Só mesmo São João Maria de Agostinho para dar um jeito nas coisas e endireitar a vida do povo. Somente ele! Em toda aquela região ficara profundamente gravada na lembrança dos mais velhos a imagem do homem que percorrera o sertão, anos antes. Esperanças ele trouxera para todos, quando pelo mundo peregrinava, auxiliando os oprimidos e consolando os aflitos. Ele se fora, mas os pobres, relembrando seus conselhos e palavras, neles encontravam lenitivo. Envolto em lenda ele surgira, no meio de uma lenda também desaparecera. Escondera-se no morro do Taió, havia anos, mas prometera voltar quando cumprisse a penitência. Esperavam-no. Mentira pura as notícias de sua morte. Quando muito ele fora ao céu, falar com Deus, mas regressaria para cuidar da sua gente. [...]
- São João Maria voltou!
-Voltou mesmo?
-Voltou. Meu pai falou com ele
Pediam detalhes. Vinha a explicação:
- Não é São João Maria, não.
- Então quem é?
-Dizem que é seu irmão.
- Ele tinha irmão?
- Tinha, sim. Ele sempre falou do irmão dele, monge também. Pois foi o irmão que veio, em lugar de São João Maria.
SASSI, Guido Vilmar. Geração do Deserto. Rio de Janeiro: Editora Civilização Brasileira, 1964, p. 06-15.
A Primeira República (1889-1930) foi marcada pela instabilidade política e econômica. Propunha uma modernização conservadora, sem participação popular. Nesse contexto eclodiram conflitos em diferentes pontos do território nacional. O texto acima reporta-se a: