Questões de Filosofia
INSTRUÇÃO: Leia o texto a seguir, com atenção, para responder à questão.
O homem é constituído de razão e emoção, entre outras dimensões. O racionalismo se opõe à emoção como condição de conhecimento. Entre os racionalistas, destaca-se René Descartes, que concebia “a ideia de que o homem é capaz de construir o seu próprio pensamento”. Descartes buscava encontrar uma forma para conhecer e compreender o mundo que o cercava. Para esse processo, ele estabeleceu como método a dúvida, que passou a ser conhecido como “dúvida metódica” ou “método cartesiano”. Para ele, a dúvida o levava ao ato de pensar, e o pensamento (racionalização) eliminava os questionamentos e as causas das dúvidas quanto ao conhecimento e à compreensão real do mundo.
Fonte: MEDEIROS, Daniel. Razão e emoção. Curitiba: Ed. Positivo, 2009. p. 4-5.
Esse pensamento levou Descartes, consequentemente, a estabelecer como verdade irrefutável
Na tentativa de compreender como surgiu o Estado, alguns filósofos da política criaram um modelo teórico baseado numa hipótese contratualista, a respeito da qual é CORRETO afirmar.
Nenhuma ética anterior tinha de levar em consideração a condição global da vida humana, o futuro distante e até mesmo a existência da espécie. Com a consciência da extrema vulnerabilidade da natureza à intervenção tecnológica do homem, surge a ecologia. Repensar os princípios básicos da ética. Procurar não só o bem humano, mas também o bem de coisas – extra-humanas, ou seja, alargar o conhecimento dos “fins em si mesmos” para além da esfera do homem, e fazer com que o bem humano incluísse o cuidado delas.
JONAS, Hans. Ética, medicina e técnica. Lisboa: Vega Passagens, 1994, p. 40.
Com base nos princípios da ética da responsabilidade de Hans Jonas, voltada para as especificidades dos desafios impostos pelo que o autor chama de civilização tecnológica, considere as seguintes assertivas:
I As éticas tradicionais são suficientes para responder às demandas ambientais da civilização tecnológica.
II As interferências técnicas dos seres humanos no meio ambiente atingiram proporções nunca antes vistas, as quais exigem uma nova postura ética à altura.
III A humanidade precisa expandir o campo de preocupação ética, atualizando-a, corrigindo-a e ampliando-a para o âmbito das coisas extra-humanas.
IV As ações humanas não têm consequências na natureza. O meio ambiente é capaz de tolerar todas as intervenções da civilização tecnológica sem sofrer prejuízos.
V Cada pessoa deve agir moralmente apenas com base nos próprios interesses. A humanidade não tem nenhum dever ético para com as gerações futuras.
Estão CORRETAS as assertivas.
Nas últimas décadas, o mundo dos homens tem sentido o peso da civilização industrial e tecnológica, que intensificou, desde o século XIX, a partir da Europa Ocidental e dos Estados Unidos especialmente, o grande projeto do capitalismo. A economia capitalista alastra-se pelo mundo e leva, no seu bojo, os avanços da tecnologia e a superestrutura do mercado. Sistemas e redes são pensados e construídos para tornarem os humanos “domesticados, burocratizados e servis”, vivendo uma “vida de gado”, como bem ilustra a música do brasileiro Zé Ramalho. Também é um tempo em que muito se fala sobre valores morais e sobre ética. Quem define os valores e os escolhem? Silvio Gallo, ao abordar a temática “os valores e as escolhas”, em que trata de valor, escolha e liberdade, destaca o filósofo existencialista Jean-Paul Sartre (1905-1980) que, “em sua obra O ser e o nada, assim como Nietzsche, discute a universalidade do valor. Ele fala em ‘ser do valor’, que seria uma produção da consciência. Sartre trabalha com o método fenomenológico, criado pelo filósofo e matemático austríaco Edmund Husserl, que tem como um dos conceitos centrais a consciência. Para Husserl e Sartre, a consciência é a realidade do ser humano, único ser consciente no mundo”. Portanto, ao se tratar de valores morais e ética na contemporaneidade, nessa visão existencialista de Sartre, as escolhas perpassam pela consciência que se tem da liberdade, o que o leva a afirmar que o ser humano está “condenado a ser livre”.
Qual argumento do próprio Sartre, extraído de O ser e o nada, fundamenta o que Sílvio Gallo apresenta sobre liberdade?
"Apesar de sua presumida evidência, a articulação entre liberdade e igualdade é mais complicada do que parece. Sua reunião em um mesmo indivíduo, que seria, ao mesmo tempo, livre e igual a seus semelhantes, esconde tensões significativas. Como, por exemplo, alguém poderia ser livre em um contexto no qual prevalecem desigualdades aberrantes? Em contrapartida, o que resta da liberdade se os indivíduos não puderem singularizar-se e diferenciar-se uns dos outros?"
(FIGUEIREDO, V. A paixão da Igualdade: uma genealogia do indivíduo moral na França. Belo Horizonte: Relicário, p. 9, 2021.)
Escolha, dentre as alternativas a seguir, aquela que sintetiza melhor a ideia expressa na citação de Figueiredo:
Leia com atenção o texto abaixo.
“[...] jamais acolher alguma coisa como verdadeira que eu não conhecesse evidentemente como tal; [...] evitar cuidadosamente a precipitação e a prevenção, e de nada incluir em meus juízos que não se apresentasse tão clara e tão distintamente a meu espírito, que eu não tivesse nenhuma ocasião de pô-lo em dúvida”.
René Descartes. Discurso do método, I. São Paulo: Abril Cultural, 1979, p. 37.
Defender a evidência, a clareza e a distinção ao próprio espírito (à própria razão) como primeiro critério do conhecimento verdadeiro expressam uma posição