Leia o poema a seguir e responda à questão.
Descreve a vida escolástica
Mancebo sem dinheiro, bom barrete,
Medíocre o vestido, bom sapato,
Meias velhas, calção de esfola-gato,
Cabelo penteado, bom topete.
Presumir de dançar, cantar falsete,
Jogo de fidalguia, bom barato,
Tirar falsídia ao moço do seu trato,
Furtar a carne à ama, que promete;
A putinha aldeã achada em feira,
Eterno murmurar de alheias famas,
Soneto infame, sátira elegante;
Cartinhas de trocado para a freira,
Comer boi, ser Quixote com as damas,
Pouco estudo: isto é ser estudante.
WISNIK, J. M. (Org.). Poemas escolhidos de Gregório de Matos. São Paulo: Companhia das Letras, 2010. p. 173.
Acerca do poema, assinale a alternativa correta.
Leia o poema a seguir e responda à questão.
Descreve a vida escolástica
Mancebo sem dinheiro, bom barrete,
Medíocre o vestido, bom sapato,
Meias velhas, calção de esfola-gato,
Cabelo penteado, bom topete.
Presumir de dançar, cantar falsete,
Jogo de fidalguia, bom barato,
Tirar falsídia ao moço do seu trato,
Furtar a carne à ama, que promete;
A putinha aldeã achada em feira,
Eterno murmurar de alheias famas,
Soneto infame, sátira elegante;
Cartinhas de trocado para a freira,
Comer boi, ser Quixote com as damas,
Pouco estudo: isto é ser estudante.
WISNIK, J. M. (Org.). Poemas escolhidos de Gregório de Matos. São Paulo: Companhia das Letras, 2010. p. 173.
Sobre o poema, considere as afirmativas a seguir.
I. O poema estabelece uma diferenciação entre o estudante rico, que tudo tem, e o estudante pobre, que é obrigado a “furtar carne à ama”.
II. O poema tem início com uma distinção entre o bom e o mau estudante: “Mancebo sem dinheiro, bom barrete, /Medíocre o vestido, bom sapato [...]”.
III. O poema é construído a partir de pequenos quadros que denotam as várias práticas do estudante, sendo que quase nenhuma delas está associada ao estudo.
IV. A repetição de formas verbais no infinitivo indica uma permanência das características negativas elencadas a respeito do estudante.
Assinale a alternativa correta.
Leia o fragmento, a seguir, retirado do livro Clara dos Anjos, de Lima Barreto, e responda à questão.
Cassi Jones, sem mais percalços, se viu lançado em pleno Campo de Sant’Ana, no meio da multidão que
jorrava das portas da Catedral, cheia da honesta pressa de quem vai trabalhar. A sua sensação era que
estava numa cidade estranha. No subúrbio tinha os seus ódios e os seus amores; no subúrbio, tinha os seus
companheiros, e a sua fama de violeiro percorria todo ele, e, em qualquer parte, era apontado; no subúrbio,
enfim, ele tinha personalidade, era bem Cassi Jones de Azevedo; mas, ali, sobretudo do Campo de Sant’Ana
para baixo, o que era ele? Não era nada. Onde acabavam os trilhos da Central, acabava a sua fama e o
seu valimento; a sua fanfarronice evaporava-se, e representava-se a si mesmo como esmagado por aqueles
“caras” todos, que nem o olhavam. [...]
Na “cidade”, como se diz, ele percebia toda a sua inferioridade de inteligência, de educação; a sua rusticidade,
diante daqueles rapazes a conversar sobre cousas de que ele não entendia e a trocar pilhérias; em face da
sofreguidão com que liam os placards dos jornais, tratando de assuntos cuja importância ele não avaliava,
Cassi vexava-se de não suportar a leitura; comparando o desembaraço com que os fregueses pediam bebidas
variadas e esquisitas, lembrava-se que nem mesmo o nome delas sabia pronunciar; olhando aquelas
senhoras e moças que lhe pareciam rainhas e princesas, tal e qual o bárbaro que viu, no Senado de Roma,
só reis, sentia-se humilde; enfim, todo aquele conjunto de coisas finas, de atitudes apuradas, de hábitos de
polidez e urbanidade, de franqueza no gastar, reduziam-lhe a personalidade de medíocre suburbano, de vagabundo
doméstico, a quase cousa alguma.
BARRETO, Lima. Clara dos Anjos. Rio de Janeiro: Garnier, 1990. p. 130-131.
Sobre as referências aos termos “fama” e “personalidade”, que aparecem duas vezes cada um no fragmento, assinale a alternativa correta.
Leia o fragmento, a seguir, retirado do livro Clara dos Anjos, de Lima Barreto, e responda à questão.
Cassi Jones, sem mais percalços, se viu lançado em pleno Campo de Sant’Ana, no meio da multidão que
jorrava das portas da Catedral, cheia da honesta pressa de quem vai trabalhar. A sua sensação era que
estava numa cidade estranha. No subúrbio tinha os seus ódios e os seus amores; no subúrbio, tinha os seus
companheiros, e a sua fama de violeiro percorria todo ele, e, em qualquer parte, era apontado; no subúrbio,
enfim, ele tinha personalidade, era bem Cassi Jones de Azevedo; mas, ali, sobretudo do Campo de Sant’Ana
para baixo, o que era ele? Não era nada. Onde acabavam os trilhos da Central, acabava a sua fama e o
seu valimento; a sua fanfarronice evaporava-se, e representava-se a si mesmo como esmagado por aqueles
“caras” todos, que nem o olhavam. [...]
