Questões de Literatura - Literatura brasileira - Escolas Literárias - Literatura contemporânea
Os excertos abaixo, relativos aos momentos iniciais da narrativa, foram retirados de Ponciá Vicêncio, de Conceição Evaristo. Considere-os, no contexto do enredo da obra.
I.
Filho de ex-escravo, crescera na fazenda levando a mesma vida dos pais. Era pajem do sinhô-moço. Tinha a obrigação de brincar com ele. Era o cavalo onde o mocinho galopava sonhando conhecer todas as terras do pai. Tinham a mesma idade. Um dia o coronelzinho exigiu que ele abrisse a boca, pois queria mijar dentro. O pajem abriu. A urina do outro caía escorrendo quente por sua goela e pelo canto de sua boca. Sinhô-moço ria, ria. Ele chorava e não sabia o que mais lhe salgava a boca, se o gosto da urina ou se o sabor de suas lágrimas.
II.
Um dia o coronelzinho, que já sabia ler, ficou curioso para ver se negro aprendia os sinais, as letras de branco e começou a ensinar o pai de Ponciá. O menino respondeu logo ao ensinamento do distraído mestre. Em pouco tempo reconhecia todas as letras. Quando Sinhô-moço se certificou de que o negro aprendia, parou a brincadeira. Negro aprendia sim! Mas o que o negro ia fazer com o saber do branco?
III.
Quando mais nova, sonhara até um outro nome para si. Não gostava daquele que lhe deram. Menina, tinha o hábito de ir à beira do rio e lá, se mirando nas águas, gritava o próprio nome: Ponciá Vicêncio! Ponciá Vicêncio! Sentia-se como se estivesse chamando outra pessoa. Não ouvia o seu nome responder dentro de si. Inventava outros. Panda, Molenga, Quieti, nenhum lhe pertencia também. Ela, inominada, tremendo de medo, temia a brincadeira, mas insistia. A cabeça rodava no vazio, ela vazia se sentia sem nome. Sentia-se ninguém.
Sobre os excertos, considere as seguintes afirmações.
I - No fragmento I, identificam-se as relações de opressão e de poder entre os senhores e os povos escravizados.
II - No fragmento II, percebe-se a prática racista e discriminatória que, na época, subtraía dos povos negros o acesso à leitura e à escrita.
III- No fragmento III, reconhece-se a postura questionadora e sonhadora da protagonista no que tange à busca pela identidade.
Quais estão corretas?
Zé Rodrix e Tavito
Eu quero uma casa no campo
Onde eu possa compor
Muitos rocks rurais
E tenha somente a certeza
Dos amigos do peito e nada mais
Eu quero uma casa no campo
Onde eu possa ficar no tamanho da paz
E tenha somente a certeza
Dos limites no corpo e nada mais
Eu quero carneiros e cabras pastando solenes
No meu jardim
Eu quero o silêncio das línguas cansadas
Eu quero a esperança de óculos
E meu filho de cuca legal
Eu quero plantar e colher com a mão
A pimenta e o sal
Eu quero uma casa no campo
Do tamanho ideal, pau-a-pique e sapê
Onde eu possa plantar meus amigos
Meus discos, meus livros
E nada mais 9.
Confirmando o aspecto cíclico das tendências literárias, vários temas reaparecem na música contemporânea.
A letra dessa canção faz referência ao estilo de época
Insubmissas lágrimas de mulheres, da escritora Conceição Evaristo, é um livro que apresenta questões relativas à vida de uma parte da população feminina brasileira.
Sobre essa obra, assinale a alternativa CORRETA:
No bloco superior abaixo, estão listados títulos de alguns contos da obra Deixe o quarto como está, de Amilcar Bettega Barbosa; no inferior, fragmentos de textos a eles relacionados.
Associe adequadamente o bloco inferior ao superior.
1 - “Exílio”
2 - “Hereditário”
3 - “Insistência”
4 - “O encontro”
5 - “Para salvar Beth”
( ) “É um trabalho simples”, ele disse, “é só levar o cachorrinho lá e ficar esperando.” “Mas você nunca gostou de cachorro, Gil, lembra aquela vez que eu ganhei um filhote da Cris, quer dizer, da cadela da Cris?” Ela riu.
( ) Das poucas coisas que meu pai deixou, a mim coube uma pequena caixa recoberta por um veludo puído, dessas onde se guardavam os anéis de diamantes, pulseiras ou coisas assim.
( ) Chegaram à cidade com noite e cansaço e um táxi os tirou da chuva para pousá-los num quarto de pensão desconfortável, à espera de que uma noite de sono os refizesse novos e prontos para o encontro que não deveria tardar.
( ) “Vou fechar a loja e ir embora da cidade.” Quantas vezes esse pensamento já havia me rondado! Não que eu não gostasse da cidade, mas a loja ali não se sustentava.
A sequência correta de preenchimento dos parênteses, de cima para baixo, é
Um erro
Descobri um novo jeito
de encarar o espelho:
por partes, na maquiagem;
por inteiro,
uso luz
que vem da telha.
incrível
como a mulher
se vê culpada
quando se vê como velha.
Como se ela cometesse
um erro
que por culpa exclusiva dela
a maldição se desse;
como se acometida por mal
indigno e fatal;
como se o signo do tempo
viesse de um julgamento;
como se o tempo no corpo
fosse um diagnóstico
degradante e terminal.
CARVALHO, Luciene. Dona. 2 ed. Cuiabá: Carlini & Caniato, 2019.
Mário Cezar Silva Leite, no Prefácio de Dona, de Luciene Carvalho, afirma que “o que vem à tona, por essa Dona, e de tudo talvez o mais importante dessa poética de existir com e após os cinquenta anos, é que há já marcas nas mãos, mas as mãos fazem poesia!” (sic)
Considerando a obra Dona e o comentário do crítico, leia o poema e assinale a alternativa correta.
Uma noite, há anos, acordei bruscamente e uma estranha pergunta explodiu de minha boca. De que cor eram os olhos de minha mãe? [...]
Sempre ao lado de minha mãe, aprendi a conhecê-la. Decifrava o seu silêncio nas horas de dificuldades, como também sabia reconhecer, em seus gestos, prenúncios de possíveis alegrias. Naquele momento, entretanto, me descobria cheia de culpa, por não recordar de que cor seriam os seus olhos. [...]
Eu me lembrava de algumas histórias da infância de minha mãe. [...] Às vezes, as histórias de minha mãe confundiam-se com as de minha própria infância. Lembro-me de que muitas vezes, quando a mãe cozinhava, da panela subia cheiro algum. Era como se cozinhasse, ali, apenas o nosso desesperado desejo de alimento. As labaredas, sob a água solitária que fervia na panela cheia de fome, pareciam debochar do vazio do nosso estômago, ignorando nossas bocas infantis em que as línguas brincavam a salivar sonho de comida. E era justamente nesses dias de parco ou nenhum alimento que ela mais brincava com as filhas. Nessas ocasiões a brincadeira preferida era aquela em que a mãe era a Senhora, a Rainha. Ela se assentava em seu trono, um pequeno banquinho de madeira. Felizes, colhíamos flores cultivadas em um pequeno pedaço de terra que circundava o nosso barraco.
E foi então que, tomada pelo desespero por não me lembrar de que cor seriam os olhos de minha mãe, naquele momento resolvi deixar tudo e, no dia seguinte, voltar à cidade em que nasci. [...]
E quando, após longos dias de viagem para chegar à minha terra, pude contemplar extasiada os olhos de minha mãe, sabem o que vi?
Vi só lágrimas e lágrimas. Entretanto, ela sorria feliz. Mas eram tantas lágrimas, que eu me perguntei se minha mãe tinha olhos ou rios caudalosos sobre a face. E só então compreendi. Minha mãe trazia, serenamente em si, águas correntezas. Por isso, prantos e prantos a enfeitar o seu rosto. A cor dos olhos de minha mãe era cor de olhos d’água. [...]
Conceição Evaristo, Olhos d’água. Rio de Janeiro: Pallas – Fundação Biblioteca Nacional, 2016.
Para reforçar a metáfora “cor de olhos d’água”, a autora do texto utiliza duas expressões relacionadas às águas: “rios caudalosos” e “águas correntezas”.
Essas locuções, além de exprimirem os sentimentos vivenciados pela mãe da narradora, também representam, respectivamente,
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