Depois de décadas, escolas públicas voltam a despertar o interesse da classe média. Por que?
Seja por causa da crise, seja por questões ideológicas o fato é que as escolas públicas voltaram a despertar o interesse da classe média. Pesquisas apontam que há uma crescente tendência de entrada de alunos em escolas públicas vindos do sistema privado de ensino.
Durante vários anos havia o senso comum que a qualidade do ensino público no brasil era no mínimo questionável. Não era raro encontrar famílias de classe média que sequer consideravam a opção pública para a educação de seus filhos.
Todavia, uma pesquisa realizada pela Secretaria Estadual de Educação do Rio de Janeiro, com dados a partir de 2010, assim como um estudo realizado pela UFRJ em território nacional , apontam uma crescente na curva de alunos que estão deixando as escolas particulares para receber educação pública. Os estudos não apontam as causas desse fenômeno, tampouco indicam de forma conclusiva se há ou não um movimento concreto de fuga da classe média das escolas particulares. Mas, trata-se de um fato que levanta algumas hipóteses, como por exemplo a da crise econômica (famílias ficam sem condições de pagar as mensalidades) ou questões ideológicas (escolas públicas são consideradas mais inclusivas e diversas que colégios particulares e existem famílias que buscam por isso).
Mudanças de perspectivas e paradigmas sobre a educação pública.
Apesar dos motivos ainda não estarem muito claros, esse movimento de migração pode significar uma importante mudança de perspectiva e olhares sobre a educação pública no brasil.
Durante vários anos firmou-se a ideia da precarização do sistema público de ensino e criou-se o senso comum de que poder pagar pela educação dos filhos é o mínimo que se pode esperar de pais classe-média.
Entretanto, ignoradas as razões que levam os alunos do ensino privado para o público, a consequência mais imediata é a mudança de perspectiva sobre as escolas e as notáveis surpresas positivas. Várias escolas públicas possuem desempenho no Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) superior ao de escolas privadas. Isso acontece porque com o envolvimento de uma nova camada social, a escola ganhasse mais força, mais voz e mais braços para lutar pelo redescobrimento da educação pública, reconhecesse suas qualidades e voltasse sua atenção aos problemas que antes eram ignorados. Seguramente este pode ser o primeiro passo para o enfrentamento desses problemas.
Impactos sociais:
É óbvio que todas as famílias buscam educação de qualidade para seus filhos, tornando disputadissimas as vagas em escolas modelos. Não é raro ver colégios ofertando algumas dezenas de vagas para alguns milhares de candidatos. Sorteios de vagas em auditórios em que pais emocionados abraçam seus filhos quando ouvem os nomes lidos em voz alta.
O questionamento é inevitável: seria ético ou moral famílias que possam arcar com os custos da educação básica de seus filhos utilizarem as vagas da rede pública, tornando o processo de ensino ainda mais dificultoso para os menos favorecidos? Afinal estamos lidando com uma grandeza de recursos limitados, para não dizer escassos.
Bom, se por um lado estamos lidando com recursos escassos e vagas limitadas, por outro podemos experienciar um aumento gradual da pressão para que melhorias sejam implementadas.
Portanto não há uma falta de ética ou moral naquilo que deveria ser direito de todos.
Como evitar que um eventual retorno da classe média impacte o sistema público?
Também não é fácil encontrar essa resposta, mas podemos dizer que vários países do mundo, emergentes ou não, levam muito a sério sua política de ensino básico público de qualidade. Portanto se a princípio o impacto é a escassez, esse movimento pode trazer benefícios superlativos a longo prazo.
Evidentemente, o Estado como agente ativo da redução das desigualdades e gestor do ensino público deve criar ferramentas que sirvam como moderadoras de ingresso, para que o acesso às escolas modelo não seja tomado de assalto por estudantes de camadas sociais mais favorecidas impedindo o acesso daqueles que mais necessitam ou estagnado-os em outras instituições de ensino.
De qualquer forma, a mudança de olhar sobre o sistema público de ensino
pelas famílias de classe média é positivo, uma vez que a escola é a porta para o mundo das crianças e quanto mais inclusivo e diverso o ambiente for, melhores cidadãos e agentes de mudanças nós teremos no futuro.
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