Questões de Sociologia - Cultura - Cultura e Sociedade
"A negação da plena humanidade do Outro, o seu enclausuramento em categorias que lhe são estranhas, a afirmação de sua incapacidade inata para o desenvolvimento e aperfeiçoamento humano, a destituição da sua capacidade de produzir cultura e civilização prestam-se a afirmar uma razão racializada, que hegemoniza e naturaliza a superioridade europeia."
(CARNEIRO, Sueli. Dispositivo de racialidade. A construção do outro como não ser como fundamento do ser. São Paulo: Zahar, p. 91, 2023.)
Escolha a alternativa que apresenta crítica semelhante à de Sueli Carneiro.
Há milênios, os seres humanos utilizam os corpos celestes como ferramenta para marcação da passagem do tempo. Embora sob o mesmo céu, povos diferentes o experienciaram de formas variadas e, para identificar os movimentos celestes, criaram regiões que eram, basicamente, desenhos formados pela união de estrelas, como em um jogo de ligar os pontos. Dessa forma, as mesmas estrelas compuseram diversas constelações ao longo da História e estiveram associadas a diferentes significados e simbologias.
No Egito Antigo, a constelação de Escorpião marcava o período das secas na região do Nilo, por conta da posição que essa constelação ocupava no céu nesse período. Já para os Tukanos, grupos indígenas localizados na região do noroeste amazônico, as estrelas que compõem Escorpião fazem parte da maior constelação da cultura Tukano, a constelação da Jararaca, cuja posição ocupada no céu está relacionada ao início do ciclo anual para esses povos. Nessa época do ano, acontecem chuvas intensas, o nível dos rios se eleva e ocorrem as primeiras reproduções dos peixes.
Podemos partir do exemplo citado para inferir corretamente que a interpretação dos fenômenos da natureza
INSTRUÇÃO: Leia, atentamente, o texto a seguir para responder às questões que a ele se referem.
Algoritmos, mídias digitais e as novas dinâmicas do racismo estrutural
O que você faz quando precisa descobrir uma informação ou encontrar um determinado conteúdo,
como uma imagem ou um vídeo? Possivelmente, sua resposta a essa pergunta foi: “Procuro no Google!”.
[...] Com isso, nos acostumamos a fazer buscas na Internet e, a partir daí, tomar decisões, ou nos posicionar
sobre um tema. Porém, você já se perguntou quem ou o que decide qual a resposta correta para a busca
que você faz?
[5] Buscadores, como o Google, o Bing ou o DuckDuckGo, assim como plataformas de redes sociais,
como o Facebook, TikTok, Instagram e Twitter, são sistemas computacionais complexos. [...]
Na medida em que essas ferramentas passam a ser os principais meios informativos, e considerando
a natureza dos seus mecanismos de recomendação, as mídias digitais passam a ter um papel fundamental
[10] na definição de temas socialmente complexos. Pense na seguinte questão: o que é um cabelo bonito?
Qualquer resposta depende da pessoa que irá respondê-la e, obviamente, de suas preferências pessoais.
Ao mesmo tempo, essa pergunta retoma um espinhoso debate sobre padrões de beleza, os quais,
principalmente nas sociedades ocidentais, têm, historicamente, consagrado a brancura como ideal de belo
(o cabelo liso, o olho claro, a pele branca). Logo, trata-se de um tópico complexo, multifacetado e, em termos
[15] de debate, contextualmente dependente.
Esse mesmo tópico, quando pesquisado no Google, especialmente até o ano de 2019, levantava um
importante debate sobre como as mídias digitais participam (e reforçam) as dinâmicas estruturais do
racismo. [...]
Sistemas de busca como o Google funcionam por meio de modelos computacionais – os chamados
[20] algoritmos – que, genericamente falando, são desenvolvidos a partir da análise de uma imensa quantidade
de dados digitais: páginas da web, histórico das buscas, cliques realizados, termos utilizados etc. É nesse
processo que o chamado algoritmo do Google produz associações semânticas que servirão como elemento
chave para definição do que é apresentado em cada busca. Para o cientista da computação Gustavo
Honorato (COSTA, 2019), essa associação entre o termo, por exemplo, “cabelo feio” e a imagem de pessoas
[25] com cabelo crespo ou encaracolado deriva da análise que o algoritmo faz dos conteúdos disponíveis na
Internet:
O Google ainda não é capaz de ver e interpretar as imagens nas páginas disponíveis na
internet. Se ele lê citações das palavras “crespo” junto de palavras pejorativas como “feio”,
“ruim” ou outra qualquer, ele também vai entender que existe forte relação semântica entre
[30] esses termos. O robô é alimentado e cataloga as informações que estão disponíveis na
própria rede e não é ele, por si só, que define o que é feio ou bonito (COSTA, 2019, on-line).
Como sustenta Silva (2022), mesmo que não seja uma função inicialmente esperada no uso desses
mecanismos, o fomento a estereótipos e a violência discursiva acabam sendo consequências óbvias da
[35] ação de ferramentas desse tipo. Portanto, estereótipos e violência discursiva criados e mantidos por uma
maioria hegemônica acabam por, nesses sistemas, se converterem no que Silva (2022) chama de
microagressões algorítmicas contínuas: “As ofensas racistas a partir de interfaces como essas são
frequentes e geram uma agressão contínua aos grupos minorizados, alvos da algoritmização de ofensas,
o que tem impactos coletivos em diversas esferas, incluindo na saúde pública” (SILVA, 2022, p. 53). [...]
[40] Ao tentar refletir sobre esse tema, cabe aqui enfrentar as seguintes questões: tecnologias como
buscadores são racistas? Ou essa associação preconceituosa nas buscas é apenas um reflexo do racismo
que se manifesta na rede por meio de conteúdos que representam pejorativamente os negros? Não há uma
resposta certa para essas questões, e considero que a postura mais adequada nesse debate é fugir das
dicotomias, do sim e do não.
[45] O ponto central desta discussão é compreender que serviços digitais como os buscadores e sistemas
de recomendação (por exemplo, de vídeos, como no YouTube) amplificam e criam novas dimensões para
aspectos tóxicos das nossas sociedades, como a discriminação racial. [...] Nesse sentido, Silva e Araújo
(2020) defendem que aquilo que se passou a chamar de racismo algorítmico representa uma nova dinâmica,
mais complexa e exponencial, do racismo estrutural.
Fonte: ARAÚJO, Willian Fernandes. Algoritmos, mídias digitais e as novas dinâmicas do racismo estrutural. Disponível em: https://pedroejoaoeditores.com.br/2022/wp-content/uploads/2022/09/EBOOK_21-Textos-para-discutir-racismo-em-sala-deaula.pdf. Acesso em: 20 set. 2023. Adaptado.
INSTRUÇÃO: Para responder a esta questão, considere o texto “Algoritmos, mídias digitais e as novas dinâmicas do racismo estrutural” e o fragmento a seguir, de uma obra do jurista Sílvio Almeida.
“[...] as expressões do racismo no cotidiano, seja nas relações interpessoais, seja na dinâmica das instituições, são manifestações de algo mais profundo que se desenvolve nas entranhas políticas e econômicas da sociedade.”
Fonte: ALMEIDA, Sílvio Luiz de. Racismo estrutural. São Paulo: Sueli Carneiro; Pólen, 2019, p. 20-21.
O que se discute no texto sobre conteúdos racistas expostos nas mídias digitais encontra eco no fragmento citado e diz respeito a/à
O jogador de futebol Vini Jr sofreu várias manifestações racistas em algumas das partidas em que atuou na Europa. No Brasil ocorrem situações similares, “[...] segundo levantamento do Observatório da Discriminação Racial do Futebol, foram registrados 90 casos de ofensas raciais em 2022, contra 64 em 2021. Um aumento de 40%.”
Fonte: https://agenciabrasil.ebc.com.br/esportes/noticia/2023-05/ofensas-viniciusjunior-fazem-parte-de-historico-de-racismo-no-futebol
Em relação ao racismo no Brasil, assinale a alternativa CORRETA.
“Entre os anos de 2012 e 2022, o número de pessoas autodeclaradas pretas e pardas aumentou em uma taxa superior à do crescimento do total da população do país, segundo o resultado da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) Contínua do IBGE. No caso dos negros, essa porcentagem variou de 7,4% em 2012 para 10,6% em 2022. ‘(...) uma das hipóteses para o crescimento da proporção é que a percepção racial tenha mudado dentro da população, nos últimos anos’.”
O Globo, 22/07/2022; CNN Brasil, 16/06/2023.
“Pois bem, é justamente a partir daí que aparece a necessidade de teorizar as ‘raças’ como o que elas são, ou seja, construtos sociais, formas de identidade baseadas numa ideia biológica errônea, mas eficaz, socialmente, para construir, manter e reproduzir diferenças e privilégios. Se as raças não existem num sentido estritamente realista de ciência, ou seja, se não são um fato do mundo físico, são, contudo, plenamente existentes no mundo social, produtos de formas de classificar e de identificar que orientam as ações dos seres humanos.”
GUIMARÃES, Antônio Sergio Alfredo. Raças e estudos de relações raciais no Brasil. Novos Estudos CEBRAP, n.54, 1999. p.153.
Relacionando os dados trazidos pela PNAD/IBGE e o conceito de raça do sociólogo Antônio Sergio Alfredo Guimarães, é correto afirmar:
Hagar, o Horrível, é uma personagem de quadrinhos, criada em 1973 por Dik Browne. Analise a tira a seguir que retrata um diálogo entre dois personagens acerca da humanidade.
No segundo quadrinho, ao ser questionado sobre quem iria dizer para as pessoas o que é bom para elas, o personagem 2 responde: “Eu”.
Ao analisar a fala do personagem, de uma perspectiva sociológica, afirma-se que a postura apresentada configura-se etnocêntrica, pois
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