Prova UFT 2011/1 Tarde
40 Questões
[...] o domínio da fé é uno, mas há um triplo estatuto na Ordem. A lei humana impõe duas condições: o nobre e o servo não estão submetidos ao mesmo regime. Os guerreiros são protetores das igrejas. Eles defendem os poderosos e os fracos [...]. Os servos por sua vez têm outra condição. Esta raça de infelizes não tem nada sem sofrimento. Quem poderia reconstituir o esforço dos servos, o curso de sua vida e seus numerosos trabalhos? Fornecer a todos alimento e vestimenta: eis a função do servo. Nenhum homem livre pode viver sem ele. [...] A casa de Deus que parece una é portanto tripla: uns rezam,
outros combatem e outros trabalham.
LAON, Adalberon de Apud FRANCO JUNIOR, Hilário. O feudalismo. São Paulo: Brasiliense, 1983, p. 34.
Nesse texto, o bispo Adalberon de Laon, por volta do século IX, descreve a integração entre Igreja e poder feudal. Em relação ao poder da Igreja no período medieval é INCORRETO afirmar que:
Os livros eram também compartilhados em grupos de leitura, que, como no mundo rural, juntavam letrados e iletrados. O cenário, entretanto, não era a tradicional veillée de inverno, já que, fora dos ofícios de construção, muitos artesãos trabalhavam até as oito ou dez horas da noite, à luz de velas se necessário, inverno e verão. Reuniões familiares e de amigos para cantar, jogar cartas, contar histórias e talvez ler ocorriam mais provavelmente em ocasiões de festa. Alguns livros eram editados para ser lidos em voz alta ou consultados na loja, como os livros de padrões de desenho têxtil [...].
DAVIS, Natalie Zemon. Cultura dos povos: sociedade e cultura no início da França moderna. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1990, p. 175.
O texto acima trata da história da leitura e da circulação de livros na França, no século XVI. Com base nas considerações da autora, é INCORRETO afirmar que:
Em todas as áreas das Américas onde se estabeleceram grupos de fugitivos, destaca-se a maneira como se forjaram políticas de alianças destes com outros setores da sociedade envolvente. Assim foi na Jamaica, nas Guianas, na Colômbia, no Brasil, na Venezuela e em outras regiões onde quilombolas, cimarrones, palenques, cumbes e marrons procuraram se organizar econômica e socialmente em grupos e comunidades.
GOMES, Flávio dos Santos. A hidra e os pântanos. São Paulo: Editora da Unesp, 2005, p. 25.
Quilombolas, “cimarrones”, “palenques”, “cumbes” e “marrons”, são palavras usadas nas diversas regiões da América para se referir à mesma questão, durante o chamado período colonial, qual seja, as resistências de africanos e afro-descendentes escravizados. Sobre essa resistência na forma de quilombos é CORRETO afirmar:
Só mesmo São João Maria de Agostinho para dar um jeito nas coisas e endireitar a vida do povo. Somente ele! Em toda aquela região ficara profundamente gravada na lembrança dos mais velhos a imagem do homem que percorrera o sertão, anos antes. Esperanças ele trouxera para todos, quando pelo mundo peregrinava, auxiliando os oprimidos e consolando os aflitos. Ele se fora, mas os pobres, relembrando seus conselhos e palavras, neles encontravam lenitivo. Envolto em lenda ele surgira, no meio de uma lenda também desaparecera. Escondera-se no morro do Taió, havia anos, mas prometera voltar quando cumprisse a penitência. Esperavam-no. Mentira pura as notícias de sua morte. Quando muito ele fora ao céu, falar com Deus, mas regressaria para cuidar da sua gente. [...]
- São João Maria voltou!
-Voltou mesmo?
-Voltou. Meu pai falou com ele
Pediam detalhes. Vinha a explicação:
- Não é São João Maria, não.
- Então quem é?
-Dizem que é seu irmão.
- Ele tinha irmão?
- Tinha, sim. Ele sempre falou do irmão dele, monge também. Pois foi o irmão que veio, em lugar de São João Maria.
SASSI, Guido Vilmar. Geração do Deserto. Rio de Janeiro: Editora Civilização Brasileira, 1964, p. 06-15.
A Primeira República (1889-1930) foi marcada pela instabilidade política e econômica. Propunha uma modernização conservadora, sem participação popular. Nesse contexto eclodiram conflitos em diferentes pontos do território nacional. O texto acima reporta-se a:
[...] “a guerra consiste não só na batalha, ou no ato de lutar, mas num período de tempo em que a vontade de disputar pela batalha é suficientemente conhecida” (Thomas Hobbes). A Guerra Fria entre EUA e URSS, que dominou o cenário internacional na segunda metade do século XX, foi sem dúvida um desses períodos.
HOBSBAWM, Eric. Era dos extremos. São Paulo: Companhia das Letras, 1995, p.224.
Em se tratando de Guerra Fria é CORRETO afirmar:
O aumento extraordinário de mão-de-obra originária do campo que se verificou na fase da industrialização brasileira chamada de “milagre econômico” alterou, novamente, as características do operariado. Uma vez que a nova maioria operária não tinha tradição organizativa nem de luta de classista, para despertá-la como classe foram necessários vários anos de trabalho clandestino de conscientização, combinado com ações legais dentro dos sindicatos.
GERAB, Willian Jorge; ROSSI, Waldemar. Indústria e trabalho no Brasil: limites e desafios. São Paulo: Atual Editora, 1997, p. 60.
O texto acima faz referência a um período específico da história econômica e social brasileira. Com base nas informações dos autores é CORRETO afirmar que se trata: