Prova ESPM 2012/2
80 Questões
Ficha Limpa e vontade popular
Inicialmente, confesso que me causou alguma surpresa a forma pela qual a decisão final do Supremo Tribunal Federal foi recebida pela sociedade, a partir do que pude extrair dos veículos de comunicação
Não há dúvida de que a sociedade anseia pela moralização da política e de que as disposições da referida lei (da Ficha Limpa) - ainda que algumas passíveis de discussão relevante -contribuem para tanto.
A sociedade repudia cada vez mais a participação no processo eleitoral daqueles cujo comportamento não se afina com a preservação da coisa pública. Assim, a aplicação da lei, tão logo seja constitucionalmente viável, satisfaz os anseios da sociedade.
Contudo, há nisso tudo um paradoxo: o voto é, quiçá, a mais importante forma de expressão da vontade da sociedade; mais até do que a vontade expressa pelo Legislativo quando edita uma lei e seguramente mais do que aquela expressa em decisões judiciais.
Portanto, seria de se esperar que o primeiro e mais veemente repúdio aos “fichas sujas” viesse pelo voto popular. Na pureza do raciocínio, não deveria ser preciso que uma lei dissesse ao cidadão que não pode votar em um “ficha suja”, porque se o desejo da sociedade é o de moralização, então ela está pronta a garantir sua vontade pelo voto, não pela aplicação de uma lei.
Dir-se-á que falta ao cidadão informação ou que ele é manipulado. Mas a realidade mostrou que candidatos “fichas sujas”, cujo passado era bem conhecido, foram eleitos com votação expressiva.
Então, a tese da ignorância é quando menos discutível, como a da manipulação. Sobre esta, há um quê de veleidade -de todos nós, seres humanos- ao dizermos que os outros são manipulados e que nós não somos. Há, enfim, uma certa presunção -de novo, de todos nós- em dizer que os outros são incapazes de discernir o certo do errado e que nós sabemos bem a diferença. Sabemos mesmo?
E, afinal de contas, se o problema é de manipulação, então a melhor solução talvez não esteja exatamente nas restrições impostas às condições de elegibilidade, mas no aperfeiçoamento dos mecanismos de controle do abuso do poder político e econômico, porque estes sim vão ao cerne do problema da formação da vontade popular, que todos nós queremos ver preservada
(FLÁVIO LUIZ YARSHELL é professor titular da Faculdade de Direito da USP e juiz do Tribunal Regional Eleitoral de SP, Folha de SP, 30/03/2011, adaptado)
A ideia central do texto é:
Ficha Limpa e vontade popular
Inicialmente, confesso que me causou alguma surpresa a forma pela qual a decisão final do Supremo Tribunal Federal foi recebida pela sociedade, a partir do que pude extrair dos veículos de comunicação
Não há dúvida de que a sociedade anseia pela moralização da política e de que as disposições da referida lei (da Ficha Limpa) - ainda que algumas passíveis de discussão relevante -contribuem para tanto.
A sociedade repudia cada vez mais a participação no processo eleitoral daqueles cujo comportamento não se afina com a preservação da coisa pública. Assim, a aplicação da lei, tão logo seja constitucionalmente viável, satisfaz os anseios da sociedade.
Contudo, há nisso tudo um paradoxo: o voto é, quiçá, a mais importante forma de expressão da vontade da sociedade; mais até do que a vontade expressa pelo Legislativo quando edita uma lei e seguramente mais do que aquela expressa em decisões judiciais.
Portanto, seria de se esperar que o primeiro e mais veemente repúdio aos “fichas sujas” viesse pelo voto popular. Na pureza do raciocínio, não deveria ser preciso que uma lei dissesse ao cidadão que não pode votar em um “ficha suja”, porque se o desejo da sociedade é o de moralização, então ela está pronta a garantir sua vontade pelo voto, não pela aplicação de uma lei.
Dir-se-á que falta ao cidadão informação ou que ele é manipulado. Mas a realidade mostrou que candidatos “fichas sujas”, cujo passado era bem conhecido, foram eleitos com votação expressiva.
