério, ao
[08] segundo, tornamos a voltar, percorremos infinitos canais competentes – e em toda a parte esbarramos com
[09] senhoras atarefadas, que executavam operações estranhas, usavam uma linguagem desesperadamente confusa e
[10] recebiam indiferentes as nossas queixas e os nossos rogos.
[11] Com o coração grosso e indignado, resolvi abandonar esse negócio infeliz e fui deitar uma carta ao correio.
[12] Tomei lugar na fila, mas antes que chegasse a minha vez a mulher que vendia selos deixou o guichê. Esperei uma
[13] eternidade a volta dela e fui-me aproximando devagar, na fila. A carta foi pesada, o selo comprado e uma moeda
[14] falsa recebida no troco.
[15] Marchei para o guichê dos registrados, onde uma espécie de mulher portadora de óculos e bastante idade se
[16] mexia como uma figura de câmara lenta.
[17] Enquanto me arrastava seguindo os desgraçados que ali estavam sofrendo como eu, pensei nas deputadas,
[18] nas telefonistas, na professora primária que me atormentava e nos versos de certa poetisa que em vão tento
[19] esquecer. Evidentemente nenhuma dessas pessoas, deputadas, telefonistas, professora e poetisa, tinha culpa de
[20] haverem corrido mal meus negócios nos ministérios, nenhuma me dera moeda falsa, e era estupidez
[21] responsabilizá-las pela preguiça da mulher do registrado. Mas relacionei todas e julguei perceber os motivos de
[22] certos hábitos novos.
[23] Antigamente, quando uma senhora entrava num carro cheio, havia sempre sujeitos que se levantavam. Hoje,
[24] nos trens da Central, elas viajam espremidas como numa lata de sardinhas.
[25] Ninguém fumava nos primeiros bancos dos bondes. Ainda existe a proibição num aviso gasto e metrificado,
[26] que tem o mesmo valor dos alexandrinos1: ninguém o lê. A autoridade do condutor ficou muito reduzida, e o letreiro
[27] proibitivo tornou-se lei como as outras, artigo de regulamento.
[28] Há pouco tempo uma senhora declarou num romance que as mulheres são diferentes dos homens. É claro.
[29] Mas, apesar da diferença, elas se tornaram nossas concorrentes, e concorrentes temíveis. Eu queria ver um
[30] examinador que tivesse a coragem de reprovar aquela moça de olhos redondos, úmidos e ligeiramente estrábicos,
[31] que encontrei um dia destes no corredor do ministério. Só se ele fosse cego.
[32] O Sr. Plínio Salgado quer acabar com os banhos de mar, porque as pernas das mulheres se descobrem
[33] neles. Não vale a pena. São pernas de concorrentes, para bem dizer nem são pernas. Pensa que temos lá tempo de
[34] pensar nessas coisas? Tinha graça que, nos banhos de mar, fôssemos espiar as canelas da moça de olhos
[35] estrábicos ou as da mulher que nos impingiu uma moeda falsa. Não olhamos. Se elas chegarem perto do estribo do
[36] bonde cheio, ficaremos sentados porque pagamos passagem e temos o direito de ficar sentados. Isto. Somos pouco
[37] mais ou menos iguais, apesar da afirmação da mulher do romance. Vão no estribo, se quiserem, de pingente. Ou
[38] fiquem junto ao poste. Vão para o diabo. É isto. Concorrentes, inimigas. Ou amigas. Dá tudo no mesmo.
Fonte: RAMOS, Graciliano. Garranchos. Organização de Thiago Mio Salla. Rio de Janeiro: Record, 2012. p. 160-2. (Adaptado) _____________________________
1 O termo alexandrinos refere-se à poesia produzida em estrutura arcaica, com versos de 12 sílabas.
As expressões alguns (linha 01), dum (linha 01), certo (linha 01) e um (linha 02)
A questão refere-se ao texto abaixo.
Mulheres...
Graciliano Ramos
[01] _____ (1) alguns dias, percorrendo _____ (2) salas dum ministério para tratar de certo negócio terrivelmente
[02] embrulhado, desses que dão aneurismas e cabelos brancos, eu e um amigo encontramos numerosas funcionárias
[03] bonitas. Uma delas forneceu-nos informações bastante vagas: deu-nos dois ou três números e, com os olhos
[04] redondos e úmidos, que um ligeiro estrabismo entortava, pareceu indicar a direção do lugar _____ (3) os nossos
[05] papéis deviam estar.
[06] Corremos a outro ministério e vimos várias senhoras difíceis entregues a trabalhos incompreensíveis. Não
[07] achamos os nossos papéis, é claro. Andamos em departamentos diferentes, voltamos ao primeiro ministério, ao
[08] segundo, tornamos a voltar, percorremos infinitos canais competentes – e em toda a parte esbarramos com
[09] senhoras atarefadas, que executavam operações estranhas, usavam uma linguagem desesperadamente confusa e
[10] recebiam indiferentes as nossas queixas e os nossos rogos.
[11] Com o coração grosso e indignado, resolvi abandonar esse negócio infeliz e fui deitar uma carta ao correio.
[12] Tomei lugar na fila, mas antes que chegasse a minha vez a mulher que vendia selos deixou o guichê. Esperei uma
[13] eternidade a volta dela e fui-me aproximando devagar, na fila. A carta foi pesada, o selo comprado e uma moeda
[14] falsa recebida no troco.
[15] Marchei para o guichê dos registrados, onde uma espécie de mulher portadora de óculos e bastante idade se
[16] mexia como uma figura de câmara lenta.
[17] Enquanto me arrastava seguindo os desgraçados que ali estavam sofrendo como eu, pensei nas deputadas,
[18] nas telefonistas, na professora primária que me atormentava e nos versos de certa poetisa que em vão tento
[19] esquecer. Evidentemente nenhuma dessas pessoas, deputadas, telefonistas, professora e poetisa, tinha culpa de
[20] haverem corrido mal meus negócios nos ministérios, nenhuma me dera moeda falsa, e era estupidez
[21] responsabilizá-las pela preguiça da mulher do registrado. Mas relacionei todas e julguei perceber os motivos de
[22] certos hábitos novos.
[23] Antigamente, quando uma senhora entrava num carro cheio, havia sempre sujeitos que se levantavam. Hoje,
[24] nos trens da Central, elas viajam espremidas como numa lata de sardinhas.
[25] Ninguém fumava nos primeiros bancos dos bondes. Ainda existe a proibição num aviso gasto e metrificado,
[26] que tem o mesmo valor dos alexandrinos1: ninguém o lê. A autoridade do condutor ficou muito reduzida, e o letreiro
[27] proibitivo tornou-se lei como as outras, artigo de regulamento.
[28] Há pouco tempo uma senhora declarou num romance que as mulheres são diferentes dos homens. É claro.
[29] Mas, apesar da diferença, elas se tornaram nossas concorrentes, e concorrentes temíveis. Eu queria ver um
[30] examinador que tivesse a coragem de reprovar aquela moça de olhos redondos, úmidos e ligeiramente estrábicos,
[31] que encontrei um dia destes no corredor do ministério. Só se ele fosse cego.
[32] O Sr. Plínio Salgado quer acabar com os banhos de mar, porque as pernas das mulheres se descobrem
[33] neles. Não vale a pena. São pernas de concorrentes, para bem dizer nem são pernas. Pensa que temos lá tempo de
[34] pensar nessas coisas? Tinha graça que, nos banhos de mar, fôssemos espiar as canelas da moça de olhos
[35] estrábicos ou as da mulher que nos impingiu uma moeda falsa. Não olhamos. Se elas chegarem perto do estribo do
[36] bonde cheio, ficaremos sentados porque pagamos passagem e temos o direito de ficar sentados. Isto. Somos pouco
[37] mais ou menos iguais, apesar da afirmação da mulher do romance. Vão no estribo, se quiserem, de pingente. Ou
[38] fiquem junto ao poste. Vão para o diabo. É isto. Concorrentes, inimigas. Ou amigas. Dá tudo no mesmo.
Fonte: RAMOS, Graciliano. Garranchos. Organização de Thiago Mio Salla. Rio de Janeiro: Record, 2012. p. 160-2. (Adaptado) _____________________________
1 O termo alexandrinos refere-se à poesia produzida em estrutura arcaica, com versos de 12 sílabas.
As expressões senhoras difíceis (linha 06), coração grosso e indignado (linha 11) e deitar uma carta ao
correio (linha 11) são usadas com uma linguagem __________ (1) e poderiam significar, sem prejuízo ao sentido empregado no texto, respectivamente, __________ (2), __________ (3) e __________ (4).
Assinale a alternativa que melhor completa as lacunas acima, conforme a numeração.
A questão refere-se ao texto abaixo.
Mulheres...
Graciliano Ramos
[01] _____ (1) alguns dias, percorrendo _____ (2) salas dum ministério para tratar de certo negócio terrivelmente
[02] embrulhado, desses que dão aneurismas e cabelos brancos, eu e um amigo encontramos numerosas funcionárias
[03] bonitas. Uma delas forneceu-nos informações bastante vagas: deu-nos dois ou três números e, com os olhos
[04] redondos e úmidos, que um ligeiro estrabismo entortava, pareceu indicar a direção do lugar _____ (3) os nossos
[05] papéis deviam estar.
[06] Corremos a outro ministério e vimos várias senhoras difíceis entregues a trabalhos incompreensíveis. Não
[07] achamos os nossos papéis, é claro. Andamos em departamentos diferentes, voltamos ao primeiro ministério, ao
[08] segundo, tornamos a voltar, percorremos infinitos canais competentes – e em toda a parte esbarramos com
[09] senhoras atarefadas, que executavam operações estranhas, usavam uma linguagem desesperadamente confusa e
[10] recebiam indiferentes as nossas queixas e os nossos rogos.
[11] Com o coração grosso e indignado, resolvi abandonar esse negócio infeliz e fui deitar uma carta ao correio.
[12] Tomei lugar na fila, mas antes que chegasse a minha vez a mulher que vendia selos deixou o guichê. Esperei uma
[13] eternidade a volta dela e fui-me aproximando devagar, na fila. A carta foi pesada, o selo comprado e uma moeda
[14] falsa recebida no troco.
[15] Marchei para o guichê dos registrados, onde uma espécie de mulher portadora de óculos e bastante idade se
[16] mexia como uma figura de câmara lenta.
[17] Enquanto me arrastava seguindo os desgraçados que ali estavam sofrendo como eu, pensei nas deputadas,
[18] nas telefonistas, na professora primária que me atormentava e nos versos de certa poetisa que em vão tento
[19] esquecer. Evidentemente nenhuma dessas pessoas, deputadas, telefonistas, professora e poetisa, tinha culpa de
[20] haverem corrido mal meus negócios nos ministérios, nenhuma me dera moeda falsa, e era estupidez
[21] responsabilizá-las pela preguiça da mulher do registrado. Mas relacionei todas e julguei perceber os motivos de
[22] certos hábitos novos.
[23] Antigamente, quando uma senhora entrava num carro cheio, havia sempre sujeitos que se levantavam. Hoje,
[24] nos trens da Central, elas viajam espremidas como numa lata de sardinhas.
[25] Ninguém fumava nos primeiros bancos dos bondes. Ainda existe a proibição num aviso gasto e metrificado,
[26] que tem o mesmo valor dos alexandrinos1: ninguém o lê. A autoridade do condutor ficou muito reduzida, e o letreiro
[27] proibitivo tornou-se lei como as outras, artigo de regulamento.
[28] Há pouco tempo uma senhora declarou num romance que as mulheres são diferentes dos homens. É claro.
[29] Mas, apesar da diferença, elas se tornaram nossas concorrentes, e concorrentes temíveis. Eu queria ver um
[30] examinador que tivesse a coragem de reprovar aquela moça de olhos redondos, úmidos e ligeiramente estrábicos,
[31] que encontrei um dia destes no corredor do ministério. Só se ele fosse cego.
[32] O Sr. Plínio Salgado quer acabar com os banhos de mar, porque as pernas das mulheres se descobrem
[33] neles. Não vale a pena. São pernas de concorrentes, para bem dizer nem são pernas. Pensa que temos lá tempo de
[34] pensar nessas coisas? Tinha graça que, nos banhos de mar, fôssemos espiar as canelas da moça de olhos
[35] estrábicos ou as da mulher que nos impingiu uma moeda falsa. Não olhamos. Se elas chegarem perto do estribo do
[36] bonde cheio, ficaremos sentados porque pagamos passagem e temos o direito de ficar sentados. Isto. Somos pouco
[37] mais ou menos iguais, apesar da afirmação da mulher do romance. Vão no estribo, se quiserem, de pingente. Ou
[38] fiquem junto ao poste. Vão para o diabo. É isto. Concorrentes, inimigas. Ou amigas. Dá tudo no mesmo.
Fonte: RAMOS, Graciliano. Garranchos. Organização de Thiago Mio Salla. Rio de Janeiro: Record, 2012. p. 160-2. (Adaptado) _____________________________
1 O termo alexandrinos refere-se à poesia produzida em estrutura arcaica, com versos de 12 sílabas.
O travessão usado na linha 08 do texto tem a função de
A questão refere-se ao texto abaixo.
Mulheres...