Na “cidade”, como se diz, ele percebia toda a sua inferioridade de inteligência, de educação; a sua rusticidade,
diante daqueles rapazes a conversar sobre cousas de que ele não entendia e a trocar pilhérias; em face da
sofreguidão com que liam os placards dos jornais, tratando de assuntos cuja importância ele não avaliava,
Cassi vexava-se de não suportar a leitura; comparando o desembaraço com que os fregueses pediam bebidas
variadas e esquisitas, lembrava-se que nem mesmo o nome delas sabia pronunciar; olhando aquelas
senhoras e moças que lhe pareciam rainhas e princesas, tal e qual o bárbaro que viu, no Senado de Roma,
só reis, sentia-se humilde; enfim, todo aquele conjunto de coisas finas, de atitudes apuradas, de hábitos de
polidez e urbanidade, de franqueza no gastar, reduziam-lhe a personalidade de medíocre suburbano, de vagabundo
doméstico, a quase cousa alguma.
BARRETO, Lima. Clara dos Anjos. Rio de Janeiro: Garnier, 1990. p. 130-131.
Com base no trecho e no romance, considere as afirmativas a seguir.
I. A frase “Não era nada” estabelece conexão entre Cassi e o desfecho vivido por Clara, embora os motivos dessas avaliações tenham graus de relevância e sentidos diferentes para cada personagem.
II. Clara e Cassi são superprotegidos por suas mães; contudo, Clara é mantida em sua ingenuidade, sem exposição à realidade, enquanto Cassi é acobertado a cada maldade cometida.
III. O assassinato de Marramaque afeta Clara e Cassi sob perspectivas diferentes: Clara sofre com a morte do padrinho, enquanto Cassi é o mentor daquele crime.
IV. A ideia de “polidez” acentua diferenças entre Clara e Cassi: enquanto ele ostenta essa qualidade no subúrbio e no centro, ela, como autêntica suburbana, é tosca, carente de lapidação.
Assinale a alternativa correta.
Leia o trecho, a seguir, retirado do livro Quarenta dias, de Maria Valéria Rezende, e responda à questão.
Saí, em busca de Cícero Araújo ou sei lá de quê, mas sem despir-me dessa nova Alice, arisca e áspera, que tinha brotado e se esgalhado nesses últimos meses e tratava de escamotear-se, perder-se num mundo sem porteira, fugir ao controle de quem quer que fosse. Tirei o interfone do gancho e o deixei balançando, pendurado no fio, bati a porta da cozinha e desci correndo pela escada de serviço, esperando que o porteiro se enfiasse na guarita pra responder ao interfone de frente pro saguão, de modo que eu pudesse sair de fininho, por trás dos pilotis, e escapar sem ser vista. Não me importava nada o que haveria de acontecer com o interfone nem com o porteiro.
Ganhei a rua e saí a esmo, querendo dar o fora dali o mais depressa possível, como se alguém me vigiasse ou me perseguisse, mas saí andando decidida, como se soubesse perfeitamente aonde ia, pisando duro, como nunca tinha pisado em parte alguma da minha antiga terra, lá onde eu sempre soube ou achava que sabia que rumo tomar. Saí, sem perguntar nada ao guri da banca da esquina nem a ninguém, até que me visse a uma distância segura daquele endereço que me impingiram e onde eu me sentia espionada, sabe-se lá que raio de combinação eles tinham com os porteiros, com os vizinhos? Olhe só, Barbie, como eu chegava perigosamente perto da paranoia e ainda falo “deles” como se fossem meus inimigos, minha filha e meu genro
REZENDE, Maria Valéria. Quarenta dias. 1ª ed. Rio de Janeiro: Objetiva, 2014. p. 95-96.
Com base no trecho e no romance, assinale a alternativa correta sobre Cícero.
Leia o trecho, a seguir, retirado do livro Quarenta dias, de Maria Valéria Rezende, e responda à questão.
Saí, em busca de Cícero Araújo ou sei lá de quê, mas sem despir-me dessa nova Alice, arisca e áspera, que tinha brotado e se esgalhado nesses últimos meses e tratava de escamotear-se, perder-se num mundo sem porteira, fugir ao controle de quem quer que fosse. Tirei o interfone do gancho e o deixei balançando, pendurado no fio, bati a porta da cozinha e desci correndo pela escada de serviço, esperando que o porteiro se enfiasse na guarita pra responder ao interfone de frente pro saguão, de modo que eu pudesse sair de fininho, por trás dos pilotis, e escapar sem ser vista. Não me importava nada o que haveria de acontecer com o interfone nem com o porteiro.
Ganhei a rua e saí a esmo, querendo dar o fora dali o mais depressa possível, como se alguém me vigiasse ou me perseguisse, mas saí andando decidida, como se soubesse perfeitamente aonde ia, pisando duro, como nunca tinha pisado em parte alguma da minha antiga terra, lá onde eu sempre soube ou achava que sabia que rumo tomar. Saí, sem perguntar nada ao guri da banca da esquina nem a ninguém, até que me visse a uma distância segura daquele endereço que me impingiram e onde eu me sentia espionada, sabe-se lá que raio de combinação eles tinham com os porteiros, com os vizinhos? Olhe só, Barbie, como eu chegava perigosamente perto da paranoia e ainda falo “deles” como se fossem meus inimigos, minha filha e meu genro
REZENDE, Maria Valéria. Quarenta dias. 1ª ed. Rio de Janeiro: Objetiva, 2014. p. 95-96.
Com base no trecho, assinale a alternativa correta sobre a comparação dos espaços.