Segundo Will Eisner, a linguagem dos quadrinhos é definida como gênero híbrido e arte sequencial.
Com base na tirinha, assinale a alternativa correta.
UMA MARIA QUARQUÉ
Kennya Silva
Eu sô uma Maria quarqué.
Uma dessas muié, qui vivi na roça,
qui viaja di carroça, di cavalo ou a pé.
Eu sô uma maria quarqué.
Dessas que acorda cedin, faz o bolo i o café, cuida
da casa du quintá,
dus bichin dos animá, qui sustenta o brasí di pé.
Eu sô uma maria quarqué
qui tira o leite da vaquinha, cuida das prantas i
das galinhas, sô maria muié de fé. Sô maria forte,
sô du su ou sô do norti num importa o lugar, in
quarqué parti du praneta ixisti uma Maria cuma
eu, qui luta cum fé i coragi na lida qui Deus lhe
deu.
Eu Sô uma Maria quarqué
Num sei falar ingrêz, num intendo di moda, uso
xita i xadrez,
Sô diferente di ocês, mas isso num mi incomoda.
Eu sô uma Maria quarqué
di vêz inguanto vô na cidade, inté cumpriendo seu
valô.
mais é aqui no mato qui tenho felicidade, sô
bonita do meu jeito também tenho vaidade.
Eu sô uma Maria quarqué
Sô da roça sim sinhô, sô caipira cum orguio, mas
trabaio cum amor.
Eu sô uma Maria quarqué.
qui só usei esse papé, pra chamar sua atenção pra
fazer ocê oiá ,cum o zói du coração pras tantas
Marias quaisquer, que vivem de realidade, que
retratam o amor à vida e a fé, que só desejam
ser respeitadas ao longo dessa jornada no seu
ranchinho de sapé.
Disponível em: http://www.agricultura.gov.br/noticias/produtora-rural-do-interiordo-para-traduz-em-poesia-os-desafios-das-mulheres-rurais. Acesso em: 23 set. 2019 (Adaptado).
Considerando esse texto e a variação linguística apresentada, assinale a alternativa correta.
ANTES DO NOME
Adélia Prado
Não me importa a palavra, esta corriqueira.
Quero é o esplêndido caos de onde emerge a sintaxe,
os sítios escuros onde nasce o «de», o «aliás», o
«o», o «porém» e o «que», esta incompreensível
muleta que me apoia.
Quem entender a linguagem entende Deus
cujo Filho é Verbo. Morre quem entender.
A palavra é disfarce de uma coisa mais grave, surdamuda,
foi inventada para ser calada.
Em momentos de graça, infrequentíssimos,
se poderá apanhá-la: um peixe vivo com a mão.
Puro susto e terror
Disponível em: http://www.citador.pt/poemas/antes-do-nome-adelia-prado. Acesso em: 11 set. 2019.
Com base nesse poema de Adélia Prado, é correto afirmar que
Considere a primeira estrofe do poema Língua Portuguesa, de Olavo Bilac.
Última flor do lácio, inculta e bela
És, a um tempo, esplendor e sepultura
Ouro nativo, que na ganga impura
A bruta mina entre os cascalhos vela [...]
Disponível em: https://www.letras.mus.br/olavo-bilac/lingua-portuguesa/. Acesso em: 15 ago. 2019 (Fragmento).
Considerando os versos 1 e 2, assinale a alternativa que contém a informação correta quanto ao sujeito da oração.
ASSIM NÃO DÁ, DEPUTADO!
Sírio Possenti
Um ditado popular diz que pelo dedo se conhece o gigante. Acho que não há, mas deveria haver, um ditado desse tipo com conotações negativas análogas, algo como "pela orelha se conhece o burro", assim como há o prêmio Ig-Nóbil, o avesso do Nobel, para "premiar" pesquisas esquisitas, e o Prêmio Santa Clara, que os colunistas de cultura atribuem aos piores programas e apresentadores da TV brasileira (as explicações dos jurados, às vezes, merecem o prêmio que concedem...). Mas não há um ditado com alcance negativo genérico, talvez porque seja mais difícil dar conta de todos os defeitos em que a humanidade se especializou do que de suas virtudes. Não há, mas devia haver. Se houvesse, e se eu pudesse opinar, ele iria para o deputado Aldo Rebelo. Ele tem tudo, aliás, para ser hors concours. É que ele não acerta uma quando se trata de língua. Explico.
