De bem com a vida
A felicidade é a soma das pequenas felicidades.
Li essa frase num outdoor em Paris e soube, naquele
momento, que meu conceito de felicidade tinha acabado
de mudar. Eu já suspeitava que a felicidade com letras
maiúsculas não existia, mas dava a ela o benefício da
dúvida. Afinal, desde que nos entendemos por gente,
aprendemos a sonhar com essa felicidade no superlativo.
Mas ali, vendo aquele outdoor estrategicamente
colocado no meio do meu caminho (que, de certa
forma, coincidia com o meio da minha trajetória de vida),
tive certeza de que a felicidade, ao contrário do que nos
ensinaram os contos de fadas e os filmes de Hollywood,
não é um estado mágico e duradouro. Na vida real, o
que existe é uma felicidade homeopática, distribuída
em conta-gotas. Um pôr de sol aqui, um beijo ali, uma
xícara de café recém-coado, um livro que a gente não
consegue fechar, um homem que nos faz sonhar, uma
amiga que nos faz rir... São situações e momentos que
vamos empilhando com o cuidado e a delicadeza que
merecem − alegrias de pequeno e médio porte e até
grandes (ainda que fugazes) alegrias.
FERREIRA, Leila. Revista Marie Claire. nov. 2008. p.56. (fragmento)
Na passagem “mas dava a ela o benefício da dúvida.” (l. 5-6 ), a expressão em destaque, no contexto em que se insere, caracteriza-se, semanticamente, em relação ao objeto sonhado, como uma