FAMP 2016/1
40 Questões
Texto para responder a questão.
Amor e Morte
Aquela Mulher não era má, de todo. Pelas lágrimas
fortes que esquentavam meu rosto e salgavam minha boca,
mas que já frias já rolavam. Diadorim, Diadorim, oh, ah,
[4] meus buritizais levados de verdes... Buriti, do ouro da flor...
E subiram as escadas com ele, em cima de mesa foi posto.
Diadorim, Diadorim – será que amereci só por metade?
[7] Com meus molhados olhos não olhei bem – como que
garças voavam... E que fossem campear velas ou tocha de
cera, e acender altas fogueiras de boa lenha, em volta do
[10] escuro do arraial...
Sufoquei, numa estrangulação de dó. Constante o que a
Mulher disse: carecia de se lavar e vestir o corpo. Piedade,
[13] como que ela mesma, embebendo toalha, limpou as faces de
Diadorim, casca de tão grosso sangue, repisado. E a beleza
dele permanecia, só permanecia, mais impossivelmente.
[16] Mesmo como jazendo assim, nesse pó de palidez, feito a
coisa e máscara, sem gota nenhuma. Os olhos dele ficados
para a gente ver. A cara economizada, a boca secada. Os
[19] cabelos com marca de duráveis... Não escrevo, não falo! –
para assim não ser: não foi, não é, não fica sendo!
Diadorim...
[22] Eu dizendo que a Mulher ia lavar o corpo dele. Ela
rezava rezas da Bahia. Mandou todo o mundo sair. Eu
fiquei. E a Mulher abanou brandamente a cabeça, consoante
[25] deu um suspiro simples. Ela me mal-entendia. Não me
mostrou de propósito o corpo. E disse...
Diadorim – nu de tudo. E ela disse:
[28] – “A Deus dada. Pobrezinha...”
E disse. Eu conheci! Como em todo o tempo antes eu
não contei ao senhor – e mercê peço: – mas para o senhor
[31] divulgar comigo, a par, justo o travo de tanto segredo,
sabendo somente no átimo em que eu também só soube...
Que Diadorim era o corpo de uma mulher, moça perfeita...
[34] Estarreci. A dor não pode mais do que a surpresa. A coice
d’arma, de coronha...
Eu estendi as mãos para tocar naquele corpo e
[37] estremeci, retirando as mãos para trás, incendiável; abaixei
meus olhos. E a Mulher estendeu a toalha, recobrindo as
partes. Mas aqueles olhos eu beijei, e as faces, a boca.
[40] Adivinhava os cabelos. Cabelos que cortou com tesoura de
prata... Cabelos que, no só ser, haviam de dar para baixo da
cintura... E eu não sabia por que nome chamar; eu exclamei
[43] me doendo:
– “Meu amor!...”
ROSA, Guimarães. Disponível em: http://www.nilc.icmc.usp.br/nilc/ literatura/grandesert.o.veredas. Acesso em: 22 set. 2015 (fragmento), com adaptações.
Com base nas informações do texto e na linguagem nele utilizada, assinale a alternativa correta.
Texto para responder a questão.
Amor e Morte
Aquela Mulher não era má, de todo. Pelas lágrimas
fortes que esquentavam meu rosto e salgavam minha boca,
mas que já frias já rolavam. Diadorim, Diadorim, oh, ah,
[4] meus buritizais levados de verdes... Buriti, do ouro da flor...
E subiram as escadas com ele, em cima de mesa foi posto.
Diadorim, Diadorim – será que amereci só por metade?
[7] Com meus molhados olhos não olhei bem – como que
garças voavam... E que fossem campear velas ou tocha de
cera, e acender altas fogueiras de boa lenha, em volta do
[10] escuro do arraial...
Sufoquei, numa estrangulação de dó. Constante o que a
Mulher disse: carecia de se lavar e vestir o corpo. Piedade,
[13] como que ela mesma, embebendo toalha, limpou as faces de
Diadorim, casca de tão grosso sangue, repisado. E a beleza
dele permanecia, só permanecia, mais impossivelmente.
[16] Mesmo como jazendo assim, nesse pó de palidez, feito a
coisa e máscara, sem gota nenhuma. Os olhos dele ficados
para a gente ver. A cara economizada, a boca secada. Os
[19] cabelos com marca de duráveis... Não escrevo, não falo! –
para assim não ser: não foi, não é, não fica sendo!
Diadorim...
[22] Eu dizendo que a Mulher ia lavar o corpo dele. Ela
rezava rezas da Bahia. Mandou todo o mundo sair. Eu
fiquei. E a Mulher abanou brandamente a cabeça, consoante
[25] deu um suspiro simples. Ela me mal-entendia. Não me
mostrou de propósito o corpo. E disse...
Diadorim – nu de tudo. E ela disse:
[28] – “A Deus dada. Pobrezinha...”
E disse. Eu conheci! Como em todo o tempo antes eu
não contei ao senhor – e mercê peço: – mas para o senhor
[31] divulgar comigo, a par, justo o travo de tanto segredo,
sabendo somente no átimo em que eu também só soube...
Que Diadorim era o corpo de uma mulher, moça perfeita...
[34] Estarreci. A dor não pode mais do que a surpresa. A coice
d’arma, de coronha...
Eu estendi as mãos para tocar naquele corpo e
[37] estremeci, retirando as mãos para trás, incendiável; abaixei
meus olhos. E a Mulher estendeu a toalha, recobrindo as
partes. Mas aqueles olhos eu beijei, e as faces, a boca.
[40] Adivinhava os cabelos. Cabelos que cortou com tesoura de
prata... Cabelos que, no só ser, haviam de dar para baixo da
cintura... E eu não sabia por que nome chamar; eu exclamei
[43] me doendo:
– “Meu amor!...”
ROSA, Guimarães. Disponível em: http://www.nilc.icmc.usp.br/nilc/ literatura/grandesert.o.veredas. Acesso em: 22 set. 2015 (fragmento), com adaptações.
Considerando a relação estabelecida entre o texto, a obra “Grande Sertão: Veredas” e o Modernismo brasileiro, assinale a alternativa correta.
Texto para responder a questão.
Amor e Morte
Aquela Mulher não era má, de todo. Pelas lágrimas
fortes que esquentavam meu rosto e salgavam minha boca,
mas que já frias já rolavam. Diadorim, Diadorim, oh, ah,
[4] meus buritizais levados de verdes... Buriti, do ouro da flor...
E subiram as escadas com ele, em cima de mesa foi posto.
Diadorim, Diadorim – será que amereci só por metade?
[7] Com meus molhados olhos não olhei bem – como que
garças voavam... E que fossem campear velas ou tocha de
cera, e acender altas fogueiras de boa lenha, em volta do
[10] escuro do arraial...
Sufoquei, numa estrangulação de dó. Constante o que a
Mulher disse: carecia de se lavar e vestir o corpo. Piedade,
[13] como que ela mesma, embebendo toalha, limpou as faces de
Diadorim, casca de tão grosso sangue, repisado. E a beleza
dele permanecia, só permanecia, mais impossivelmente.
[16] Mesmo como jazendo assim, nesse pó de palidez, feito a
coisa e máscara, sem gota nenhuma. Os olhos dele ficados
para a gente ver. A cara economizada, a boca secada. Os
[19] cabelos com marca de duráveis... Não escrevo, não falo! –
para assim não ser: não foi, não é, não fica sendo!
Diadorim...
[22] Eu dizendo que a Mulher ia lavar o corpo dele. Ela
rezava rezas da Bahia. Mandou todo o mundo sair. Eu
fiquei. E a Mulher abanou brandamente a cabeça, consoante
[25] deu um suspiro simples. Ela me mal-entendia. Não me
mostrou de propósito o corpo. E disse...
Diadorim – nu de tudo. E ela disse:
[28] – “A Deus dada. Pobrezinha...”
E disse. Eu conheci! Como em todo o tempo antes eu
não contei ao senhor – e mercê peço: – mas para o senhor
[31] divulgar comigo, a par, justo o travo de tanto segredo,
sabendo somente no átimo em que eu também só soube...
Que Diadorim era o corpo de uma mulher, moça perfeita...
[34] Estarreci. A dor não pode mais do que a surpresa. A coice
d’arma, de coronha...