No dia 02/02/2008, o colunista esportivo José Geraldo Couto escreveu na Folha de S.Paulo sobre a enorme quantidade de jogadores de futebol que tem nome estrangeiro, especialmente de origem anglo-americana - apesar de um ou outro Jean ou Pierre ou Juan. A certa altura, disse que podia parecer que estava engrossando o coro dos que, como o deputado Aldo Rebelo, querem defender a "pureza" da língua pátria. Mas que não era nada disso.
Alguns dias depois, o jornal publicou carta do deputado, que se queixava de ter entrado na coluna de Couto como Pilatos no Credo. É que seu projeto não diz nada sobre nomes estrangeiros, até porque, acrescenta, já são proibidos pelo Formulário Ortográfico (!).
José Geraldo dava especial destaque ao que chamou de processo de canibalização ao qual os nomes estrangeiros têm sido submetidos. Alain vira Allan, David vira Deivid, Michael vira Maicon, Holliwood vira Oliúde. Sem contar que a vida às vezes frustra o imaginário dos pais, já que, por exemplo, Ebert William Amâncio virou simplesmente Betão e Wanderson de Paula Sabino é conhecido como Somália.
Pois foi sobre isso que o deputado resolveu opinar. Escreveu que aquilo que o colunista chama de canibalização "nada mais é do que o aportuguesamento a que deveria ser submetida toda palavra estrangeira que entra em nosso idioma, com exceção dos sobrenomes. É por isso que chamamos o herói suíço de Guilherme, e não de Wilhelm Tell. Coisa nossa? Os espanhóis dizem Guillermo, os franceses, Guillaume, os italianos, Guglielmo".
A declaração tem dois problemas. Um é leve, poderia até ser esquecido, mas um pouco de precisão faz bem. Espanhóis, franceses e italianos não dizem Wilhelm das formas como o deputado acha que dizem: eles escrevem assim o nome equivalente na sua língua. As pronúncias são um pouco diferentes, e até variáveis. Guillermo, por exemplo, pode ser pronunciado pelo menos "guijermo" (pelos portenhos) e "guilhermo" (na pronúncia castelhana "padrão").
Mas o diabo é que Rebelo mencionou Maicon como exemplo.
Não dá, deputado. Pelo seu critério, o "aportuguesamento" de Michael deveria ser o velho e bom Miguel: se Wilhelm equivale a Guilherme, Michael equivale a Miguel. Elementar.
Para a grafia Maicon, o termo "canibalização" é bem mais adequado (lembremos que Patrícia Mello chamou Máiquel a seu herói em O matador). Se alguém decidisse aportuguesar Wilhelm seguindo os critérios adotados para "aportuguesar" Michael por Maicon, Giovanni por Geovane, Charles por Tiarles e Jefferson por Djiefferson etc., a solução não seria Guilherme, como o deputado afirmou, mas Wilirrelme ou Wilirreume ou Wilirrelmi ou Wilerreu(l)me(i) (etc., que a criatividade de pais e tabeliães é quase infinita).
POSSENTI. Sírio. Assim não dá, deputado. Disponível em: http://cronicasbrasil. blogspot.com/2012/07/assim-nao-da-deputado-sirio-possenti.html . Acesso em: 20 ago. 2019.
Com relação às ideias do texto, assinale a alternativa correta.
Leia o trecho a seguir.
A chuva caía meticulosamente, sem pressa de cessar. A palha do rancho porejava água, fedia a podre, derrubando dentro da casa uma infinidade de bichos que a sua podridão gerava. Ratos, sapos, baratas, grilos, aranhas, — o diabo refugiava-se ali dentro, fugindo à inundação, que aos poucos ia galgando a perambeira do morrote.
ÉLIS, Bernardo. Nhola dos Anjos e a cheia do Corumbá. In: -----. Almas de Goiás: obra reunida. Rio de Janeiro: José Olympio,1987 (Fragmento).
Assinale a alternativa que apresenta palavras com sentidos equivalentes aos das palavras destacadas no texto, na ordem em que se apresentam.