Graciliano Ramos
[01] _____ (1) alguns dias, percorrendo _____ (2) salas dum ministério para tratar de certo negócio terrivelmente
[02] embrulhado, desses que dão aneurismas e cabelos brancos, eu e um amigo encontramos numerosas funcionárias
[03] bonitas. Uma delas forneceu-nos informações bastante vagas: deu-nos dois ou três números e, com os olhos
[04] redondos e úmidos, que um ligeiro estrabismo entortava, pareceu indicar a direção do lugar _____ (3) os nossos
[05] papéis deviam estar.
[06] Corremos a outro ministério e vimos várias senhoras difíceis entregues a trabalhos incompreensíveis. Não
[07] achamos os nossos papéis, é claro. Andamos em departamentos diferentes, voltamos ao primeiro ministério, ao
[08] segundo, tornamos a voltar, percorremos infinitos canais competentes – e em toda a parte esbarramos com
[09] senhoras atarefadas, que executavam operações estranhas, usavam uma linguagem desesperadamente confusa e
[10] recebiam indiferentes as nossas queixas e os nossos rogos.
[11] Com o coração grosso e indignado, resolvi abandonar esse negócio infeliz e fui deitar uma carta ao correio.
[12] Tomei lugar na fila, mas antes que chegasse a minha vez a mulher que vendia selos deixou o guichê. Esperei uma
[13] eternidade a volta dela e fui-me aproximando devagar, na fila. A carta foi pesada, o selo comprado e uma moeda
[14] falsa recebida no troco.
[15] Marchei para o guichê dos registrados, onde uma espécie de mulher portadora de óculos e bastante idade se
[16] mexia como uma figura de câmara lenta.
[17] Enquanto me arrastava seguindo os desgraçados que ali estavam sofrendo como eu, pensei nas deputadas,
[18] nas telefonistas, na professora primária que me atormentava e nos versos de certa poetisa que em vão tento
[19] esquecer. Evidentemente nenhuma dessas pessoas, deputadas, telefonistas, professora e poetisa, tinha culpa de
[20] haverem corrido mal meus negócios nos ministérios, nenhuma me dera moeda falsa, e era estupidez
[21] responsabilizá-las pela preguiça da mulher do registrado. Mas relacionei todas e julguei perceber os motivos de
[22] certos hábitos novos.
[23] Antigamente, quando uma senhora entrava num carro cheio, havia sempre sujeitos que se levantavam. Hoje,
[24] nos trens da Central, elas viajam espremidas como numa lata de sardinhas.
[25] Ninguém fumava nos primeiros bancos dos bondes. Ainda existe a proibição num aviso gasto e metrificado,
[26] que tem o mesmo valor dos alexandrinos1: ninguém o lê. A autoridade do condutor ficou muito reduzida, e o letreiro
[27] proibitivo tornou-se lei como as outras, artigo de regulamento.
[28] Há pouco tempo uma senhora declarou num romance que as mulheres são diferentes dos homens. É claro.
[29] Mas, apesar da diferença, elas se tornaram nossas concorrentes, e concorrentes temíveis. Eu queria ver um
[30] examinador que tivesse a coragem de reprovar aquela moça de olhos redondos, úmidos e ligeiramente estrábicos,
[31] que encontrei um dia destes no corredor do ministério. Só se ele fosse cego.
[32] O Sr. Plínio Salgado quer acabar com os banhos de mar, porque as pernas das mulheres se descobrem
[33] neles. Não vale a pena. São pernas de concorrentes, para bem dizer nem são pernas. Pensa que temos lá tempo de
[34] pensar nessas coisas? Tinha graça que, nos banhos de mar, fôssemos espiar as canelas da moça de olhos
[35] estrábicos ou as da mulher que nos impingiu uma moeda falsa. Não olhamos. Se elas chegarem perto do estribo do
[36] bonde cheio, ficaremos sentados porque pagamos passagem e temos o direito de ficar sentados. Isto. Somos pouco
[37] mais ou menos iguais, apesar da afirmação da mulher do romance. Vão no estribo, se quiserem, de pingente. Ou
[38] fiquem junto ao poste. Vão para o diabo. É isto. Concorrentes, inimigas. Ou amigas. Dá tudo no mesmo.
Fonte: RAMOS, Graciliano. Garranchos. Organização de Thiago Mio Salla. Rio de Janeiro: Record, 2012. p. 160-2. (Adaptado) _____________________________
1 O termo alexandrinos refere-se à poesia produzida em estrutura arcaica, com versos de 12 sílabas.
Assinale a alternativa em que o termo presente na Coluna B melhor substitui o da Coluna A, mantendo-se a sinonímia o mais aproximada possível.