Então, a tese da ignorância é quando menos discutível, como a da manipulação. Sobre esta, há um quê de veleidade -de todos nós, seres humanos- ao dizermos que os outros são manipulados e que nós não somos. Há, enfim, uma certa presunção -de novo, de todos nós- em dizer que os outros são incapazes de discernir o certo do errado e que nós sabemos bem a diferença. Sabemos mesmo?
E, afinal de contas, se o problema é de manipulação, então a melhor solução talvez não esteja exatamente nas restrições impostas às condições de elegibilidade, mas no aperfeiçoamento dos mecanismos de controle do abuso do poder político e econômico, porque estes sim vão ao cerne do problema da formação da vontade popular, que todos nós queremos ver preservada
(FLÁVIO LUIZ YARSHELL é professor titular da Faculdade de Direito da USP e juiz do Tribunal Regional Eleitoral de SP, Folha de SP, 30/03/2011, adaptado)
Infere-se do texto que:
Ficha Limpa e vontade popular
Inicialmente, confesso que me causou alguma surpresa a forma pela qual a decisão final do Supremo Tribunal Federal foi recebida pela sociedade, a partir do que pude extrair dos veículos de comunicação
Não há dúvida de que a sociedade anseia pela moralização da política e de que as disposições da referida lei (da Ficha Limpa) - ainda que algumas passíveis de discussão relevante -contribuem para tanto.
A sociedade repudia cada vez mais a participação no processo eleitoral daqueles cujo comportamento não se afina com a preservação da coisa pública. Assim, a aplicação da lei, tão logo seja constitucionalmente viável, satisfaz os anseios da sociedade.
Contudo, há nisso tudo um paradoxo: o voto é, quiçá, a mais importante forma de expressão da vontade da sociedade; mais até do que a vontade expressa pelo Legislativo quando edita uma lei e seguramente mais do que aquela expressa em decisões judiciais.
Portanto, seria de se esperar que o primeiro e mais veemente repúdio aos “fichas sujas” viesse pelo voto popular. Na pureza do raciocínio, não deveria ser preciso que uma lei dissesse ao cidadão que não pode votar em um “ficha suja”, porque se o desejo da sociedade é o de moralização, então ela está pronta a garantir sua vontade pelo voto, não pela aplicação de uma lei.
Dir-se-á que falta ao cidadão informação ou que ele é manipulado. Mas a realidade mostrou que candidatos “fichas sujas”, cujo passado era bem conhecido, foram eleitos com votação expressiva.
Então, a tese da ignorância é quando menos discutível, como a da manipulação. Sobre esta, há um quê de veleidade -de todos nós, seres humanos- ao dizermos que os outros são manipulados e que nós não somos. Há, enfim, uma certa presunção -de novo, de todos nós- em dizer que os outros são incapazes de discernir o certo do errado e que nós sabemos bem a diferença. Sabemos mesmo?
E, afinal de contas, se o problema é de manipulação, então a melhor solução talvez não esteja exatamente nas restrições impostas às condições de elegibilidade, mas no aperfeiçoamento dos mecanismos de controle do abuso do poder político e econômico, porque estes sim vão ao cerne do problema da formação da vontade popular, que todos nós queremos ver preservada
(FLÁVIO LUIZ YARSHELL é professor titular da Faculdade de Direito da USP e juiz do Tribunal Regional Eleitoral de SP, Folha de SP, 30/03/2011, adaptado)
O texto conclui que:
Ficha Limpa e vontade popular
Inicialmente, confesso que me causou alguma surpresa a forma pela qual a decisão final do Supremo Tribunal Federal foi recebida pela sociedade, a partir do que pude extrair dos veículos de comunicação
Não há dúvida de que a sociedade anseia pela moralização da política e de que as disposições da referida lei (da Ficha Limpa) - ainda que algumas passíveis de discussão relevante -contribuem para tanto.
A sociedade repudia cada vez mais a participação no processo eleitoral daqueles cujo comportamento não se afina com a preservação da coisa pública. Assim, a aplicação da lei, tão logo seja constitucionalmente viável, satisfaz os anseios da sociedade.
Contudo, há nisso tudo um paradoxo: o voto é, quiçá, a mais importante forma de expressão da vontade da sociedade; mais até do que a vontade expressa pelo Legislativo quando edita uma lei e seguramente mais do que aquela expressa em decisões judiciais.
Portanto, seria de se esperar que o primeiro e mais veemente repúdio aos “fichas sujas” viesse pelo voto popular. Na pureza do raciocínio, não deveria ser preciso que uma lei dissesse ao cidadão que não pode votar em um “ficha suja”, porque se o desejo da sociedade é o de moralização, então ela está pronta a garantir sua vontade pelo voto, não pela aplicação de uma lei.
Dir-se-á que falta ao cidadão informação ou que ele é manipulado. Mas a realidade mostrou que candidatos “fichas sujas”, cujo passado era bem conhecido, foram eleitos com votação expressiva.
Então, a tese da ignorância é quando menos discutível, como a da manipulação. Sobre esta, há um quê de veleidade -de todos nós, seres humanos- ao dizermos que os outros são manipulados e que nós não somos. Há, enfim, uma certa presunção -de novo, de todos nós- em dizer que os outros são incapazes de discernir o certo do errado e que nós sabemos bem a diferença. Sabemos mesmo?
E, afinal de contas, se o problema é de manipulação, então a melhor solução talvez não esteja exatamente nas restrições impostas às condições de elegibilidade, mas no aperfeiçoamento dos mecanismos de controle do abuso do poder político e econômico, porque estes sim vão ao cerne do problema da formação da vontade popular, que todos nós queremos ver preservada
(FLÁVIO LUIZ YARSHELL é professor titular da Faculdade de Direito da USP e juiz do Tribunal Regional Eleitoral de SP, Folha de SP, 30/03/2011, adaptado)
No segundo parágrafo, no trecho: “...contribuem para tanto.”, o termo em negrito se reporta a:
REACELERANDO?
Na análise do PIB 2011, é preciso escapar de uma pegadinha estatística: crescer 2,7% sobre 7,5% em 2010 foi um desempenho mais robusto, repito, em 2011, do que crescer 7,5% em 2010, sobre o PIB zero de 2009.
Para este ano, o mercado aposta em 3,3%, o governo joga com 3,5%. Ou até mais, se lançar, ainda em março, um pacote de bondades para a reaceleração da economia - que pode começar, já nesta quarta-feira, com corte de até 0,75 ponto percentual na taxa básica de juros, na reunião do Copom.
No mais, a ordem é aliviar o famigerado custo Brasil nos impostos suicidas, nos transportes travados, na burocracia pegajosa. Sem contar o enfrentamento dos apagões sociais de educação, saúde, habitação, saneamento, segurança e moralidade pública.Trabalho para 12 Hércules.
(www.joelmirbeting.com.br, seção “Análise do dia”, 06/03/2012)
Segundo o autor, a “pegadinha estatística” consiste em:
REACELERANDO?
Na análise do PIB 2011, é preciso escapar de uma pegadinha estatística: crescer 2,7% sobre 7,5% em 2010 foi um desempenho mais robusto, repito, em 2011, do que crescer 7,5% em 2010, sobre o PIB zero de 2009.
Para este ano, o mercado aposta em 3,3%, o governo joga com 3,5%. Ou até mais, se lançar, ainda em março, um pacote de bondades para a reaceleração da economia - que pode começar, já nesta quarta-feira, com corte de até 0,75 ponto percentual na taxa básica de juros, na reunião do Copom.
No mais, a ordem é aliviar o famigerado custo Brasil nos impostos suicidas, nos transportes travados, na burocracia pegajosa. Sem contar o enfrentamento dos apagões sociais de educação, saúde, habitação, saneamento, segurança e moralidade pública.Trabalho para 12 Hércules.
(www.joelmirbeting.com.br, seção “Análise do dia”, 06/03/2012)
Na frase: “a ordem é aliviar o famigerado custo Brasil nos impostos suicidas...”, o adjetivo em negrito, invariavelmente associado a valor pejorativo, possui, no entanto, sentido de dicionário de: