Questões de Filosofia - Filosofia antiga - Platão
Em A República, diálogo de Platão (séc. IV a. C.), mais especificamente no Livro V, é apresentada, pela primeira vez, uma visão sobre gêneros, na qual o referido filósofo vai destacar o papel da mulher na estrutura da pólis (cidade). Para ele, se a alma é só uma, enquanto constituição, não se difere em suas potencialidades, independente do corpo ser masculino ou feminino.
[...] Portanto - prossegui eu - se se evidenciar que, ou o sexo masculino, ou o feminino, é superior um ao outro no exercício de uma arte ou de qualquer outra ocupação, diremos que se deverá confiar essa função a um deles. Se, porém, se vir que a diferença consiste apenas no facto de a mulher dar à luz e o homem procriar, nem por isso diremos que está mais bem demonstrado que a mulher difere do homem em relação ao que dizemos, mas continuaremos a pensar que os nossos guardiões e as suas mulheres devem desempenhar as mesmas funções. (A República, V, 454d-e).
Se, para o referido filósofo, as potências dos gêneros são as mesmas, de que forma, em sua filosofia, Platão propõe solucionar as funções a serem desempenhadas pelos dois gêneros?
“Começando por Homero, todos os poetas são imitadores da imagem da virtude e dos restantes assuntos sobre os quais compõem, mas não atingem a verdade. O poeta, por meio de palavras e frases, sabe colorir devidamente cada uma das atividades técnicas, sem entender nada delas, sabendo apenas imitá-las.”
PLATÃO. República, 600e-601a. – 9 ed. Trad. port. Maria Helena da Rocha Pereira. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 2001. – Adaptado.
Com base na passagem acima, é correto afirmar que, para Platão,
“A teologia, para mim, é uma grandeza cultural na história da cultura do Ocidente. Creio que é uma grandeza constitutiva da tradição, sobretudo, filosófica: o termo ‘teologia’ nasceu da filosofia, é um termo criado por Platão. [...] Quando a filosofia ultrapassa o domínio daquilo que, de alguma maneira, é diretamente acessível à experiência e controlado por ela, entra neste domínio que Platão chama de ‘suprassensível’, inteligível, ou como quer que seja. Este é, para mim, um domínio no qual o problema teológico se apresenta inevitavelmente, porque se apresenta o problema da ordem das realidades e toda ordem supõe um princípio ordenador, tornando-se então, de alguma maneira, uma teologia.”
VAZ, Henrique Claudio de Lima. Filosofia e forma da ação. Entrevista a Cadernos de filosofia alemã, 2, p. 77-102, 1997.
Na passagem acima citada, o filósofo brasileiro H. C. de Lima Vaz (1921-2002) apresenta uma interpretação do pensamento filosófico como uma teologia.
Recorrendo à filosofia de Platão para explicar essa sua interpretação, ele termina por nos oferecer uma interpretação da própria teoria platônica das ideias, que seria uma espécie de teologia, porque
Platão é o filósofo, discípulo e, simultaneamente, herdeiro de Sócrates. Ele apresenta, em seus textos filosóficos, narrativas denominadas de “Diálogos”, cujo personagem principal, em boa parte dessas narrativas, é seu mestre Sócrates. Em A República, sua maior obra, apresenta uma proposta para a Cidade de Atenas ser uma cidade feliz.
Platão é considerado um filósofo que
— É nesse ponto que eu estabeleço a distinção: para um lado os que ainda agora referiste — amadores de espetáculos, amigos das artes e homens de ação — e para outro aqueles de quem estamos a tratar, os únicos que com razão podem chamar-se filósofos.
— Que queres dizer?
— Os amadores de audições e de espetáculos encantam-se com as belas vozes, cores e formas e todas as obras feitas com tais elementos, embora o seu espírito seja incapaz de discernir e de amar a natureza do belo em si.
(Platão. A República, 2017. Adaptado.)
No excerto, Platão direciona aos artistas uma crítica que é fundamentada
Leia o texto a seguir
Não devemos admitir que também o discurso permite uma técnica por meio da qual se poderá levar aos ouvidos de jovens ainda separados por uma longa distância da verdade das coisas, palavras mágicas, e apresentar, a propósito de todas as coisas, ficções verbais, dando-lhes assim a ilusão de ser verdadeiro tudo o que ouvem e de que, quem assim lhes fala, tudo conhece melhor que ninguém?
PLATÃO. Sofista. 234c. Trad. Jorge Paleikat e João Cruz Costa. São Paulo: Abril Cultural, 1972. p. 160. Coleção Os Pensadores
Com base no texto e nos conhecimentos da análise de Platão sobre a técnica retórica dos sofistas, assinale a alternativa correta
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