O mundo está esquentando. Mas, sem problema, Jesus vai voltar antes
Por Leonardo Sakamoto
Estamos vivendo dias de fritar ovo no asfalto. E olha que nem chegamos ainda ao verão, que promete ser um dos mais quentes de todos os tempos. Isso me lembrou que, tempos atrás, liguei a TV e, zapeando canais, descobri um debate no qual um sujeito afirmava que via com bons olhos as mudanças climáticas porque elas são sinais da volta do Messias. Ou seja, para o sujeito em questão, megatempestades, eventos extremos, extinção de espécies, desaparecimento de países-ilhas, pessoas morrendo, refugiados ambientais, tudo isso faz parte de um plano sobrenatural (#SomosTodosPlaymobil) [...]. Ou, pior: quem somos nós para irmos contra a vontade de Deus? Daí você, que não acredita na vinda de salvadores porque a salvação depende de nós mesmos, só pensa na chegada de um meteoro redentor. Daqueles bem gordinhos, do tipo que redimiu os dinos.
Se ainda fossem aqueles pseudocientistas e seu séquito de zumbis seguidores que dizem que o clima não está mudando, vá lá. Ou ainda algumas corporações que ganham dinheiro devorando o mundo como se não houvesse amanhã. Há um mínimo de racionalidade nessas ações bisonhas. Mas dizer que o Criador (se ele existir – vejam que estou dando o benefício da dúvida com esse “se\'\') resolveu “permitir\'\' que o mundo fosse para o brejo para cumprir interpretações questionáveis a partir de livros cheios de metáforas e, dessa forma, apoiar um grande cataclisma global para prenunciar uma nova era deveria ser analisado como manifestação de alguma psicopatia grave.
[...]. Somos os responsáveis por afetar o frágil equilíbrio climático. E somos responsáveis pelo que acontecer daqui para frente. Se vamos sofrer muito ou pouco. E a única verdade palpável, real e concreta por aqui, é que vamos sofrer por termos explorado o planeta além de sua capacidade. E se não fizermos nada agora, o que inclui mudar os atuais padrões de consumo e forçar governos e corporações a alterar mais rapidamente suas políticas, milhões vão morrer. Daí, sim. Restará apenas lamentar. E rezar.
Disponível em http://blogdosakamoto.blogosfera.uol.com.br/. Acesso em 19/10/2015.
Em relação à expressão #SomosTodosPlaymobil, no contexto do texto, pode-se afirmar: