Assim, a classe média não pode identificar-se integralmente, no plano ideológico-político, com o proletariado (fabril, comercial ou dos transportes). Em consequência, a classe média não pode participar da direção de um processo revolucionário de construção do socialismo, justamente por ser incapaz de impor a tal processo (do qual a supressão de propriedade privada dos meios de produção é apenas um dos momentos) uma verdadeira direção revolucionária: a da supressão da divisão capitalista do trabalho. Essa é a contradição ideológica própria da classe média: enquanto expressão privilegiada da divisão capitalista do trabalho, tende a ser atraída para o campo ideológico da burguesia; enquanto classe trabalhadora, tende a solidarizar-se com o proletariado. Noutras palavras, a classe média pode tanto aliar-se politicamente à burguesia (ou a uma das frações burguesas), quanto pode unir-se politicamente ao proletariado em lutas que não ultrapassem um certo limite: o da supressão da divisão entre trabalho manual e trabalho não-manual.
(Décio Azevedo Marques de Saes, Classe Média e Políticos no Brasil)
De acordo com o texto, a classe média:
Superocupação improdutiva
Por que é que nos sentimos cada vez mais ocupados e, ao mesmo tempo, menos capazes de perceber o resultado palpável daquilo que fazemos? Trata-se de uma estranha forma de vida em piloto automático: quanto mais mensagens de e-mails você se dedicar a responder, mais mensagens terá para responder de volta no dia seguinte.
Parece haver um sinistro paralelo entre a desmaterialização das coisas sob a égide do capital financeiro e a superocupação improdutiva do nosso cotidiano atual. Afinal, a economia financeira não acrescenta riquezas ao mundo, mas, ao contrário, gera valor especulando-o de forma predatória. Nós, igualmente, internalizamos o trabalho em nosso cotidiano, colonizando os antigos momentos de ócio e de lazer com atividades supostamente produtivas, e matando o tédio criativo com a permanente e ansiosa comunicação de informações pela internet. (...)
Assim, se o século 20 foi uma era bacteriológica, baseada no paradigma bipolar da imunorreação do eu contra a ameaça infecciosa do outro, as patologias contemporâneas são neuronais (depressão, transtorno de déficit de atenção), causadas por excessos do próprio eu contra si próprio.
Inaugurada pela queda de um muro, a nossa era assiste à abertura desregulamentada do mundo para a promiscuidade da globalização, em que tudo se equaliza.
Superocupação improdutiva Por que é que nos sentimos cada vez mais ocupados e, ao mesmo tempo, menos capazes de perceber o resultado palpável daquilo que fazemos? Trata-se de uma estranha forma de vida em piloto automático: quanto mais mensagens de e-mails você se dedicar a responder, mais mensagens terá para responder de volta no dia seguinte. Parece haver um sinistro paralelo entre a desmaterialização das coisas sob a égide do capital financeiro e a superocupação improdutiva do nosso cotidiano atual. Afinal, a economia financeira não acrescenta riquezas ao mundo, mas, ao contrário, gera valor especulando-o de forma predatória. Nós, igualmente, internalizamos o trabalho em nosso cotidiano, colonizando os antigos momentos de ócio e de lazer com atividades supostamente produtivas, e matando o tédio criativo com a permanente e ansiosa comunicação de informações pela internet. (...) Assim, se o século 20 foi uma era bacteriológica, baseada no paradigma bipolar da imunorreação do eu contra a ameaça infecciosa do outro, as patologias contemporâneas são neuronais (depressão, transtorno de déficit de atenção), causadas por excessos do próprio eu contra si próprio. Inaugurada pela queda de um muro, a nossa era assiste à abertura desregulamentada do mundo para a promiscuidade da globalização, em que tudo se equaliza.
Igualmente, o paradigma da sociedade disciplinar, feita de hospitais, asilos, presídios, quartéis e fábricas, cede lugar a uma sociedade do desempenho, povoada por academias fitness, torres de escritórios, bancos, aeroportos e shopping centers. Empresários de si mesmos, seus habitantes não são mais sujeitos da obediência, mas do desempenho e da produção movidos pela energia motivacional: “Yes, we can”. Incitados à iniciativa pessoal, internalizam a disciplina sob a forma de uma aparente liberdade de ação. Assim, enquanto a antiga sociedade gerava loucos e delinquentes, a atual produz fracassados e depressivos, paralisados por uma sociedade que crê que nada é impossível.
Daí a frequente sensação de nos percebermos em meio a uma bola de neve que cresce sem parar, na qual perdemos o controle das nossas ações.
(Guilherme Wisnik, Folha de S.Paulo, 07/03/2016, adaptado, sobre o livro “Sociedade do Cansaço”, de Byung-Chul Han, filósofo sul-coreano radicado na Alemanha)
Uma das ideias principais do texto problematiza o fato de o homem do século 21:
Texto para a questão.
