Entre os poetas modernistas da Geração de 30, encontra-se Murilo Mendes. Leia um trecho de seu poema A Noiva e o compare ao poema Volúpia, da amazonense Violeta Branca.
E uma visagem
sem cheiro nem cor nem peso
planta-se em frente de Clotilde.
As meias caem das pernas da moça,
a combinação de rendas cai do seu corpo.
A visagem fala.
“Mulher eu vim te buscar
para as núpcias do fogo.
Haverias de ficar
toda a vida na janela
consumindo tua beleza?
O volume do teu seio
pede o ímã de outros dedos…
O cheiro do teu cabelo
não é feito pro travesseiro.
[...]
O sangue de tuas veias
noutro corpo há de ferver.
O teu hálito cheiroso
outro tem de o respirar.”
(Murilo Mendes apud Eucannã Ferraz. Veneno Antimonotonia, 2005.)
O beijo que deste no meu pulso
cobriu de angústia
a forma imaterial dos meus sentidos.
Não percebeste o latejar das veias
ao contato de teus lábios,
e nem adivinhaste
que foi o prazer que me fez silenciar…
Teu beijo teve a agudez
de um estilete inutilizando o meu pudor.
Não viste o sangue
que afluiu à minha boca?
Foi a volúpia falando
na eloquência da cor.
(Violeta Branca. http://razaoeinocencia.blogspot.com.br)
Pode-se identificar como semelhança entre os textos escolhidos: