Terrorismo do clima?
[1] Nas últimas semanas, um senhor chamado Phill Jones, pesquisador da Universidade de East Anglia, no
Reino Unido, se tornou foco da imprensa mundial. Ele apareceu como o pivô de uma trama cinematográfica que
coloca em xeque os resultados das pesquisas do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas da ONU, o
IPCC (sigla em inglês). Quando apresentado, em 2007, seu conteúdo catastrófico causou grande comoção mundial,
[5] haja vista as previsões sombrias de um mundo em aquecimento. Jones é acusado de manipular dados, descartando
informações prejudiciais à validação da teoria de um mundo mais quente. Além disso, a própria localização das
estações que medem as temperaturas mundo afora estariam sob suspeita. Equipamentos instalados em áreas rurais
e de altitude elevada, portanto em regiões mais frias, estariam sendo “trocados” por novos aparelhos, colocados
“estrategicamente” em locais mais aquecidos. Um dos exemplos vem de Roma, no aeroporto de Fiumicino. O coletor
[10] está posicionado atrás da pista de decolagem e recebe os gases aquecidos emitidos pelas aeronaves. Outro
exemplo está na estação de medição do Arizona, instalada num estacionamento de concreto armado, na cidade de
Tucson. Quem faz a denúncia é o principal algoz do Painel de Mudanças Climáticas, o meteorologista Anthony
Watts. Recentemente, ele ganhou um apoio de peso quando o professor de ciências atmosféricas John Christy, da
Universidade do Alabama, que já figurou entre os principais quadros do IPCC, mudou de lado.
[15] Não são claras as razões que motivaram renomados cientistas a se envolver em tamanho escândalo. O fato é
que as denúncias lançam sombras sobre os trabalhos até agora realizados e modificam o rumo das discussões
sobre as mudanças do clima. Países relutantes em adentrar numa agenda de carbono neutro, como Índia e China,
só para citar as duas nações mais populosas do mundo, já questionaram a ideia de aceitar os dados do IPCC. Para
o Brasil, a discussão é sensível principalmente porque o etanol da cana-de-açúcar tem como principal bandeira a
[20] redução de carbono. Não existindo mais metas de carbono, parte do apelo fica no meio do caminho. O contraponto
está no fato de que algumas petroleiras como Shell e BP já compreenderam que a mistura do combustível brasileiro
à gasolina dará uma sobrevida às reservas de petróleo, mantendo seus impérios por mais um longo período.
A boa notícia é que o IPCC será auditado e, antes de eleger novos inimigos, o grupo terá de recuperar a
própria credibilidade. Isso porque alguns algozes do meio ambiente foram criados e a pecuária brasileira esteve
[25] entre eles. Com um rebanho de 200 milhões de cabeças, “estudos” mostraram que a emissão de gases desses
animais poderia acelerar o aquecimento do planeta. Durante as discussões de Copenhague, no início do ano, alguns
países chegaram a aventar a possibilidade de se cobrar uma “taxa de carbono” e entre os alvos estariam justamente
os grandes produtores de carne. Algo que não deve acontecer, pelo menos até que a ciência se mostre novamente
imparcial.
(NETTO, I. IstoÉ Dinheiro, ano 13, n. 649, p. 90, 17 mar. 2010.)
Com base no texto, analise a veracidade (V) ou a falsidade (F) das proposições abaixo.
( ) O pronome seu (linha 04) refere-se a xeque (linha 03).
( ) A expressão Além disso (linha 06) indica que não é única a acusação contra Jones.
( ) A regra que justifica a acentuação de petróleo e impérios (linha 22), por conta da marca de plural, não é a mesma.
Assinale a alternativa que preenche corretamente os parênteses, de cima para baixo.