Leia o texto abaixo, início da crônica “Um dia na vida de um chapéu”, de Domingos Pellegrini (São Paulo: Ática, 2006):
“O homem chega em casa e não deixa o chapéu no cabide, fala que vai deixar de usar chapéu. A mulher se espanta:
– Por quê? Desde mocinho você usa, continuou a usar quando todo mundo deixou, e agora...
– Tá virando moda – ele olha com nojo o chapéu. – Os chapéus estão voltando! Vi um sujeito de chapéu outro dia, jovem demais pra ser do tempo do chapéu, e depois vi outro, mais outro, aí perguntei numa loja, o vendedor falou ah, chapéu voltou a vender bem.
A clientela chapeleira, conforme o vendedor, vinha diminuindo ano a ano, morrendo; mas, agora, jovens e até adolescentes começam a usar chapéu, inclusive mulheres”.
A linguagem oral se diferencia da linguagem escrita por várias marcas de espontaneidade, o que o texto acima procura reproduzir. No caso, uma das marcas da oralidade que nele se observa é a seguinte: