Questões de Sociologia - Cultura - Diversidade Cultural / Antropologia - Identidade
O espaço urbano é onde proliferavam a pobreza e certa autonomia dos desqualificados sociais, bastante incômoda para as autoridades. Era justamente este o espaço social das mulheres pobres, livres, forras e escravizadas. Circulavam pelas fontes públicas, tanques, lavadouros, pontes, ruas e praças da cidade, onde era jogado o lixo das casas e o mato crescia a ponto de ocultar escravizados fugidos: o seu espaço social era justamente o ponto de interseção onde se alternavam e se sobrepunham as áreas de convívio das vizinhanças e dos forasteiros; a do fisco municipal e a do pequeno comércio clandestino; as margens da escravidão e do trabalho livre, o espaço do trabalho doméstico e o de sua extensão ou comercialização pelas ruas…
(Maria Odila Leite da Silva Dias. “Mulheres sem história”. In: Revista de História, 1983. Adaptado.)
Ao tratar de São Paulo do século XVIII, o excerto estabelece um paralelo entre a condição das mulheres no espaço urbano e
“Gênero, por exemplo, tem dimensões político-econômicas por ser um princípio básico e estruturante da economia política. Por um lado, o gênero estrutura a divisão fundamental entre trabalho remunerado e “produtivo” e trabalho não remunerado, “reprodutivo” e doméstico, atribuindo às mulheres a responsabilidade primária por este último. Por outro lado, o gênero também estrutura a divisão no interior do trabalho remunerado entre ocupações industriais e profissionais, mais bem remuneradas e dominadas por homens, e ocupações relacionadas ao serviço doméstico e ao “colarinho rosa”, mal remuneradas e dominadas por mulheres. O resultado é uma estrutura político-econômica que gera modos de exploração, marginalização e privação específicos de gênero. Essa estrutura constitui o gênero como uma diferenciação político-econômica dotada de características semelhantes às de classe. Entendida sob essa perspectiva, a injustiça de gênero aparece como uma espécie de injustiça distributiva que exige correção redistributiva. A justiça de gênero, como a de classe, exige a transformação da economia política de modo que se elimine a sua estrutura de gênero. Eliminar a exploração, a marginalização e a privação específicas de gênero requer a abolição da divisão do trabalho baseada no gênero – tanto a divisão marcada por gênero entre trabalho remunerado e não remunerado quanto a divisão por gênero no interior do próprio trabalho remunerado.”
(FRASER, Nancy. Justiça interrompida: Reflexões críticas sobre a condição “póssocialista”. São Paulo: Boitempo, 2022, p. 39-40.)
Considerando a perspectiva de eliminação da exploração baseada no gênero, pode-se afirmar:
Segundo dados do Relatório elaborado pelo Grupo Gay da Bahia, “300 LGBTQIA+ sofreram morte violenta no Brasil em 2021, 8% a mais do que no ano anterior: 276 homicídios (92%) e 24 suicídios (8%). O Brasil continua sendo o país do mundo onde mais LGBTQIA+ são assassinados: uma morte a cada 29 horas.” (Com adaptação).
Fonte: mortes-violentas-de-lgbt-2021-versao-final.pdf wordpress.com
Esses dados demonstram que concepções baseadas em preconceito e discriminação sobre o grupo LGBTQIA+ acabam acarretando em violência e mortes.
Assinale a alternativa que corresponde à concepção de respeito à diversidade.
Leia atentamente o seguinte trecho:
[Falar em gênero é colocar a questão de que] não há natureza, há desde sempre criação cultural (...) é assumir o poder de escolha para nós humanos, como sujeitos da história. Não é do além-mundo que os sentidos e destinos serão criados. É da vida na história.
DUARTE, C. TELLES, C. “Entrevista: Professora Débora Diniz”. Revista Publicum. Rio de Janeiro, Número 2, 2016, p. 1-12.
Agora, considere as seguintes afirmações:
I A compreensão acerca do que é natureza é a mesma para todas as culturas.
II A antropologia é a disciplina acadêmica responsável por registrar e distinguir as diferentes maneiras de organizar simbolicamente o mundo.
III O reconhecimento das mais diversas expressões humanas é importante para a construção de um mundo mais tolerante e sem discriminação.
IV Os estudos de gênero fundamentam a luta contra a restrição de direitos sexuais e reprodutivos e contra a violação da igualdade entre homens e mulheres.
Assinale a alternativa que indica quais das afirmações são CORRETAS.
“A Lei nº 13.718, que entrou em vigor recentemente, em 24 de setembro de 2018, alterou o texto do Código Penal para inserir o crime de importunação sexual. A mencionada figura penal foi inserida no capitulo “Dos Crimes Contra a Liberdade Sexual", com a criação do artigo 215-A. O artigo descreve como crime o ato de praticar ato libidinoso (de caráter sexual), na presença de alguém, sem sua autorização e com a intenção de satisfazer lascívia (prazer sexual) próprio ou de outra pessoa. Podem ser considerados atos libidinosos, práticas e comportamentos que tenham finalidade de satisfazer desejo sexual, tais como: apalpar, lamber, tocar, desnudar, masturbar-se ou ejacular em público, dentre outros.”
Fonte:https://www.tjdft.jus.br/institucional/imprensa/campanhas-e-produtos/direitofacil/edicao-semanal/importunacao-sexual. Acesso em: 04/03/2023
Além da importunação sexual há também o assédio sexual que se caracteriza “[...] como o constrangimento com conotação sexual no ambiente de trabalho, em que, como regra, o agente utiliza sua posição hierárquica superior ou sua influência para obter o que deseja [...]”
Fonte:https://www.tst.jus.br/assediosexual#:~:text=O%20ass%C3%A9dio%20sexual%20%C3%A9%20definido,proce ssos%20na%20Justi%C3%A7a%20do%20Trabalho. Acesso em: 04/03/2023
Segundo as afirmações apresentadas, assinale a alternativa CORRETA.
Examine os gráficos que mostram os resultados de um estudo sobre estatísticas de gênero, realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), divulgado em 2018.
Desigualdade de gênero no Brasil
Considerando os dados apresentados e conhecimentos sobre a população brasileira, verifica-se que
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