A matéria-prima da poesia de Manoel de Barros tem seus limites no chão do Pantanal mato-grossense: a casa onde nasceu, os gravetos, os bichos, as aves, as pedras e a água. É um verdadeiro manancial no qual podemos observar a força obscura da terra, um mundo primitivo prenhe de riqueza visual, tátil, olfativa, permeado pelo humor, pela busca do ínfimo, do pequeno. No “Tratado das Grandezas do Ínfimo”, da obra O livro das ignorãças, 1994, sua preocupação é com o próprio fazer poético. Na obra de Barros, há forte incidência de poemas nos quais a mensagem está centrada no código. Aqui, é a linguagem falando do poeta
Profª Drª Nery Nice Biancalana Reiner.
REVISTA LUMEN ET VIRTUS. ISSN 2177-2789 VOL. IV Nº 8 FEVEREIRO/2013 (adaptado).
No Tratado das Grandezas de Ínfimo estava escrito:
Poesia é quando a tarde está competente para dálias.
É quando
ao lado de um pardal o dia dorme antes.
Quando o homem faz sua primeira lagartixa.
É quando um trevo assume a noite.
E um sapo engole as auroras.
BARROS, Manoel de. O livro das ignorãças. Rio de Janeiro: Alfaguara, 2016.
Sobre a poesia de Manoel de Barros, a partir da leitura do texto 1, constata-se que um recurso predominante no texto 2 é o(a)