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Poema de sete faces
Quando nasci, um anjo torto
desses que vivem na sombra
disse: Vai Carlos! Ser gauche na vida.
As casas espiam os homens
que correm atrás de mulheres.
A tarde talvez fosse azul,
não houvesse tantos desejos.
O bonde passa cheio de pernas:
pernas brancas pretas amarelas.
Para que tanta perna, meu Deus, pergunta meu coração.
Porém meus olhos
não perguntam nada.
O homem atrás do bigode
é sério, simples e forte.
Quase não conversa.
Tem poucos, raros amigos
o homem atrás dos óculos e do bigode.
Meu Deus, por que me abandonaste
se sabias que eu não era Deus
se sabias que eu era fraco.
Mundo mundo vasto mundo,
se eu me chamasse Raimundo
seria uma rima, não seria uma solução.
Mundo mundo vasto mundo,
mais vasto é o meu coração.
Eu não devia te dizer
mas essa lua
mas esse conhaque
botam a gente comovido como o diabo.
(ANDRADE, Carlos Drummond de. In Nova Reunião - 19 Livros de Poesia / Carlos Drummond de Andrade. Rio de Janeiro. Ed. José Olímpio, 1983. p.3-4.)
Avalie as seguintes afirmações sobre o texto acima.
I – Como se observa, o poema de Carlos Drummond de Andrade apresenta sete estrofes, equivalentes às sete faces referidas no título.
II – Como numa colagem cubista, o poema revela uma aparente desconexão entre as estrofes, como se o poeta captasse flashes da realidade.
III – O poema pode ser tomado como autobiográfico, contribuindo para essa constatação, além da autocitação presente na primeira estrofe, todos os versos da quarta “face”.
IV – Ao identificar-se com um anjo, o poeta sugere uma visão de si mesmo como torto, ser às avessas, não enquadrado, incapaz de estabelecer uma ligação com a realidade circundante. Essa espécie de autocrítica jamais será totalmente deixada de lado nas obras subsequentes, em toda a trajetória poética do autor.
V – Definindo-se como gauche, Drummond, numa atitude de irreverência típica herdada da primeira fase modernista (que faz lembrar Oswald de Andrade), acena para o fato de que o humor e a ironia são os elementos essenciais desse poema, desvestido, assim, de qualquer intenção reflexiva ou filosófica.
Poema de sete faces
Quando nasci, um anjo torto
desses que vivem na sombra
disse: Vai Carlos! Ser gauche na vida.
As casas espiam os homens
que correm atrás de mulheres.
A tarde talvez fosse azul,
não houvesse tantos desejos.
O bonde passa cheio de pernas:
pernas brancas pretas amarelas.
Para que tanta perna, meu Deus, pergunta meu coração.
Porém meus olhos
não perguntam nada.
O homem atrás do bigode
é sério, simples e forte.
Quase não conversa.
Tem poucos, raros amigos
o homem atrás dos óculos e do bigode.
Meu Deus, por que me abandonaste
se sabias que eu não era Deus
se sabias que eu era fraco.
Mundo mundo vasto mundo,
se eu me chamasse Raimundo
seria uma rima, não seria uma solução.
Mundo mundo vasto mundo,
mais vasto é o meu coração.
Eu não devia te dizer
mas essa lua
mas esse conhaque
botam a gente comovido como o diabo.
(ANDRADE, Carlos Drummond de. In Nova Reunião - 19 Livros de Poesia / Carlos Drummond de Andrade. Rio de Janeiro. Ed. José Olímpio, 1983. p.3-4.)
Avalie as seguintes afirmações sobre o texto em questão.
I – Sem deixar de lado o humor irônico, o poeta, na terceira estrofe, alude ao desajustamento entre a realidade interior e a exterior, aliado à percepção da sexualidade.
II - Servindo-se do recurso da intertextualidade (“Meu Deus, por que me abandonaste”), o poeta evidencia certo índice de religiosidade, que serve de contraponto ao espírito até certo ponto galhofeiro da estrofe seguinte.
III – Numa perspectiva metalinguística, o poeta, na sexta estrofe, sugere que a atividade poética não consiste apenas em fazer rimas, condenando dessa maneira o esteticismo, o beletrismo contra os quais os modernistas, como ele, insurgiram-se.
IV – Com os dois últimos versos da sexta estrofe, o poeta pretende afirmar que seu “coração” é separado do mundo, confirmando seu individualismo e isolamento em relação ao meio social, características da fase inicial de sua obra, identificada como fase irônica (ou fase gauche).
V – A última estrofe do poema mostra que, diferentemente dos poetas da primeira fase modernista (da qual retém o humor irônico), Drummond não recusa o lirismo, elemento que será depurado ao longo de sua obra.
Poema de sete faces
Quando nasci, um anjo torto
desses que vivem na sombra
disse: Vai Carlos! Ser gauche na vida.
As casas espiam os homens
que correm atrás de mulheres.
A tarde talvez fosse azul,
não houvesse tantos desejos.
O bonde passa cheio de pernas:
pernas brancas pretas amarelas.
Para que tanta perna, meu Deus, pergunta meu coração.
Porém meus olhos
não perguntam nada.
O homem atrás do bigode
é sério, simples e forte.
Quase não conversa.
Tem poucos, raros amigos
o homem atrás dos óculos e do bigode.
Meu Deus, por que me abandonaste
se sabias que eu não era Deus
se sabias que eu era fraco.
Mundo mundo vasto mundo,
se eu me chamasse Raimundo
seria uma rima, não seria uma solução.
Mundo mundo vasto mundo,
mais vasto é o meu coração.
Eu não devia te dizer
mas essa lua
mas esse conhaque
botam a gente comovido como o diabo.
(ANDRADE, Carlos Drummond de. In Nova Reunião - 19 Livros de Poesia / Carlos Drummond de Andrade. Rio de Janeiro. Ed. José Olímpio, 1983. p.3-4.)
“Poema de Sete Faces” abre o livro “Alguma Poesia” (1932), o primeiro publicado por Carlos Drummond de Andrade (1902/1987). A ele segue “Brejo das Almas”(1934). As duas obras constituem a primeira fase da trajetória poética do autor, a que se chamou poesia irônica (ou gauchismo).
A seguir, colocam-se textos dessa fase, cabendo a você assinalar a alternativa em que não há perfeita correspondência entre eles e os comentários feitos.
Poema de sete faces
Quando nasci, um anjo torto
desses que vivem na sombra
disse: Vai Carlos! Ser gauche na vida.
As casas espiam os homens
que correm atrás de mulheres.
A tarde talvez fosse azul,
não houvesse tantos desejos.
O bonde passa cheio de pernas:
pernas brancas pretas amarelas.
Para que tanta perna, meu Deus, pergunta meu coração.
Porém meus olhos
não perguntam nada.
O homem atrás do bigode
é sério, simples e forte.
Quase não conversa.
Tem poucos, raros amigos
o homem atrás dos óculos e do bigode.
Meu Deus, por que me abandonaste
se sabias que eu não era Deus
se sabias que eu era fraco.
Mundo mundo vasto mundo,
se eu me chamasse Raimundo
seria uma rima, não seria uma solução.
Mundo mundo vasto mundo,
mais vasto é o meu coração.
Eu não devia te dizer
mas essa lua
mas esse conhaque
botam a gente comovido como o diabo.
(ANDRADE, Carlos Drummond de. In Nova Reunião - 19 Livros de Poesia / Carlos Drummond de Andrade. Rio de Janeiro. Ed. José Olímpio, 1983. p.3-4.)
Assinale a alternativa que traz incorreção sobre os aspectos considerados sobre o texto.
Poema de sete faces
Quando nasci, um anjo torto
desses que vivem na sombra
disse: Vai Carlos! Ser gauche na vida.
As casas espiam os homens
que correm atrás de mulheres.
A tarde talvez fosse azul,
não houvesse tantos desejos.
O bonde passa cheio de pernas:
pernas brancas pretas amarelas.
Para que tanta perna, meu Deus, pergunta meu coração.
Porém meus olhos
não perguntam nada.
O homem atrás do bigode
é sério, simples e forte.
Quase não conversa.
Tem poucos, raros amigos
o homem atrás dos óculos e do bigode.
Meu Deus, por que me abandonaste
se sabias que eu não era Deus
se sabias que eu era fraco.
Mundo mundo vasto mundo,
se eu me chamasse Raimundo
seria uma rima, não seria uma solução.
Mundo mundo vasto mundo,
mais vasto é o meu coração.
Eu não devia te dizer
mas essa lua
mas esse conhaque
botam a gente comovido como o diabo.
(ANDRADE, Carlos Drummond de. In Nova Reunião - 19 Livros de Poesia / Carlos Drummond de Andrade. Rio de Janeiro. Ed. José Olímpio, 1983. p.3-4.)
Observe as seguintes ocorrências verificadas no texto em questão, analisando as afirmações feitas sobre elas.
I - “...o homem atrás dos óculos e do bigode...” (verso 13)
- O vocábulo destacado recebe acento gráfico pela mesma razão por que deverão recebê-lo todos os da seguinte série: celere, egide, paroco, transfuga, avaro, exodo, polipo, ritmico, etiope, catecumeno, impudico, miope, ecloga, diaspora, lepido, interim, subtonica, noctivago.
II – “Meu Deus, por que me abandonaste...” (verso 18)
- Os elementos destacados (separados e sem acento gráfico) serão mantidos em todos os períodos seguintes: “Não havia ______reclamar das medidas do Governo.” / Sem saber ______, tinha pavor de música sertaneja.” / “______não te preocupas com o próximo?” / Não tenho ______me preocupar com a vida.” / “As ruas _______passei estavam bastante alagadas.”
III – “Quando nascI , um anjo torto...” (verso 1)
- Destacou-se no vocábulo assinalado a desinência número-pessoal, elemento mórfico que também ocorre, sem exceção, nas seguintes palavras do texto: vivem, espiam, abandonaste, sabias.
IV – “As casas espiam os homens, / que correm atrás de mulheres.” (versos 4 e 5)
- A colocação da vírgula (inexistente no texto original) acarretará, nesses versos, alteração de sentido.
V – “A tarde talvez foSSe azul...” (verso 6)
- O dígrafo SS destacado acima preencherá cada lacuna dos seguintes vocábulos: digre__ão, discu__ão, repercu__ão, endo__ar, obse__ão, a__essor, la__idão, suce__ão, te__itura.
Poema de sete faces
Quando nasci, um anjo torto
desses que vivem na sombra
disse: Vai Carlos! Ser gauche na vida.
As casas espiam os homens
que correm atrás de mulheres.
A tarde talvez fosse azul,
não houvesse tantos desejos.
O bonde passa cheio de pernas:
pernas brancas pretas amarelas.
Para que tanta perna, meu Deus, pergunta meu coração.
Porém meus olhos
não perguntam nada.
O homem atrás do bigode
é sério, simples e forte.
Quase não conversa.
Tem poucos, raros amigos
o homem atrás dos óculos e do bigode.
Meu Deus, por que me abandonaste
se sabias que eu não era Deus
se sabias que eu era fraco.
Mundo mundo vasto mundo,
se eu me chamasse Raimundo
seria uma rima, não seria uma solução.
Mundo mundo vasto mundo,
mais vasto é o meu coração.
Eu não devia te dizer
mas essa lua
mas esse conhaque
botam a gente comovido como o diabo.
(ANDRADE, Carlos Drummond de. In Nova Reunião - 19 Livros de Poesia / Carlos Drummond de Andrade. Rio de Janeiro. Ed. José Olímpio, 1983. p.3-4.)
Sobre aspectos presentes no texto de Drummond, são feitas as seguintes considerações.
I – “Tem poucos, raros amigos...” (verso 16)
- A forma verbal destacada poderá ser mantida, sem alteração, nos seguintes períodos: “Alfenas, Minas, todo o Brasil ____paixão por futebol.” / “____paixão por futebol ela e eu.” / A hiena ou o chacal _____seu hábitat nas savanas da África.” / “A maior parte dos manifestantes ____queixas contra o Governo.” / “Nenhum de vós ____paixão pelo futebol?”
II – “ As casas espiam os homens que correm atrás de mulheres.” (versos 4 e 5)
- O termo destacado exerce função sintática que será mantida, sem exceção, nos seguintes períodos: “Cão que ladra não morde.” / “Não se queixe da mão que o ampara.” / “É mais bela a flor que murcha depressa.” / “O silêncio é um amigo que nunca trai.” / “Conheço uma ilha que não consta dos mapas.”
III – “As casas espiam os homens.” (verso 4) / “O bonde passa cheio de pernas.” (verso 8)/ “Meus Deus, por que me abandonaste...” (verso 18)/ “Botam a gente comovido como o diabo” (verso 30).
- Notam-se, pela ordem, nesses versos, os seguintes recursos de linguagem: personificação, metonímia, apóstrofe e silepse.
IV – “Mundo mundo vasto mundo...” (verso 21)
- O vocábulo destacado poderá ser mantido, quanto ao número e ao gênero, em todos os seguites períodos: “Contemplo aqui ____planalto e planície.” / “Contemplo aqui planície e planalto ______.” / Parecia-me ______o planalto e a planície.” / “Contemplo aqui planície, planalto, mar e céu ______.” / “Sempre considerei _______a planície e o planalto.”
V – “As casas espiam os homens...” (verso 4)
- O vocábulo destacado tem como homônimo homófono a palavra expiam que, por sua vez, significa sofrer pena ou castigo. O mesmo fenômeno ocorre, por exemplo, com laço (nó) e lasso (frouxo, cansado).