Eu estendi as mãos para tocar naquele corpo e
[37] estremeci, retirando as mãos para trás, incendiável; abaixei
meus olhos. E a Mulher estendeu a toalha, recobrindo as
partes. Mas aqueles olhos eu beijei, e as faces, a boca.
[40] Adivinhava os cabelos. Cabelos que cortou com tesoura de
prata... Cabelos que, no só ser, haviam de dar para baixo da
cintura... E eu não sabia por que nome chamar; eu exclamei
[43] me doendo:
– “Meu amor!...”
ROSA, Guimarães. Disponível em: http://www.nilc.icmc.usp.br/nilc/ literatura/grandesert.o.veredas. Acesso em: 22 set. 2015 (fragmento), com adaptações.
Caso o autor, em conformidade com as regras prescritas pela norma-padrão quanto ao uso das conjunções e da vírgula, resolvesse reunir as orações “Mandou todo o mundo sair. Eu fiquei.” (linhas 23 e 24) em um só período, preservando o sentido original do texto, a nova redação deveria ser a seguinte:
Texto para responder a questão.
Para que serve a literatura?
A literatura é a arte da palavra. Podemos dizer que a
literatura, assim como a língua que ela utiliza, é um
instrumento de comunicação e de interação social, ela
[4] cumpre o papel de transmitir os conhecimentos e a cultura
de uma comunidade.
A literatura está vinculada à sociedade em que se
[7] origina, assim como todo tipo de arte, pois o artista não
consegue ser indiferente à realidade.
A obra literária é resultado das relações dinâmicas
[10] entre escritor, público e sociedade, porque, através de suas
obras, o artista transmite seus sentimentos e ideias do
mundo, levando seu leitor à reflexão e até mesmo à
[13] mudança de posição perante a realidade. Assim, a literatura
auxilia no processo de transformação social.
CABRAL, Marina. Disponível em: http://www.brasilescola.com/literatura/para-que-serve-a-literatura.htm. Acesso em: 23 set. 2015 (fragmento).
Com base na análise das partes que compõem o texto, assinale a alternativa que apresenta um trecho que mantém relação direta e explícita com a pergunta “Para que serve a literatura?” (título).
Texto para responder a questão.
Para que serve a literatura?
A literatura é a arte da palavra. Podemos dizer que a
literatura, assim como a língua que ela utiliza, é um
instrumento de comunicação e de interação social, ela
[4] cumpre o papel de transmitir os conhecimentos e a cultura
de uma comunidade.
A literatura está vinculada à sociedade em que se
[7] origina, assim como todo tipo de arte, pois o artista não
consegue ser indiferente à realidade.
A obra literária é resultado das relações dinâmicas
[10] entre escritor, público e sociedade, porque, através de suas
obras, o artista transmite seus sentimentos e ideias do
mundo, levando seu leitor à reflexão e até mesmo à
[13] mudança de posição perante a realidade. Assim, a literatura
auxilia no processo de transformação social.
CABRAL, Marina. Disponível em: http://www.brasilescola.com/literatura/para-que-serve-a-literatura.htm. Acesso em: 23 set. 2015 (fragmento).
No segundo parágrafo, o emprego do acento indicativo de crase
Texto para responder a questão.
Para que serve a literatura?
A literatura é a arte da palavra. Podemos dizer que a
literatura, assim como a língua que ela utiliza, é um
instrumento de comunicação e de interação social, ela
[4] cumpre o papel de transmitir os conhecimentos e a cultura
de uma comunidade.
A literatura está vinculada à sociedade em que se
[7] origina, assim como todo tipo de arte, pois o artista não
consegue ser indiferente à realidade.
A obra literária é resultado das relações dinâmicas
[10] entre escritor, público e sociedade, porque, através de suas
obras, o artista transmite seus sentimentos e ideias do
mundo, levando seu leitor à reflexão e até mesmo à
[13] mudança de posição perante a realidade. Assim, a literatura
auxilia no processo de transformação social.
CABRAL, Marina. Disponível em: http://www.brasilescola.com/literatura/para-que-serve-a-literatura.htm. Acesso em: 23 set. 2015 (fragmento).
De acordo com a norma-padrão e o emprego dos pronomes no texto, assinale a alternativa a correta.