TEXTO:
[1] Em texto publicado no fim de maio, no The New
York Times, Gary Gutting, professor de filosofia da
Universidade de Notre-Dame, argumenta que os cursos
superiores deveriam deixar de centrar-se na transmissão
[5] de conhecimento por si e engajar os estudantes em
“exercícios intelectuais”. O autor cita o exemplo de seu
próprio curso, no qual explora com os estudantes obras
de Platão, Calvino e Nabokov. O objetivo é simplesmente
colocar os pupilos em contato com grandes textos. O
[10] que se ganha não é verniz cultural, mas o prazer de
explorar caminhos intelectuais e estéticos, de ampliar
a visão do mundo e da natureza humana.
Para o filósofo, a educação universitária pode ser
o espaço do explorador. O ensino, para ele, não deveria
[15] ser avaliado pela quantidade de informações transmitidas
e assimiladas, mas pela possibilidade de estimular uma
atitude de abertura a novos conhecimentos e pela
capacidade de assimilar novas ideias provocadas nos
estudantes. O conhecimento que vem do uso e da prática
[20] é o produto final de uma semente plantada na escola.
Naturalmente, as sociedades necessitam de
profissionais tecnicamente qualificados, capazes de
preencher as vagas nas empresas e desempenhar suas
tarefas. Profissões, como a medicina, a administração,
[25] a engenharia e a advocacia, exigem o domínio de grandes
corpos de conhecimento. Entretanto o simples domínio
desse saber não torna o detentor capaz de exercer uma
profissão. Empresas e outras organizações exigem cada
vez mais de seus funcionários a capacidade de entender
[30] o mundo ao redor, de pensar criativamente, de criar e de
agir com autonomia.
É a nossa base cultural, a permear a literatura, a
música, o cinema e o teatro, que contém os elementos
para desenvolver essas capacidades. São nossas
[35] viagens intelectuais pelo mundo das artes a nos
permitir escapar das convenções, olhar além dos
lugares-comuns, fazer conexões, pensar fora do
convencional e buscar novas ideias. Quem não tem a
oportunidade de mergulhar no amálgama cultural tem
[40] menores chances de desenvolver tais capacidades.
WOOD JR., Thomaz. A educação pela arte. Carta Capital. São Paulo: Confiança, n. 756, p. 48, 10 jul. 2013. Adaptado.
“É a nossa base cultural, a permear a literatura, a música, o cinema e o teatro, que contém os elementos para desenvolver essas capacidades.” (l. 32-34)
Os vocábulos em negrito formam uma expressão que denota