TEXTO
Esta é a diferença entre tristeza e depressão
A primeira afeta emoções básicas. A segunda dura pelo menos duas semanas e inclui outros sintomas
Raquel Rivera
Para que nos sintamos tristes, é preciso vivermos experiências dolorosas, frustrantes, infelizes, estressantes: a
perda de um familiar, um divórcio, o desemprego, uma doença grave, o rompimento de uma amizade… Mas, para
nos sentirmos deprimidos, não é necessário passar por algum fato dramático, lamentável ou doloroso. A depressão
é resultado da interação entre vários fatores: genética, mudanças neurobiológicas e causas ambientais. “A tristeza
[5] é uma emoção básica, que experimentamos por causa de situações negativas: quando morre uma pessoa querida,
quando expectativas pessoais são frustradas… É como o medo, a raiva, o nojo”, explica Luis Caballero, conselheiro
da Sociedade Espanhola de Psiquiatria.
“Por outro lado, a depressão é uma doença, no sentido psiquiátrico, em que há uma tristeza patológica que é
intensa e mais duradoura, associada a outros sintomas. São eles a anedonia (incapacidade de sentir prazer), a
[10] abulia (notável falta de energia), a perda de peso e apetite, os transtornos do sono, a fadiga, as dificuldades de
concentração, o sentimento de culpa reiterado, a preocupação excessiva com a saúde e as fantasias suicidas”,
acrescenta o especialista.
A depressão pode ser desencadeada pelos fatos traumáticos citados inicialmente, mas também pode surgir
sem uma causa externa que a justifique. “Pode aparecer numa vida normal, sem que a pessoa passe por situações
[15] estressantes”, explica Caballero, que é também chefe do serviço de psiquiatria e psicologia clínica do grupo
espanhol HM Hospitais CINAC.
Um aspecto para diferenciar a tristeza da depressão é a duração. O estado de ânimo depressivo, com perda de
interesse e esgotamento, dura pelo menos duas semanas.
As mudanças químicas do organismo influem no estado de ânimo, e em alguns casos os processos associados
[20] ao pensamento e a fatores biológicos contribuem para a depressão. Dependendo da intensidade, trata-se de um
transtorno que, segundo José Ángel Arbesú, coordenador do Grupo de Trabalho de Saúde Mental da Sociedade
Espanhola dos Médicos de Atendimento Primário, pode afetar o funcionamento familiar e social da pessoa que o
sofre. […]
Existem sinais sutis que podem ajudar a identificar a depressão, de acordo com a Associação Americana de
[25] Psicologia (APA, na sigla em inglês), como a perda de identidade ou de autoestima.
https://brasil.elpais.com/brasil/2016/02/15/ciencia/1455536989_608401.html. Acesso em: 5 set. 2017.
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