UNIFENAS 2013/2 Manhã
42 Questões
Vou-me embora pra Pasárgada
Vou-me embora pra Pasárgada
Lá sou amigo do rei
Lá tenho a mulher que quero
Na cama que escolherei
Vou-me embora pra Pasárgada
Vou-me embora pra Pasárgada
Aqui eu não sou feliz
Lá a existência é uma aventura
De tal modo inconsequente
Que Joana a Louca da Espanha
Rainha e falsa demente
Vem a ser a contraparente
Da nora que nunca tive
E como farei ginástica
Andarei de bicicleta
Montarei em burro brabo
Subirei no pau-de-sebo
Tomarei banhos de mar!
E quando estiver cansado
Deito na beira do rio
Mando chamar a mãe-d’água
Pra me contar as histórias
Que no tempo de eu menino
Rosa vinha me contar
Vou-me embora pra Pasárgada
Em Pasárgada tem tudo
É outra civilização
Tem um processo seguro
De impedir a concepção
Tem telefone automático
Tem alcaloide à vontade
Tem prostitutas bonitas
Para a gente namorar
E quando eu estiver mais triste
Mais triste de não ter jeito
Quando de noite me der
Vontade de me matar
-Lá sou amigo do rei –
Terei a mulher que eu quero
Na cama que escolherei
Vou-me embora pra Pasárgada.
(BANDEIRA – Manuel. Libertinagem, In Poesia Completa e Prosa, Rio, Editora Aguilar, 2ª ed., 1967)
Avalie as seguintes afirmações sobre o texto.
I – Como se sabe, Manuel Bandeira se coloca na primeira fase do Modernismo Brasileiro (Geração de 30). No caso do poema acima, essa filiação é visível, entre outros aspectos, no tom coloquial, ausência de rimas e falta de pontuação.
II- A palavra Pasárgada – nome de uma cidade fundada por Ciro, rei da Persa – significa, segundo o próprio autor, “campo dos persas” ou “tesouro dos persas”. Independentemente dessas explicações, no poema, tal vocábulo cumpre uma espécie de função mágica, com forte conotação de vago edesconhecido, nomeando uma espécie de verdadeiro éden.
III- A busca de um lugar utópico, ideal, livre de qualquer interdição, pode ser entendida como alternativa de escapismo, reveladora de certa identificação do poema com a estética romântica, em que esse desejo de evasão é característica marcante.
IV- O poema de Bandeira revela e ecos da célebre “Canção do Exílio”, de Gonçalves Dias. Nele, os dvérbios lá e aqui (como o lá e o cá do poeta romântico) contrapõem dois espaços: o do mundo presente, mas fonte de infelicidade, e o mundo almejado, onde inexiste tal sentimento.
V- O desejo de evasão manifestado pelo poeta não se resume ao desejo de outro espaço (Pasárgada), mas também ao de retorno no tempo (infância).
Vou-me embora pra Pasárgada
Vou-me embora pra Pasárgada
Lá sou amigo do rei
Lá tenho a mulher que quero
Na cama que escolherei
Vou-me embora pra Pasárgada
Vou-me embora pra Pasárgada
Aqui eu não sou feliz
Lá a existência é uma aventura
De tal modo inconsequente
Que Joana a Louca da Espanha
Rainha e falsa demente
Vem a ser a contraparente
Da nora que nunca tive
E como farei ginástica
Andarei de bicicleta
Montarei em burro brabo
Subirei no pau-de-sebo
Tomarei banhos de mar!
E quando estiver cansado
Deito na beira do rio
Mando chamar a mãe-d’água
Pra me contar as histórias
Que no tempo de eu menino
Rosa vinha me contar
Vou-me embora pra Pasárgada
Em Pasárgada tem tudo
É outra civilização
Tem um processo seguro
De impedir a concepção
Tem telefone automático
Tem alcaloide à vontade
Tem prostitutas bonitas
Para a gente namorar
E quando eu estiver mais triste
Mais triste de não ter jeito
Quando de noite me der
Vontade de me matar
-Lá sou amigo do rei –
Terei a mulher que eu quero
Na cama que escolherei
Vou-me embora pra Pasárgada.
(BANDEIRA – Manuel. Libertinagem, In Poesia Completa e Prosa, Rio, Editora Aguilar, 2ª ed., 1967)
Avalie as afirmações seguintes sobre certos aspectos do texto.
