Leia o trecho a seguir para responder à questão:
Um casal tinha almoçado comigo e saíra. Fiquei sozinho em casa, pensando numas coisas que tinham me dito sobre aquele casal, imaginando o que seria verdade, o que seria exagero. Era hora de fazer crônica, mas eu estava sem vontade nenhuma de escrever. Então bateram à porta e eu abri.
Era morena e parecia ter vindo diretamente do saguão do edifício. Tinha um lenço na cabeça, óculos escuro, uma blusa de cores alegres, saia branca, as pernas nuas, sandálias sem salto. De seu corpo vinha um cheiro fresco de água-de-colônia. “Você não me conhece não”. Morava no bairro, já tinha me visto uma vez na água do mar e era casada: “Vivo muito bem com meu marido, mas se ele soubesse que eu vim aqui ficaria furioso, você não acha?”
– Claro.
Aí, perguntou se eu só sabia dizer “claro”. Bem lhe haviam dito que eu às vezes sou inteligente escrevendo, mas falando sou muito burro.
(Rubem Braga, “Visita de uma senhora do bairro”, no livro 200 crônicas escolhidas, p. 375)
Sobre aspectos linguísticos do texto foram feitas as seguintes afirmativas:
I. Na palavra “saguão” (“parecia ter vindo diretamente do saguão”) existe um ditongo nasal
II. Na palavra “muito” (“Vivo muito bem”) observa-se também a presença de um ditongo nasal
III. No último período do primeiro parágrafo há duas orações, sendo indeterminado o sujeito da primeira
IV.No vocábulo “água” (“já tinha me visto uma vez na água do mar”) observa-se a presença de um ditongo decrescente oral.
V. O termo que introduz a primeira oração do último parágrafo constitui uma marca de oralidade no discurso do narrador.
Assinale a alternativa correta: