Conversar se tornou difícil. Não porque
podemos ter visões e convicções diferentes – ao
contrário, as diferenças tornariam as discussões
mais proveitosas. O que faz com que conversar
[5] tenha se tornado difícil é que, em geral, nosso
interlocutor só quer saber de que lado nós estamos.
As pessoas divergem, poderiam aproveitar sua
discordância; mas a maioria só quer “descobrir”,
entender, inventar ou decidir (apressadamente)
[10] de que lado está o outro. Em outras palavras, o
intento do debate não é articular a complexidade
dos fatos e das escolhas possíveis. Trata-se
apenas de saber se você é “um dos nossos” ou
não. Obviamente, quem não for “um dos nossos” é
[15] contra a gente. Não tente dizer que você não está
de lado algum. Ou melhor, tente, e isso será a
prova esperada de que você é “contra a gente”.
CALLIGARIS, Contardo. De que lado você está? Disponível em: . Acesso em: 3 abr. 2016. Adaptado.
O articulista revela como é difícil a interlocução, na atualidade, entre indivíduos que pensam de forma diferente, porque