UEA - SIS 2016 1ª Etapa
64 Questões
Leia o trecho do poema épico Caramuru, de José de Santa Rita Durão (1722-1784), para responder à questão.
XIV
Já estava em terra o infausto1 naufragante,
Rodeado da turba2 americana;
Veem-se com pasmo ao porem-se diante,
E uns aos outros não creem da espécie humana:
Os cabelos, a cor, barba e semblante
Faziam crer àquela gente insana,
Que alguma espécie de animal seria,
Desses que no seu seio o mar trazia.
XV
Algum, chegando aos míseros, que à areia
O mar arroja3 extintos, nota o vulto4;
Ora o tenta despir e ora receia
Não seja astúcia, com que o assalte oculto.
Outros, do jacaré tomando a ideia
Temem que acorde com violento insulto,
Ou que o sono fingindo os arrebate
E entre as presas cruéis no fundo os mate.
XVI
Mas vendo o Sancho, um náufrago que expira,
Rota a cabeça numa penha5 aguda,
Que ia trêmulo a erguer-se e que caíra,
Que com voz lastimosa implora ajuda:
E vendo os olhos, que ele em branco vira,
Cadavérica a face, a boca muda,
Pela experiência da comum sorte,
Reconhecem também que aquilo é morte.
XVII
Correm depois de crê-lo ao pasto horrendo;
E retalhando o corpo em mil pedaços,
Vai cada um famélico6 trazendo,
Qual um pé, qual a mão, qual outro os braços:
Outros da crua carne iam comendo;
Tanto na infame gula eram devassos:
Tais há que as assam nos ardentes fossos,
Alguns torrando estão na chama os ossos.
XVIII
Que horror da humanidade! ver tragada
Da própria espécie a carne já corrupta!
Quanto não deve a Europa abençoada
À Fé do Redentor, que humilde escuta?
(Arcadismo: líricos e épicos, 2010.)
1 infausto: infeliz, desgraçado.
2 turba: multidão.
3 arrojar: lançar com força.
4 vulto: corpo.
5 penha: grande massa de rocha saliente.
6 famélico: faminto
O trecho transcrito narra
Leia o trecho do poema épico Caramuru, de José de Santa Rita Durão (1722-1784), para responder à questão.
XIV
Já estava em terra o infausto1 naufragante,
Rodeado da turba2 americana;
Veem-se com pasmo ao porem-se diante,
E uns aos outros não creem da espécie humana:
Os cabelos, a cor, barba e semblante
Faziam crer àquela gente insana,
Que alguma espécie de animal seria,
Desses que no seu seio o mar trazia.
XV
Algum, chegando aos míseros, que à areia
O mar arroja3 extintos, nota o vulto4;
Ora o tenta despir e ora receia
Não seja astúcia, com que o assalte oculto.
Outros, do jacaré tomando a ideia
Temem que acorde com violento insulto,
Ou que o sono fingindo os arrebate
E entre as presas cruéis no fundo os mate.
XVI
Mas vendo o Sancho, um náufrago que expira,
Rota a cabeça numa penha5 aguda,
Que ia trêmulo a erguer-se e que caíra,
Que com voz lastimosa implora ajuda:
E vendo os olhos, que ele em branco vira,
Cadavérica a face, a boca muda,
Pela experiência da comum sorte,
Reconhecem também que aquilo é morte.
XVII
Correm depois de crê-lo ao pasto horrendo;
E retalhando o corpo em mil pedaços,
Vai cada um famélico6 trazendo,
Qual um pé, qual a mão, qual outro os braços:
Outros da crua carne iam comendo;
Tanto na infame gula eram devassos:
Tais há que as assam nos ardentes fossos,
Alguns torrando estão na chama os ossos.
XVIII
Que horror da humanidade! ver tragada
Da própria espécie a carne já corrupta!
Quanto não deve a Europa abençoada
À Fé do Redentor, que humilde escuta?
(Arcadismo: líricos e épicos, 2010.)
1 infausto: infeliz, desgraçado.
2 turba: multidão.
3 arrojar: lançar com força.
4 vulto: corpo.
5 penha: grande massa de rocha saliente.
6 famélico: faminto
Na estrofe XIV, as expressões “turba americana”, “gente insana” e “espécie de animal” referem-se, respectivamente,
Leia o trecho do poema épico Caramuru, de José de Santa Rita Durão (1722-1784), para responder à questão.
XIV
Já estava em terra o infausto1 naufragante,
Rodeado da turba2 americana;
Veem-se com pasmo ao porem-se diante,
E uns aos outros não creem da espécie humana:
Os cabelos, a cor, barba e semblante
Faziam crer àquela gente insana,
Que alguma espécie de animal seria,
Desses que no seu seio o mar trazia.
XV
Algum, chegando aos míseros, que à areia
O mar arroja3 extintos, nota o vulto4;
Ora o tenta despir e ora receia
Não seja astúcia, com que o assalte oculto.
Outros, do jacaré tomando a ideia
Temem que acorde com violento insulto,
Ou que o sono fingindo os arrebate
E entre as presas cruéis no fundo os mate.
XVI
Mas vendo o Sancho, um náufrago que expira,
Rota a cabeça numa penha5 aguda,
Que ia trêmulo a erguer-se e que caíra,
Que com voz lastimosa implora ajuda:
E vendo os olhos, que ele em branco vira,
Cadavérica a face, a boca muda,
Pela experiência da comum sorte,
Reconhecem também que aquilo é morte.