I – “Aqui eu não sou feliz” (verso 7) - O poeta justifica o desejo de ir para Pasárgada.
II- “Lá sou amigo do rei” (verso 2) - O poeta considera que seu desejo será facilitado pelo tipo de amizade e proximidade com o poder.
III- “Rosa vinha me contar” (verso 24) - O verso confirma uma característica marcante de Bandeira: a presença, em sua poesia, de vultos familiares.
IV- “Vem a ser contraparente Da nora que nunca tive” (versos 12 e 13) - Traindo influência surrealista, esses versos mostram o espaço buscado como lugar onde o impossível acontece.
V- “Farei, andarei, montarei, subirei, tomarei” (estrofe 3) - A sequência de verbos no futuro indica a consciência do poeta da impossibilidade de remover obstáculos que se interpõem entre sua aspiração e a realização do desejo.
Vou-me embora pra Pasárgada
Vou-me embora pra Pasárgada
Lá sou amigo do rei
Lá tenho a mulher que quero
Na cama que escolherei
Vou-me embora pra Pasárgada
Vou-me embora pra Pasárgada
Aqui eu não sou feliz
Lá a existência é uma aventura
De tal modo inconsequente
Que Joana a Louca da Espanha
Rainha e falsa demente
Vem a ser a contraparente
Da nora que nunca tive
E como farei ginástica
Andarei de bicicleta
Montarei em burro brabo
Subirei no pau-de-sebo
Tomarei banhos de mar!
E quando estiver cansado
Deito na beira do rio
Mando chamar a mãe-d’água
Pra me contar as histórias
Que no tempo de eu menino
Rosa vinha me contar
Vou-me embora pra Pasárgada
Em Pasárgada tem tudo
É outra civilização
Tem um processo seguro
De impedir a concepção
Tem telefone automático
Tem alcaloide à vontade
Tem prostitutas bonitas
Para a gente namorar
E quando eu estiver mais triste
Mais triste de não ter jeito
Quando de noite me der
Vontade de me matar
-Lá sou amigo do rei –
Terei a mulher que eu quero
Na cama que escolherei
Vou-me embora pra Pasárgada.
(BANDEIRA – Manuel. Libertinagem, In Poesia Completa e Prosa, Rio, Editora Aguilar, 2ª ed., 1967)
Avalie as afirmações sobre o texto em questão.
I – Sexo livre (insistentemente reiterado) coloca-se no conjunto de vantagens oferecidas pela “outra civilização” a que se refere o poeta.
II – As vantagens e compensações buscadas pelo poeta pressupõem seu descontentamento com o real concreto, visível no verso “Aqui não sou feliz”.
III- Na terceira estrofe, o refúgio imaginado pelo poeta torna possível uma série de ações comuns ou triviais, mas que fazem parte do cotidiano de um menino sadio, sem inibições físicas.
IV- O autor repete cinco vezes o verso “Vou-me embora pra Pasárgada”, como que alimentando um desejo permanente e crescente que, no entanto, ele mesmo confessa impossível de ser concretizado.
V- Ter a mulher que quiser, namorar prostitutas à vontade e consumir alcalóides são ações pretendidas pelo poeta e que caracterizam Pasárgada como uma espécie de reino da permissividade.
Vou-me embora pra Pasárgada
Vou-me embora pra Pasárgada
Lá sou amigo do rei
Lá tenho a mulher que quero
Na cama que escolherei
Vou-me embora pra Pasárgada
Vou-me embora pra Pasárgada
Aqui eu não sou feliz
Lá a existência é uma aventura
De tal modo inconsequente
Que Joana a Louca da Espanha
Rainha e falsa demente
Vem a ser a contraparente
Da nora que nunca tive
E como farei ginástica
Andarei de bicicleta
Montarei em burro brabo
Subirei no pau-de-sebo
Tomarei banhos de mar!
E quando estiver cansado
Deito na beira do rio
Mando chamar a mãe-d’água
Pra me contar as histórias
Que no tempo de eu menino
Rosa vinha me contar
Vou-me embora pra Pasárgada
Em Pasárgada tem tudo
É outra civilização
Tem um processo seguro
De impedir a concepção
Tem telefone automático
Tem alcaloide à vontade
Tem prostitutas bonitas
Para a gente namorar
E quando eu estiver mais triste
Mais triste de não ter jeito
Quando de noite me der
Vontade de me matar
-Lá sou amigo do rei –
Terei a mulher que eu quero
Na cama que escolherei
Vou-me embora pra Pasárgada.
(BANDEIRA – Manuel. Libertinagem, In Poesia Completa e Prosa, Rio, Editora Aguilar, 2ª ed., 1967)
Analise as afirmações sobre aspectos do texto em questão..
I – Em “Vou-me embora pra Pasárgada” (verso 1), a partícula destacada pode ser retirada do período sem prejuízo sintático, como ocorre em “Vão-se os anéis, ficam-se os dedos”.
II – Em “Lá tenho a mulher que quero / Na cama que escolherei” (versos 3 e 4), os termos destacados tem a mesma classificação morfológica e igual função sintática.
III – Em “E quando estiver mais triste” (verso 34), a palavra destacada equivale sintaticamente à sublinhada em “Tem mais samba no porto que vela” (Chico Buarque).
IV – “E, quando estiver cansado, deito na beira do rio. Mando chamar a mãe-d’água pra me contarhistórias, que, no tempo de eu menino, Rosa vinha me contar”. A pontuação desse fragmento do texto (estrofe 3) revela-se absolutamente correta.
V – Em “Aqui eu não sou feliz” (verso 7) e “Montarei em burro brabo” (verso 16), destacaram-se palavras da mesma classe gramatical, mas com funções sintáticas diferentes.
I- “Lá a existência é uma aventura...” (verso 8) - Assim como o vocábulo destacado, recebem acento gráfico – e pela mesma razão – todas aspalavras da seguinte série: homonimia, parcimonia, calvicie, agua, calendario, luzidio, rapsodia, ingenuo, geranio, instantaneo.
II- “Que Joana a Louca da Espanha...” (verso 10) “E como farei ginástica...” (verso 15) “Para a gente namorar...” (verso 33) - Os elementos destacados indicam, respectivamente, consequência, intensidade e finalidade.
III- “Vem a ser contraparente...” (verso 12) - O vocábulo destacado foi formado pelo mesmo processo verificado em todas as palavras da seguinte série: desgastar, perfeito, repartir, anticristo, seminu, arquiduque, supercílio, recobrir, despontar, epígrafe, pericárdio, endocarpo.
IV) “Em Pasárgada tem tudo...” (verso 26) - A forma verbal destacada será mantida sem alteração em todos os seguintes períodos: Nenhum de nós ____tudo. / Grande parte dos indivíduos não ____tudo./ Sois vós quem _____tudo. / ____tudo ela e eu. / Vossa Excelência _____tudo. / Sou um dos que ___tudo.
V) “Montarei em burro brabo” (verso 16) “Subirei em pau de sebo” (verso 17) - Os termos destacados modificam formas verbais intransitivas e acrescentam-lhe circunstâncias acessórias.
Vou-me embora pra Pasárgada
Vou-me embora pra Pasárgada
Lá sou amigo do rei
Lá tenho a mulher que quero
Na cama que escolherei
Vou-me embora pra Pasárgada
Vou-me embora pra Pasárgada
Aqui eu não sou feliz
Lá a existência é uma aventura
De tal modo inconsequente
Que Joana a Louca da Espanha
Rainha e falsa demente
Vem a ser a contraparente
Da nora que nunca tive
E como farei ginástica
Andarei de bicicleta
Montarei em burro brabo
Subirei no pau-de-sebo
Tomarei banhos de mar!
E quando estiver cansado
Deito na beira do rio
Mando chamar a mãe-d’água
Pra me contar as histórias
Que no tempo de eu menino
Rosa vinha me contar
Vou-me embora pra Pasárgada
Em Pasárgada tem tudo
É outra civilização
Tem um processo seguro
De impedir a concepção
Tem telefone automático
Tem alcaloide à vontade
Tem prostitutas bonitas
Para a gente namorar
E quando eu estiver mais triste
Mais triste de não ter jeito
Quando de noite me der
Vontade de me matar
-Lá sou amigo do rei –
Terei a mulher que eu quero
Na cama que escolherei
Vou-me embora pra Pasárgada.
(BANDEIRA – Manuel. Libertinagem, In Poesia Completa e Prosa, Rio, Editora Aguilar, 2ª ed., 1967)
Assinale a alternativa que contém erro quanto à afirmação feita.