UEA - SIS 2017 3ª Etapa
64 Questões
Um dos tópicos explorados por Euclides da Cunha (1866-1909) na obra Os sertões refere-se
Os sertões chegou livrarias em 2 de dezembro de 1902, no dia seguinte desembarque, na capital da República, de José Maria da Silva Paranhos Júnior, o barão do Rio Branco, vindo de Berlim para assumir Ministério das Relações Exteriores do governo Rodrigues Alves (1902-1906). De seu autor, Euclides da Cunha, já se disse que dormiu obscuro e acordou célebre, conforme pitoresca expressão do crítico Sílvio Romero.
(Roberto Ventura. Os sertões (Folha explica), 2002. Adaptado.)
Assinale a alternativa que preenche, correta e respectivamente, as lacunas do texto.
Leia o trecho de Os sertões, de Euclides da Cunha (1866-1909), para responder à questão.
O sertanejo é, antes de tudo, um forte. Não tem o raquitismo exaustivo dos mestiços neurastênicos do litoral.
A sua aparência, entretanto, ao primeiro lance de vista, revela o contrário. Falta-lhe a plástica impecável, o desempeno, a estrutura corretíssima das organizações atléticas.
É desgracioso, desengonçado, torto. Hércules-Quasímodo, reflete no aspecto a fealdade típica dos fracos. O andar sem firmeza, sem aprumo, quase gingante e sinuoso, aparenta a translação de membros desarticulados. Agrava-o a postura normalmente abatida, num manifestar de displicência que lhe dá um caráter de humildade deprimente. A pé, quando parado, recosta-se invariavelmente ao primeiro umbral ou parede que encontra; a cavalo, se sofreia o animal para trocar duas palavras com um conhecido, cai logo sobre um dos estribos, descansando sobre a espenda da sela. Caminhando, mesmo a passo rápido, não traça trajetória retilínea e firme. Avança celeremente, num bambolear característico, de que parecem ser o traço geométrico os meandros das trilhas sertanejas. E se na marcha estaca pelo motivo mais vulgar, para enrolar um cigarro, bater o isqueiro, ou travar ligeira conversa com um amigo, cai logo — cai é o termo — de cócoras, atravessando largo tempo numa posição de equilíbrio instável, em que todo o seu corpo fica suspenso pelos dedos grandes dos pés, sentado sobre os calcanhares, com uma simplicidade a um tempo ridícula e adorável.
(Os sertões, 2001.)
Em “A sua aparência, entretanto, ao primeiro lance de vista, revela o contrário.” (2° parágrafo), o termo destacado pode ser substituído, sem prejuízo para o sentido do texto, por:
Leia o trecho de Os sertões, de Euclides da Cunha (1866-1909), para responder à questão.
O sertanejo é, antes de tudo, um forte. Não tem o raquitismo exaustivo dos mestiços neurastênicos do litoral.
A sua aparência, entretanto, ao primeiro lance de vista, revela o contrário. Falta-lhe a plástica impecável, o desempeno, a estrutura corretíssima das organizações atléticas.
É desgracioso, desengonçado, torto. Hércules-Quasímodo, reflete no aspecto a fealdade típica dos fracos. O andar sem firmeza, sem aprumo, quase gingante e sinuoso, aparenta a translação de membros desarticulados. Agrava-o a postura normalmente abatida, num manifestar de displicência que lhe dá um caráter de humildade deprimente. A pé, quando parado, recosta-se invariavelmente ao primeiro umbral ou parede que encontra; a cavalo, se sofreia o animal para trocar duas palavras com um conhecido, cai logo sobre um dos estribos, descansando sobre a espenda da sela. Caminhando, mesmo a passo rápido, não traça trajetória retilínea e firme. Avança celeremente, num bambolear característico, de que parecem ser o traço geométrico os meandros das trilhas sertanejas. E se na marcha estaca pelo motivo mais vulgar, para enrolar um cigarro, bater o isqueiro, ou travar ligeira conversa com um amigo, cai logo — cai é o termo — de cócoras, atravessando largo tempo numa posição de equilíbrio instável, em que todo o seu corpo fica suspenso pelos dedos grandes dos pés, sentado sobre os calcanhares, com uma simplicidade a um tempo ridícula e adorável.
(Os sertões, 2001.)
“a cavalo, se sofreia o animal para trocar duas palavras com um conhecido, cai logo sobre um dos estribos, descansando sobre a espenda da sela.” (3° parágrafo)
Em relação ao trecho que o sucede, o trecho destacado tem sentido de
O estilo rebuscado e pomposo característico de Os sertões, de Euclides da Cunha, afasta-se, em larga medida, do estilo conciso e lacônico de
Leia o “Poema de sete faces”, do escritor Carlos Drummond de Andrade (1902-1987), para responder à questão.
Quando nasci, um anjo torto
desses que vivem na sombra
disse: Vai, Carlos! ser gauche1 na vida.
As casas espiam os homens
que correm atrás de mulheres.
A tarde talvez fosse azul,
não houvesse tantos desejos.
O bonde passa cheio de pernas:
pernas brancas pretas amarelas.
Para que tanta perna, meu Deus, pergunta meu coração.
Porém meus olhos
não perguntam nada.
O homem atrás do bigode
é sério, simples e forte.
Quase não conversa.
Tem poucos, raros amigos
o homem atrás dos óculos e do bigode.
Meu Deus, por que me abandonaste
se sabias que eu não era Deus,
se sabias que eu era fraco.
Mundo mundo vasto mundo,
se eu me chamasse Raimundo
seria uma rima, não seria uma solução.
Mundo mundo vasto mundo,
mais vasto é meu coração.
Eu não devia te dizer
mas essa lua
mas esse conhaque
botam a gente comovido como o diabo.
(Antologia poética, 1995.)
1 gauche: indivíduo desajeitado, inseguro.
A temática da solidão do eu lírico é explorada, sobretudo, nas estrofes