Leia o excerto da reportagem “A floresta em chamas” para responder à questão.
Em 1985, o biólogo Christopher Uhl e o ecólogo Robert Buschbacher, ambos norte-americanos, foram os primeiros a falar de um tal “sinergismo perturbador” entre as queimadas promovidas pela pecuária e a exploração madeireira nas florestas de Paragominas, no estado do Pará. Alguns anos depois, dois outros pesquisadores, Mark Cochrane e Daniel Nepstad, também norte-americanos, junto a uma equipe de pesquisadores, se debruçaram sobre imagens de satélite da Amazônia para comprovar suas suspeitas: o pico de “desmatamento”, registrado pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) em 1995 — 30 mil km2 de florestas devastadas, a maior extensão da série histórica até hoje — era, em grande parte, produto do fogo. [...]
Os grandes incêndios florestais são sempre produto de uma interação entre vários elementos. O clima é um fator importante, mas não o único. As fagulhas das queimadas intencionais para limpar uma área ou renovar um pasto são essenciais para o fogo começar. Se a floresta continuasse intacta e úmida, como sempre foi desde os seus primórdios, o fogo não avançaria sobre ela. A explicação de Uhl e Buschbacher era simples: a exploração de madeira fazia fissuras no chão e no teto da floresta, o que tornava as florestas menos úmidas e, portanto, propícias ao fogo. “O resultado é um fogo de ocorrência tão comum que raramente encontramos uma floresta explorada em Paragominas que escapou dos incêndios nos últimos anos”, escreveram eles. Os autores ressalvaram que a exploração de madeira em si não seria grande motivo para preocupação, se fosse feita de forma seletiva e cuidadosa. Mas a prática se apresentava tão desmazelada que o estrago era enorme. “As motosserras derrubavam todas as árvores passíveis de colheita, cortando muito mais do que era realmente colhido […]. O resultado final são milhares de quilômetros quadrados de floresta cicatrizados com trilhas de correntão e carregados de madeira morta no chão que vai virar combustível.” Essa era a sinergia perturbadora revelada por eles. Mesmo que a intenção fosse explorar apenas as árvores com madeira de valor comercial, mantendo a floresta “em pé”, elas terminavam muito modificadas.
(Joice Ferreira. “A floresta em chamas”. https://piaui.folha.uol.com.br, setembro de 2021.)
O pico de “desmatamento”, registrado pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) em 1995 — 30 mil km2 de florestas devastadas, a maior extensão da série histórica até hoje — era, em grande parte, produto do fogo. (1º parágrafo)
“O resultado é um fogo de ocorrência tão comum que raramente encontramos uma floresta explorada em Paragominas que escapou dos incêndios nos últimos anos”, escreveram eles. (2º parágrafo)
A utilização das aspas nos trechos sublinhados indica, respectivamente,