Era um cavalo todo feito em lavas
recoberto de brasas e de espinhos.
Pelas tardes amenas ele vinha
e lia o mesmo livro que eu folheava.
Depois lambia a página, e apagava
a memória dos versos mais doridos;
então a escuridão cobria o livro,
e o cavalo de fogo se encantava.
Bem se sabia que ele ainda ardia
na salsugem do livro subsistido
e transformado em vagas sublevadas.
Bem se sabia: o livro que ele lia
era a loucura do homem agoniado
em que o incubo cavalo se nutria.
LIMA, Jorge de. Canto quarto, poemas II e IV. In: Invenção de Orfeu. Disponível em: http:www.algumapoesia.com.br/poesia3/poesianet291.htm. Acesso em: 14 mai. 2016.
A leitura do poema evidencia uma situação que remete ao irreal, ao onírico, a imagens surpreendentes. Isso permite vincular o conteúdo do texto a uma determinada Vanguarda Europeia. Assinale a obra de arte que também está vinculada a essa vanguarda.