XVII
Correm depois de crê-lo ao pasto horrendo;
E retalhando o corpo em mil pedaços,
Vai cada um famélico6 trazendo,
Qual um pé, qual a mão, qual outro os braços:
Outros da crua carne iam comendo;
Tanto na infame gula eram devassos:
Tais há que as assam nos ardentes fossos,
Alguns torrando estão na chama os ossos.
XVIII
Que horror da humanidade! ver tragada
Da própria espécie a carne já corrupta!
Quanto não deve a Europa abençoada
À Fé do Redentor, que humilde escuta?
(Arcadismo: líricos e épicos, 2010.)
1 infausto: infeliz, desgraçado.
2 turba: multidão.
3 arrojar: lançar com força.
4 vulto: corpo.
5 penha: grande massa de rocha saliente.
6 famélico: faminto
“Que horror da humanidade! ver tragada
Da própria espécie a carne já corrupta!
Quanto não deve a Europa abençoada
À Fé do Redentor, que humilde escuta?”
O pronome destacado exerce a função de sujeito do verbo “escuta”, substituindo o seguinte termo:
Leia o trecho do poema épico Caramuru, de José de Santa Rita Durão (1722-1784), para responder à questão.
XIV
Já estava em terra o infausto1 naufragante,
Rodeado da turba2 americana;
Veem-se com pasmo ao porem-se diante,
E uns aos outros não creem da espécie humana:
Os cabelos, a cor, barba e semblante
Faziam crer àquela gente insana,
Que alguma espécie de animal seria,
Desses que no seu seio o mar trazia.
XV
Algum, chegando aos míseros, que à areia
O mar arroja3 extintos, nota o vulto4;
Ora o tenta despir e ora receia
Não seja astúcia, com que o assalte oculto.
Outros, do jacaré tomando a ideia
Temem que acorde com violento insulto,
Ou que o sono fingindo os arrebate
E entre as presas cruéis no fundo os mate.
XVI
Mas vendo o Sancho, um náufrago que expira,
Rota a cabeça numa penha5 aguda,
Que ia trêmulo a erguer-se e que caíra,
Que com voz lastimosa implora ajuda:
E vendo os olhos, que ele em branco vira,
Cadavérica a face, a boca muda,
Pela experiência da comum sorte,
Reconhecem também que aquilo é morte.
XVII
Correm depois de crê-lo ao pasto horrendo;
E retalhando o corpo em mil pedaços,
Vai cada um famélico6 trazendo,
Qual um pé, qual a mão, qual outro os braços:
Outros da crua carne iam comendo;
Tanto na infame gula eram devassos:
Tais há que as assam nos ardentes fossos,
Alguns torrando estão na chama os ossos.
XVIII
Que horror da humanidade! ver tragada
Da própria espécie a carne já corrupta!
Quanto não deve a Europa abençoada
À Fé do Redentor, que humilde escuta?
(Arcadismo: líricos e épicos, 2010.)
1 infausto: infeliz, desgraçado.
2 turba: multidão.
3 arrojar: lançar com força.
4 vulto: corpo.
5 penha: grande massa de rocha saliente.
6 famélico: faminto
Entre as linhas temáticas exploradas por Santa Rita Durão em seu poema épico, aquela que se mostra mais visível no trecho transcrito é
O tema da transitoriedade da vida, bastante explorado pela estética barroca, mostra-se evidente na seguinte estrofe de Gregório de Matos (1636-1696):
Leia a crônica “Conversinha mineira” do escritor Fernando Sabino (1923-2004) para responder à questão.
É bom mesmo o cafezinho daqui, meu amigo?
– Sei dizer não senhor: não tomo café.
– Você é dono do café, não sabe dizer?
– Ninguém tem reclamado dele não senhor.
– Então me dá café com leite, pão e manteiga.
– Café com leite só se for sem leite.
– Não tem leite?
– Hoje, não senhor.
– Por que hoje não?
– Porque hoje o leiteiro não veio.
– Ontem ele veio?
– Ontem não.
– Quando é que ele vem?
– Tem dia certo não senhor. Às vezes vem, às vezes não vem. Só que no dia que devia vir em geral não vem.
– Mas ali fora está escrito “Leiteria”!
– Ah, isso está sim senhor.
– Quando é que tem leite?
– Quando o leiteiro vem.
– Tem ali um sujeito comendo coalhada. É feita de quê?
– O quê: coalhada? Então o senhor não sabe de que é feita a coalhada?
– Está bem, você ganhou. Me traz um café com leite sem leite. Escuta uma coisa: como é que vai indo a política aqui na sua cidade?
– Sei dizer não senhor: eu não sou daqui.
– E há quanto tempo o senhor mora aqui?
– Vai para uns quinze anos. Isto é, não posso agarantir com certeza: um pouco mais, um pouco menos.
– Já dava para saber como vai indo a situação, não acha?
– Ah, o senhor fala a situação? Dizem que vai bem.
– Para que Partido?
– Para todos os Partidos, parece.
– Eu gostaria de saber quem é que vai ganhar a eleição aqui.
– Eu também gostaria. Uns falam que é um, outros falam que outro. Nessa mexida…
– E o Prefeito?
– Que é que tem o Prefeito?
– Que tal o Prefeito daqui?
– O Prefeito? É tal e qual eles falam dele.
– Que é que falam dele?
– Dele? Uai, esse trem todo que falam de tudo quanto é Prefeito.
– Você, certamente, já tem candidato.
– Quem, eu? Estou esperando as plataformas.
– Mas tem ali o retrato de um candidato dependurado na parede, que história é essa?
– Aonde, ali? Uê, gente: penduraram isso aí...
(Fernando Sabino. A mulher do vizinho, 1976.)
Na crônica, o dono do café comporta-se, sobretudo, de modo