[1] O grande marechal Cândido Rondon, que desbravou os rincões brasileiros, tinha como lema na colo-
[2] nização de terras indígenas o famoso “Morrer se preciso for; matar nunca”. Os lendários irmãos Villas
[3] Bôas, mundialmente famosos por terem feito o primeiro contato com os índios gigantes da Amazônia,
[4] os crenacarores, pautavam-se pelos mesmos cuidados de Rondon. A manutenção da vida e a saúde
[5] dos índios eram uma obrigação do estado brasileiro em sua política de expansão das fronteiras civili-
[6] zadas sobre terras habitadas pelas populações originais pré-cabralinas. A Rondon e aos irmãos Villas
[7] Bôas não escapava a melancólica sensação da inevitabilidade da extinção ou, em um cenário benigno,
[8] da mutilação das culturas daqueles povos. Sempre foi trágico para o mais fraco o milenar encontro de
[9] populações em estágios díspares de desenvolvimento tecnológico. “Quem carregava o aço, a pólvora
[10] ou os germes mais fortes dizimava o outro. Assim caminhou a humanidade desde tempos imemori-
[11] ais”, escreveu o geógrafo americano Jared Diamond. A conclusão é que não existe política indigenista
[12] justa para os índios. Qual a solução para a questão indígena brasileira? A pergunta não tem resposta
[13] simples. Está na hora de tirar o problema do âmbito do Conselho Indigenista Missionário e das ONGs
[14] estrangeiras e tratá-lo como uma questão de estado norteada pelo tema do marechal Rondon e pela
[15] insatisfatória, mas realista, visão dos irmãos Villas Bôas. Os índios precisam de proteção do estado
[16] para que não sejam usados como massa de manobra por manipuladores a quem mais interessam os
[17] mártires.
(Adaptado de: A questão indígena. Veja. Carta ao Leitor. 12 jun. 2013. São Paulo: Ed. Abril, ano 46, n.24. p.12.)
Sobre o texto, assinale a alternativa correta.