Mas e se a história estiver errada? E se o Iluminismo puder ser associado a lugares e pensadores que costumamos ignorar? Tais perguntas me assombram desde que topei com o trabalho de um filósofo etíope do século XVII: Zera Yacob (1599-1692), também grafado Zära Yaqob. (...)
Ele acreditava na primazia da razão e afirmava que todos os seres humanos, homens e mulheres, são criados iguais. Yacob argumentou contra a escravidão, criticou todas as religiões e doutrinas reconhecidas (...).
Em suma: muitos dos ideais mais elevados do Iluminismo foram concebidos e resumidos por um homem que trabalhou sozinho em uma caverna etíope de 1630 a 1632. (...)
Ele aponta, por exemplo, que o criador, em sua sabedoria, fez o sangue fluir mensalmente do útero das mulheres, para que elas possam gestar filhos. (...).
Desse modo, inclui em seu argumento filosófico a perspectiva da solidariedade, da mulher e do afeto. E ele próprio viveu segundo esses ideais.
(...) Depois de sair da caverna, pediu em casamento uma moça pobre chamada Hirut, que tinha a função de criada de uma família rica. (...) Consumada a união, ele declarou que ela não deveria mais ser serva, mas seu par, porque “marido e mulher estão em pé de igualdade no casamento”. (...)
Yacob enxergava a mulher sob ótica completamente diferente: como par intelectual do filósofo.
Disponível em: https://www.geledes.org.br. Acesso em: set. 2022. Adaptado.
O desenvolvimento das pesquisas historiográficas contribui para que o conhecimento sobre a história, seja ele dinâmico e inacabado.
Dessa forma, pode-se afirmar que