Superocupação improdutiva
Por que é que nos sentimos cada vez mais ocupados e, ao mesmo tempo, menos capazes de perceber o resultado palpável daquilo que fazemos? Trata-se de uma estranha forma de vida em piloto automático: quanto mais mensagens de e-mails você se dedicar a responder, mais mensagens terá para responder de volta no dia seguinte.
Parece haver um sinistro paralelo entre a desmaterialização das coisas sob a égide do capital financeiro e a superocupação improdutiva do nosso cotidiano atual. Afinal, a economia financeira não acrescenta riquezas ao mundo, mas, ao contrário, gera valor especulando-o de forma predatória. Nós, igualmente, internalizamos o trabalho em nosso cotidiano, colonizando os antigos momentos de ócio e de lazer com atividades supostamente produtivas, e matando o tédio criativo com a permanente e ansiosa comunicação de informações pela internet. (...)
Assim, se o século 20 foi uma era bacteriológica, baseada no paradigma bipolar da imunorreação do eu contra a ameaça infecciosa do outro, as patologias contemporâneas são neuronais (depressão, transtorno de déficit de atenção), causadas por excessos do próprio eu contra si próprio.
Inaugurada pela queda de um muro, a nossa era assiste à abertura desregulamentada do mundo para a promiscuidade da globalização, em que tudo se equaliza.
Igualmente, o paradigma da sociedade disciplinar, feita de hospitais, asilos, presídios, quartéis e fábricas, cede lugar a uma sociedade do desempenho, povoada por academias fitness, torres de escritórios, bancos, aeroportos e shopping centers. Empresários de si mesmos, seus habitantes não são mais sujeitos da obediência, mas do desempenho e da produção movidos pela energia motivacional: “Yes, we can”. Incitados à iniciativa pessoal, internalizam a disciplina sob a forma de uma aparente liberdade de ação. Assim, enquanto a antiga sociedade gerava loucos e delinquentes, a atual produz fracassados e depressivos, paralisados por uma sociedade que crê que nada é impossível.
Daí a frequente sensação de nos percebermos em meio a uma bola de neve que cresce sem parar, na qual perdemos o controle das nossas ações.
(Guilherme Wisnik, Folha de S.Paulo, 07/03/2016, adaptado, sobre o livro “Sociedade do Cansaço”, de Byung-Chul Han, filósofo sul-coreano radicado na Alemanha)
O trecho que confirma a ideia de que o homem moderno vive como um “piloto automático” é:
Superocupação improdutiva
Por que é que nos sentimos cada vez mais ocupados e, ao mesmo tempo, menos capazes de perceber o resultado palpável daquilo que fazemos? Trata-se de uma estranha forma de vida em piloto automático: quanto mais mensagens de e-mails você se dedicar a responder, mais mensagens terá para responder de volta no dia seguinte.
Parece haver um sinistro paralelo entre a desmaterialização das coisas sob a égide do capital financeiro e a superocupação improdutiva do nosso cotidiano atual. Afinal, a economia financeira não acrescenta riquezas ao mundo, mas, ao contrário, gera valor especulando-o de forma predatória. Nós, igualmente, internalizamos o trabalho em nosso cotidiano, colonizando os antigos momentos de ócio e de lazer com atividades supostamente produtivas, e matando o tédio criativo com a permanente e ansiosa comunicação de informações pela internet. (...)
Assim, se o século 20 foi uma era bacteriológica, baseada no paradigma bipolar da imunorreação do eu contra a ameaça infecciosa do outro, as patologias contemporâneas são neuronais (depressão, transtorno de déficit de atenção), causadas por excessos do próprio eu contra si próprio.
Inaugurada pela queda de um muro, a nossa era assiste à abertura desregulamentada do mundo para a promiscuidade da globalização, em que tudo se equaliza.
Superocupação improdutiva Por que é que nos sentimos cada vez mais ocupados e, ao mesmo tempo, menos capazes de perceber o resultado palpável daquilo que fazemos? Trata-se de uma estranha forma de vida em piloto automático: quanto mais mensagens de e-mails você se dedicar a responder, mais mensagens terá para responder de volta no dia seguinte. Parece haver um sinistro paralelo entre a desmaterialização das coisas sob a égide do capital financeiro e a superocupação improdutiva do nosso cotidiano atual. Afinal, a economia financeira não acrescenta riquezas ao mundo, mas, ao contrário, gera valor especulando-o de forma predatória. Nós, igualmente, internalizamos o trabalho em nosso cotidiano, colonizando os antigos momentos de ócio e de lazer com atividades supostamente produtivas, e matando o tédio criativo com a permanente e ansiosa comunicação de informações pela internet. (...) Assim, se o século 20 foi uma era bacteriológica, baseada no paradigma bipolar da imunorreação do eu contra a ameaça infecciosa do outro, as patologias contemporâneas são neuronais (depressão, transtorno de déficit de atenção), causadas por excessos do próprio eu contra si próprio. Inaugurada pela queda de um muro, a nossa era assiste à abertura desregulamentada do mundo para a promiscuidade da globalização, em que tudo se equaliza.
Igualmente, o paradigma da sociedade disciplinar, feita de hospitais, asilos, presídios, quartéis e fábricas, cede lugar a uma sociedade do desempenho, povoada por academias fitness, torres de escritórios, bancos, aeroportos e shopping centers. Empresários de si mesmos, seus habitantes não são mais sujeitos da obediência, mas do desempenho e da produção movidos pela energia motivacional: “Yes, we can”. Incitados à iniciativa pessoal, internalizam a disciplina sob a forma de uma aparente liberdade de ação. Assim, enquanto a antiga sociedade gerava loucos e delinquentes, a atual produz fracassados e depressivos, paralisados por uma sociedade que crê que nada é impossível.
Daí a frequente sensação de nos percebermos em meio a uma bola de neve que cresce sem parar, na qual perdemos o controle das nossas ações.
(Guilherme Wisnik, Folha de S.Paulo, 07/03/2016, adaptado, sobre o livro “Sociedade do Cansaço”, de Byung-Chul Han, filósofo sul-coreano radicado na Alemanha)
Assinale a afirmação incorreta a respeito do texto:
Acirramento político e ‘textão’ fazem usuários abandonarem redes sociais
A história da internet no Brasil é recheada de momentos mais acirrados, diz Fábio Malini, do laboratório de cibercultura da Universidade Federal do Espírito Santo. “Em 2002, as brigas eram em listas de e-mail. Em 2006, no Orkut; em 2010, no Twitter e, em 2014, já no Facebook”, diz, destacando só as eleições presidenciais.(...)
Mas, no Facebook, há “uma cultura do revide”, diz Malini, por causa da possibilidade de comentar nas postagens de outros usuários - que, “cada vez mais, têm uma ‘linha editorial política’”.
(...)
CHATO DE INTERNET
O ambiente virtual se torna agressivo porque a personalidade eletrônica é mais insubordinada, grossa, desbocada e sexualizada, segundo o psicólogo Cristiano Nabuco, coordenador do programa de Dependências Tecnológicas do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas de São Paulo.
Na vida virtual, explica, não há expressões, gestos e retorno imediato da opinião do outro. Para compensar, o cérebro cria um mecanismo para exagerar a intensidade do que quer transmitir. “As pessoas são mais intensas do que são no cotidiano.”
Isso afastou o professor Matheus Piai, 24, de Bauru (a 329 km de SP), que não deletou sua conta, mas diminuiu a frequência.” As redes são ótimas maneiras para debater, mas os usuários fazem isso de maneira excessiva, para atacar uns aos outros.”
Nabuco diz que, “se a pessoa se torna chata na internet, possivelmente é chata na vida real”, já que não tem inteligência emocional para regular a frequência com a qual comenta determinado assunto.
O artista Rafael Amambahy, 27, chama o Facebook de “black hole” (buraco negro). Ele saiu dessa rede. “Estão gritando para ninguém. Não são discussões. Na efervescência política, você tem que postar e, às vezes, nem sabe sobre o que está falando”, diz.
(Juliana Gragnani, Folha de SP, 13/03/2016, adaptado)
Segundo o texto:
Acirramento político e ‘textão’ fazem usuários abandonarem redes sociais
A história da internet no Brasil é recheada de momentos mais acirrados, diz Fábio Malini, do laboratório de cibercultura da Universidade Federal do Espírito Santo. “Em 2002, as brigas eram em listas de e-mail. Em 2006, no Orkut; em 2010, no Twitter e, em 2014, já no Facebook”, diz, destacando só as eleições presidenciais.(...)
Mas, no Facebook, há “uma cultura do revide”, diz Malini, por causa da possibilidade de comentar nas postagens de outros usuários - que, “cada vez mais, têm uma ‘linha editorial política’”.
(...)
CHATO DE INTERNET
O ambiente virtual se torna agressivo porque a personalidade eletrônica é mais insubordinada, grossa, desbocada e sexualizada, segundo o psicólogo Cristiano Nabuco, coordenador do programa de Dependências Tecnológicas do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas de São Paulo.
Na vida virtual, explica, não há expressões, gestos e retorno imediato da opinião do outro. Para compensar, o cérebro cria um mecanismo para exagerar a intensidade do que quer transmitir. “As pessoas são mais intensas do que são no cotidiano.”
Isso afastou o professor Matheus Piai, 24, de Bauru (a 329 km de SP), que não deletou sua conta, mas diminuiu a frequência.” As redes são ótimas maneiras para debater, mas os usuários fazem isso de maneira excessiva, para atacar uns aos outros.”
Nabuco diz que, “se a pessoa se torna chata na internet, possivelmente é chata na vida real”, já que não tem inteligência emocional para regular a frequência com a qual comenta determinado assunto.
O artista Rafael Amambahy, 27, chama o Facebook de “black hole” (buraco negro). Ele saiu dessa rede. “Estão gritando para ninguém. Não são discussões. Na efervescência política, você tem que postar e, às vezes, nem sabe sobre o que está falando”, diz.
(Juliana Gragnani, Folha de SP, 13/03/2016, adaptado)
Das expressões abaixo, assinale a que não representa um jargão na temática do texto: