Questões de Literatura - Textos Literários
Para responder às questão, leia o poema da escritora portuguesa Florbela Espanca, publicado originalmente em 1919.
Vaidade
Sonho que sou a Poetisa eleita,
Aquela que diz tudo e tudo sabe,
Que tem a inspiração pura e perfeita,
Que reúne num verso a imensidade!
Sonho que um verso meu tem claridade
Para encher todo o mundo! E que deleita
Mesmo aqueles que morrem de saudade!
Mesmo os de alma profunda e insatisfeita!
Sonho que sou Alguém cá neste mundo...
Aquela de saber vasto e profundo
Aos pés de quem a terra anda curvada!
E quando mais no céu eu vou sonhando,
E quando mais no alto ando voando,
Acordo do meu sonho... E não sou nada!...
(Florbela Espanca. Poemas, 1996.)
As duas primeiras estrofes do poema caracterizam-se, sobretudo, pelo seu teor
Leia o fragmento para responder a QUESTÃO.
Moira Fernandes morava numa casa espaçosa, pintada de verde-seco, com uma larga varanda a toda a volta e um pequeno jardim nas traseiras. O piso da varanda, em cerâmica, formando desenhos geométricos, em tons de azul, trouxe-me memórias de infância. Na cozinha, na casa do Huambo, o piso era idêntico. Ou talvez não fosse, mas é assim que o imagino. Os meus irmãos e eu passávamos muito tempo sentado à mesa da cozinha. A avó preparava-nos o lanche, depois que retornávamos da escola: limonada com limões colhidos no próprio quintal, bolo e torradas. Lembrei-me da luz que deslizava através da porta aberta e se estirava, rebrilhando, no azul-celeste.
Fonte: AGUALUSA, José Eduardo. A sociedade dos sonhadores involuntários. São Paulo: Planeta, 2017, p. 94. [Fragmento]
É CORRETO afirmar, sobre esse fragmento de A sociedade dos sonhadores involuntários, de José Eduardo Agualusa, que o narrador
A QUESTÃO REFERE-SE AO ROMANCE O MEU AMIGO PINTOR, DE LYGIA BOJUNGA
(Rio de Janeiro: Casa Lygia Bojunga, 2015).
No livro, há passagens em que o narrador não apenas narra algo, como também revela consciência do ato de narrar.
Uma dessas passagens está transcrita em:
Leia a seguir três trechos de poemas de Hesiodo (750 - 650a.C.), um dos mais importantes poetas da literatura grega antiga.
I “Reia submetida a Crono pariu brilhantes filhos: Héstia, Deméter e Hera [...] o forte Hades [...] o troante Treme-Terra (Posêidon) [...] e o sábio Zeus, pai dos Deuses e dos homens, sob cujo trovão até a ampla terra se abala” (Teogonia, 453-458).
II. “Primeira de ouro a raça dos homens mortais criaram os imortais que mantêm olímpicas moradas. Eram do tempo de Cronos, quando no céu este reinava” (Os Trabalhos e os Dias, 108-111).
III. “Agora cantem sobre a tribo das mulheres, musas olímpicas de voz doce, filhas de Zeus portador da égide, aquelas que eram as melhores naqueles dias [...] e soltaram seus cintos [...] misturando-se aos deuses [...]” (O catálogo das mulheres).
Sobre esses trechos, assinale a alternativa CORRETA.
Leia o trecho da obra Angústia, de Graciliano Ramos, para responder à questão.
Retirei a corda do bolso e em alguns saltos, silenciosos como os das onças de José Baía, estava ao pé de Juliãão Tavares. Tudo isto é absurdo, é incrível, mas realizou-se naturalmente. A corda enlaçou o pescoço do homem, e as minhas mãos apertadas afastaram-se. Houve uma luta rápida, um gorgolejo, braços a debater-se. Exatamente o que eu havia imaginado. o corpo de Julião Tavares ora tombava para a frente e ameaçava arrastar-me, ora se inclinava para trás e queria cair em cima de mim. A obsessão ia desaparecer. Tive um deslumbramento. o homenzinho da repartição e do jornal não era eu. Esta convicção afastou qualquer receio de perigo. Uma alegria enorme encheu-me. Pessoas que aparecessem ali seriam figurinhas insignificantes, todos os moradores da cidade eram figurinhas insignificantes. Tinham- me enganado. Em trinta e cinco anos haviam-me convencido de que só me podia mexer pela vontade dos outros. Os mergulhos que meu pai me dava no poço da Pedra, a palmatória de mestre Antônio Justino, os berros do sargento, a grosseria do chefe da revisão, a impertinência macia do diretor, tudo virou fumaça. Julião Tavares estrebuchava. Tanta empáfia, tanta lorota, tanto adjetivo besta em discurso e estava ali, amunhecando, vencido pelo próprio peso, esmorecendo, escorregando para o chão coberto de folhas secas, amortalhado na neblina. Ao ser alcançado pela corda, tivera um arranco de bicho brabo. Aquietava-se, inclinava- se para a frente, os joelhos dobravam-se, o corpo amolecia. Eu tinha os braços doídos e as mãos cortadas. Enquanto Julião Tavares estivesse com a cabeça erguida, a minha responsabilidade não seria tão grande como depois da queda. Quando bebia demais, seu Ivo tinha aquele jeito de arriar, não havia conversa que o levantasse. A lembrança de seu Ivo enfureceu-me.
(Angústia, 2003.)
O trecho de Angústia permite uma caracterização da figura responsável pela narração do romance.
Trata-se de um narrador
No manuscrito B do Instituto de França, o leitor encontra [...] um elegante desenho de edifícios e ruas flanqueadas por pórticos. Embaixo pode ser lida, delineada em traços rápidos no estilo lapidar de Da Vinci, a imagem da cidade ideal: construída de perto do mar ou ao longo de um rio, para que seja salubre e limpa. Será edificada em andares que se comunicam por meio de escadarias. Quem quiser percorrer todo o piso superior, poderá fazê-lo sem precisar descer, e vice-versa. O tráfego de veículos e de mulas de carga será feito no plano inferior, no qual estarão situadas as lojas e serão realizados os negócios.
(Eugenio Garin. Ciência e vida civil no Renascimento italiano, 1996.)
Na breve descrição da cidade ideal de Da Vinci, avigura-se uma preocupação em