Questões de Filosofia - Temática - Filosofia Política - Nicolau Maquiavel
Leia atentamente o seguinte trecho:
Foi necessário, para que se conhecesse a virtude de Moisés, que o povo de Israel estivesse escravizado no Egito; para que se conhecesse a grandeza de Ciro, que os Persas estivessem oprimidos pelos Medas; e para se conhecer o valor de Teseu, que os atenienses estivessem dispersos — assim, presentemente, querendo-se conhecer o valor de um príncipe italiano, seria necessário que a Itália chegasse ao ponto em que se encontra agora. Que estivesse mais escravizada do que os Hebreus, mais oprimida do que os Persas, mais desunida que os atenienses, sem chefe, sem ordem, batida, espoliada, lacerada, invadida, e que houvesse, enfim, suportado toda sorte de calamidades.
MAQUIAVEL, Nicolau. O príncipe. Ediouro, São Paulo, 2015. CAPÍTULO XXVI.
A partir das informações do texto, analise as seguintes afirmativas:
I Grandes líderes são reconhecidos em momentos adversos.
II Na concepção do autor, a “virtude” é a capacidade do príncipe de controlar as crises e impasses que são, por vezes, impostas pela história.
III Podemos entender o conceito de “virtude”, para o autor, como um valor fundamental para lidar com a imprevisibilidade.
IV Em momentos de austeridade, como conflitos armados, guerras e opressão, a figura do príncipe é irrelevante para a manutenção da ordem.
V Segundo o autor, na Itália, seu país de origem, a ascensão de um líder virtuoso se deu unicamente pelos Tratados de Paz.
Assinale a alternativa que indica quais das afirmações são CORRETAS.
A um príncipe, portanto, não é necessário ter de fato todas as qualidades, mas é indispensável parecer tê-las. Aliás, ousarei dizer que, se as tiver e utilizar sempre, serão danosas, enquanto, se parecer tê-las, serão úteis. Assim, deves parecer clemente, fiel, humano, íntegro, religioso — e sê-lo, mas com a condição de estares com o ânimo disposto a, quando necessário, não o seres, de modo que possas e saibas como tornar-te o contrário.
MAQUIAVEL, N. O príncipe. São Paulo: Martins Fontes, 2004 (adaptado).
Segundo o autor, a conquista e a conservação do poder político exigem a
Leia o texto “Maquiavel, do diabo à ética”, de Renato Janine Ribeiro, para responder à questão.
Num dia de dezembro de 1513, um homem escreve a um amigo. Está no campo, banido. Foi preso e torturado. Mas não se queixa. Conta que passa o dia com os camponeses, gritando, jogando. À noite, porém, troca de roupa. Veste os melhores trajes. Lê os autores antigos e, espanto!, dialoga com eles. Ouve suas opiniões, suas ideias. (Essa passagem é sempre citada, quando que se quer explicar a Renascença.) Quase no final, informa que gastou algumas semanas escrevendo um livrinho, De principatibus (Dos principados), “onde me aprofundo tanto quanto posso nas cogitações desse tema...”.
Gastou nisso umas poucas semanas, que definirão para a posteridade o seu nome — Nicolau Maquiavel. A elas Maquiavel deverá a glória: seu nome gerará um adjetivo que todos conhecem. De uns trinta grandes filósofos, apenas dois — ele e Platão — chegaram a tanto. Mesmo quem nunca os leu tem noção do que é amor platônico ou ação maquiavélica. Não importa que nós, professores de filosofia, provemos que os adjetivos convêm mal aos dois filósofos. Eles pegaram. O renome de Maquiavel é maior que ele próprio.
Mas é um mau renome, uma má fama, infâmia. O Príncipe foi lido, bem cedo, como um livro de conselhos aos governantes, para quem os fins justificariam os meios (essa frase, aliás, não é de Maquiavel). Ele defenderia o despotismo e a amoralidade dos príncipes. Há aqui, porém, um problema. Maquiavel escreveu O Príncipe de um jato só, enquanto se dedicou vários anos a outro projeto — os Discursos sobre a primeira década de Tito Lívio, um longo comentário ao historiador de Roma antiga.
Ora, os Discursos são uma obra republicana. E, se Maquiavel foi torturado a mando dos Médici1, que acabavam de retomar Florença, isso se deveu a ter sido ele um dos líderes da República florentina. O Maquiavel mais extenso é republicano — e sobre ele temos um livro notável de Newton Bignotto, Maquiavel republicano (1991). Mas talvez o autor d’O Príncipe seja o Maquiavel mais intenso: essas semanas no campo emancipam a política da moral cristã.
(Revista Cult, no 74, 2003.)
1Médici: dinastia política italiana.
O termo sublinhado em “que definirão para a posteridade” (2º parágrafo)
pertence à mesma classe de palavra do termo sublinhado em:
“Maquiavel subverteu a abordagem tradicional da teoria política feita pelos gregos e medievais, e por isso é considerado o fundador da ciência política, ao enveredar por novos caminhos ‘ainda não trilhados’ como ele mesmo diz. Pode-se dizer que Maquiavel é realista, ao se basear em ‘como o homem age de fato’”.
ARANHA, M.L.A. e MARTINS, M.H.P. Filosofando. São Paulo, Moderna: 2009, p. 200.
A teoria política de Maquiavel não leva em conta os imperativos da
[Maquiavel] elogia a República romana como tendo sido a mais perfeita forma de governo e um verdadeiro Estado unido pelo espírito público de seus cidadãos; no entanto, numa época como a sua, seria necessário um líder que utilizasse a força como princípio, tese que desenvolve em O Príncipe.
(Teresa Aline Pereira de Queiroz. O Renascimento, 1995.)
A obra O Príncipe foi escrita por Maquiavel em 1513 e publicada em 1532. Nela, o pensador florentino
Observe a seguinte passagem que reflete o pensamento político de Maquiavel:
“Para Maquiavel não havia um bem, por maior que fosse, que pudesse ser avaliado como um bem sem restrições. Para ele não há um bem absoluto, também o mal não é sempre um mal incontrastado. Maquiavel foi o primeiro a declarar que o bem e o mal não têm sentido na vida sociopolítica se forem abstratamente dissociados”.
Moreira, Manuel Marques. O Pensamento Político de Maquiavel in O Príncipe. Martin Claret. 2002. P.48 (adaptado).
Considerando a passagem acima e o pensamento de Nicolau Maquiavel, analise as seguintes afirmações:
I. Maquiavel foi inovador no pensamento político por analisar o contexto real dos acontecimentos de uma Itália mergulhada na instabilidade política. Ele foi o primeiro a pensar a política como ela era, na prática, e não como idealmente deveria ser.
II. O pensamento político de Maquiavel é uma ampliação da visão política medieval com a indissociável relação entre poder espiritual da igreja e poder temporal do estado. O príncipe de Maquiavel deveria se aconselhar das orientações espirituais do papado.
III. A filosofia política de Maquiavel reestruturou a relação entre ética e política. Em seu pensamento, a política passou a ser vista de forma autônoma em relação aos imperativos de ordem moral e em relação às concepções de bem e mal de origem cristã.
É correto o que se afirma em
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