Sal, saúde e doença
O sódio é essencial para a vida. Mantém o equilíbrio hídrico do organismo, interfere com a absorção de nutrientes, a transmissão de impulsos nervosos e a contração muscular, entre centenas de outras ações. No homem e em outros animais, a falta de sódio estimula o apetite pelo sal de cozinha (cloreto de sódio), característica inata capaz de gerar respostas motivacionais que levam à procura de líquidos e alimentos salgados.
A farta disponibilidade atual tornou difícil a distinção entre a necessidade de sódio e a preferência pelo sabor salgado. Embora ligada à fisiologia, a fome de sal sofre influência do paladar, cultura, costumes sociais e hábitos alimentares, fatores que independem das exigências orgânicas.
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Análises que avaliam os resultados de vários estudos em conjunto (meta-análises), revelam que hipertensos submetidos a dietas hipossódicas apresentam quedas mais expressivas da pressão do que aquelas observadas em normotensos, quando fazem o mesmo.
Por outro lado, a restrição abrupta e radical de sódio libera na circulação mediadores associados a complicações cardiovasculares. Reduções mais modestas não causam esse efeito, razão pela qual caíram no abandono as dietas sem nenhum sal do passado.
A resposta da pressão arterial ao sódio é heterogênea. Cerca de 30% a 50% das pessoas hipertensas e uma parcela menor das normotensas têm pressão sensível ao sal. Entre elas, estão principalmente as mais velhas, as obesas, as portadoras da síndrome metabólica, de diabetes e as de ancestralidade negra.
A pressão arterial guarda relação com outros componentes da dieta. Deficiências de potássio ou cálcio potencializam a sensibilidade ao sal.
Modelos experimentais de hipertensão comprovam a existência de predisposição genética para essa sensibilidade. Em seres humanos, sabemos que os negros apresentam excreção mais lenta de sódio e maiores aumentos pressóricos em resposta a dietas muito salgadas.
Meta-análise de 13 estudos, que somaram 177 mil participantes, demonstrou que o consumo excessivo está associado ao risco de derrames cerebrais e ao total de complicações cardiovasculares.
Em pessoas hipertensas tratadas com medicamentos, tanto a ingestão excessiva quanto as dietas com grandes restrições de sódio são fatores de risco para complicações cardiovasculares.
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O Ministério da Saúde recomenda que a ingestão diária não ultrapasse 5 g, quantidade muito abaixo dos 12 g que a média dos brasileiros ingere todos os dias.
O Ministério calcula que, se o consumo caísse para 6 g/dia, seriam evitadas 6.377 internações hospitalares anuais, por acidentes vasculares cerebrais, infartos do miocárdio e hipertensão arterial. Estima, ainda, que para cada grama de redução diária o SUS economizaria R$ 3,2 milhões por ano.
VARELLA, Drauzio. Sal, saúde e doença. Publicado em 29/08/2016. Disponível em: <http://drauziovarella.com.br/drauzio/artigos/sal-saude-e-doenca/>.
Considerando o texto, pode-se afirmar que:
I. O consumo do sódio deve ser restrito radicalmente, ele deve ser suprimido para que se evitem complicações cardiovasculares, infartos do miocárdio e hipertensão arterial.
II. Estudos demonstraram que o consumo excessivo do sódio associa-se a risco de derrames cerebrais e complicações cardiovasculares.
III. O sódio não deve ser suprimido totalmente da dieta, pois é essencial para manter o equilíbrio hídrico do organismo, dentre centenas de funções.
IV. É importante que o consumo de sódio não ultrapasse 5 g, para que se evitem problemas como acidentes vasculares cerebrais, infartos do miocárdio e hipertensão arterial.